Pode não ser muito original e inovador, mas pode gerar alguma diversão
E o policial de Grant City está de volta em mais um game da série “Dead to Rights“, da Namco Bandai. Não se lembra dele? Tudo bem, o primeiro jogo foi lançado em 2002 e não fez lá muito sucesso. E muito provavelmente, “Dead to Rights: Retribution” irá passar batido e não chamar muita a atenção em seu PlayStation 3 ou Xbox 360, já que é um game não muito original e tecnicamente refinado, mas tem os seus bons momentos de diversão.
O personagem principal, Jack Slate, é o típico personagem canastrão dos games: cara musculoso com voz sombria de macho man. Apesar de todos os clichês imagináveis de filmes trash de ação de Steven Seagal e Jean-Claude Van Damme, “Retribution” pode sim oferecer um bom nível de diversão, especialmente naqueles dias que você está estressado ou puto a ponto de arrebentar a cara de alguém. Só não espere muita coisa dele.
Saca só o início do jogo: Jack está ferido e cabe a você controlar o seu cachorro, o huski Shadow, e proteger o seu dono atacando os bandidos da redondeza. Shadow é um cachorro bastante sanguinário e você facilmente poderá fazer picadinho dos vagabundos (pode inclusive arrancar à dentadas os ‘biscoitos’ dos caras). Esse é o prólogo do game, e a partir daí a história do game vai se desenrolando e os personagens vão aparecendo. Você vai voltar no tempo e ver como a coisa toda começou. Você vai descobrir que Jack é um policial temperamental com um chip em seu ombro. Seu pai é um policial grisalho veterano muito respeitado. Red Water é o líder do esquadrão SWAT que sempre acredita estar fazendo a coisa certa. E temos também o magnata homem de negócios Temple, que parece ser um cidadão correto, mas adivinhem, ele não é. Como eu disse antes, o mais puro clichê de filmes de ação categoria B. O personagem mais interessante do game com certeza é Shadow, o companheiro canino de Jack, pois já que ele não fala, são menos clichês para a gente ouvir.
A jogabilidade de Retribution consiste em dois gêneros: tiro em terceira pessoa e beat m’ up. Você irá passar por vários cenários, limpando a cidade da corja de bandidos. Como Jack é um cara durão, você pode enfrentar os inimigos na base da porrada, através de socos e combos. Ou pode pegar as várias armas que estão no caminho e sair atirando em quem estiver na frente. É possível também desarmar os bandidos e usar as suas armas contra eles mesmos. A ação é intensa e não requer que você pense muito, apenas vá andando e tirando ou lutando para abrir caminho. Você também pode correr ou se esconder em partes dos cenários, quando a coisa estiver muito feia e precisar de cobertura.
Mas a parte que eu mais gostei e achei interessante são os cenários em que você pode jogar com Shadow. Através dele o jogo oferece uma variedade de novas maneiras para matar e causar estragos, que por vezes pode lembrar Sam Fisher de “Splinter Cell“. Você pode usar os sentidos aguçados do cachorro, numa espécie de sonar canino, que permite localizar os inimigos através das paredes. Shadow também pode andar oculto pelas sombras e matar os inimigos sorrateiramente, com uma bela mordida no pescoço e sem chamar a atenção. Ou se preferir você pode correr e rasgar a garganta dos bandidos. Você também pode esconder os corpos de olhos curiosos. Certamente é a melhor parte do jogo, apesar de serem fases curtas. Mas jogar como Jack também é bem satisfatório no departamento de sair matando bandidos.
Os combates corpo-a-corpo são verdadeiros “esmagadores de botões“, com golpes de finalizações, como jogar um cara no ar e quebrar o pescoço dele em seu ombro na descida. Não é exatamente o procedimento policial padrão, mas é bastante gratificante e eficaz. Cada cenários possui missões para serem resolvidas, que se resumem a “vá até o ponto A”, “Mate os inimigos”, “Salve os reféns”, nada de muito complexo, na verdade se resume a matar tudo que estiver na tela. O jogo possui alguns efeitos bacanas para quebrar a ação repetitiva, como ângulos cinematográficos em câmera lenta (é muito legal meter uma saraivada de balas em um maloqueiro com a câmera lenta e ver o bicho voar no ar), câmeras em close nos “fatalities” e muito sangue jorrando na tela. Você também pode mandar Shadow fazer o serviço sujo e matar os inimigos enquanto você recupera a vida, ou ainda mandar ele procurar por armas e munição.
Graficamente Retribution está bem abaixo da média, com gráficos e texturização simples (os músculos de Jack são bem estranhos), e cenários básicos. Possui algumas cutscenes, mas estão longe de impressionar e algumas são até bem estranhas na tela, como as animações de Shadow, que ficaram bem artificiais. O game está cheio de bugs e cenários mal acabados, mas nada que realmente atrapalhe na jogabilidade. O maior problema de Retribution é a falta de variedade de inimigos, pois 90% dos caras que você vai enfrentar, seguem o mesmo modelo, mudando apenas as roupas, o que com o tempo acaba sendo cansativo.
A parte sonora faz o seu trabalho, sem grandes destaques. Bons efeitos sonoros de explosões, armas, ossos se quebrando e por ai vai. A dublagem também não possui nada de especial, a voz de Jack é típica dos personagens que querem bancar o “fodão”, mas no estilo canastrão (em momentos mais sentimentais podemos ver bem toda a sua canastrice). Pode-se ouvir vários palavrões durante o game, como “Stop fu***ing firing at me!”. Nos geral os diálogos são medíocres.