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Deus Ex: Mankind Divided

Sequência direta de “Deus Ex: Human Revolution“, jogo lançado na geração passada em 2011 e que surpreendeu a todos ao mostrar um FPS com elementos de ação, RPG e furtividade, aliados a uma narrativa cyberpunk profunda digna de um “Blade Runner”, “Mankind Divided” é também o quarto título da franquia que se iniciou em 2000.

A história se passa dois anos após os eventos de “Human Revolution”, no ano de 2029 em lugares como Dubai, Praga e um gueto fictício chamado Golem City, com o protagonista Adam Jensen em meio a uma guerra de humanos e “aprimorados” – pessoas que utilizam tecnologia cibernética no aprimoramento do corpo humano. Esse conflito atingiu o seu ápice a partir de um evento onde os aprimorados tornaram-se letalmente violentos e impossíveis de controlar. Porém, por trás desse comportamento violento, há um grupo secreto com planos obscuros, conhecido como os Illuminati.

Assim, equipado com um novo arsenal de armas e equipamentos de aperfeiçoamento humano, Jensen deve operar em um mundo que despreza a sua espécie e deve escolher a abordagem certa, além das pessoas em quem confiar, a fim de desvendar essa grande conspiração mundial.

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Se você não jogou “Human Revolution“, não se preocupe que a história de “Mankind Divided” consegue se sustentar sozinha de maneira bem compreensível, e além disso, há um vídeo de 12 minutos que resume bem a história anterior, justamente para preparar os novatos ou quem não se lembra direito (afinal já fazem cinco anos).

A narrativa oferece muitas possibilidades, pois além da trama principal, o game oferece várias missões secundárias, com histórias interligadas ou totalmente independentes, apresentando novos personagens e mostrando mais particularidades desta grande aventura scifi.

A mecânica do jogo não difere muito do que já foi vista na franquia, mantendo os principais elementos que conquistaram o público, mas aprimorando-os. São eles: combate, ação furtiva, interação social e invasão de sistemas. Seguindo o desfecho de “Human Revolution”, o jogador inicia com um protagonista cheio de recursos e equipamentos, mas não se empolgue muito, pois problemas acontecem e isso não dura por muito tempo, e todos as habilidades de Jensen terão que ser evoluídas novamente.

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Apesar de ser um jogo em primeira pessoa (com algumas partes em terceira) e a possibilidade de uma ação frenética correndo solta na tela, ele também consegue ter uma ação furtiva ao melhor estilo “Metal Gear Solid”, com a missão de entrar ou sair sem ser visto pelos inimigos. O sistema de hacking também está de volta, permitindo acessar novas áreas, desativar alarmes, câmeras ou melhorar as capacidades do personagem.

Para quem gosta de RPGs, há várias opções de customização das habilidades especiais de Jensen, além de haver enormes mapas para serem explorados e dezenas de NPCs, jornais, revistas e outras coisas onde é possível saber mais detalhes da narrativa em geral, um prato cheio para quem gosta de esmiuçar ao máximo um jogo.

Por exemplo, você pode invadir um apartamento qualquer (coisa que eu adoro fazer), dar uma checada na decoração para ver o estilo do morador (tem de todos os tipos), ou entrar no computador e descobrir que o dono dele está sofrendo por causa da morte de um parente/namorada nas mãos de um aprimorado – algo que não têm absolutamente nada a ver com a sua missão, mas que enriquece esse intrigante universo. A imersão é tão grande que as vezes você vai até esquecer que está jogando um game.

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Outro elemento importante são os diálogos, sendo que em diversos momentos é possível evitar conflitos ou invasão de uma área se você conseguir “passar a conversa” no NPC em questão. É claro que esse sistema traz vários dilemas morais, mistérios, conspirações e outras consequências que dificultam a decisão das respostas (que podem ser rudes ou mais diplomáticas) e afetam o decorrer e futuro da aventura. Literalmente, a resposta de tudo está nas suas mãos.

Visualmente o jogo é um deslumbre, e se fosse um filme, certamente ganharia um Oscar de Direção de Arte. Os cenários, o figurino dos personagens, as cinemáticas, as animações, tudo é muito bem feito e de bom gosto, com um design artístico rico em detalhes e com ótimas texturas, seja uma pichação na parede, um lembrete de comprar comida de gato na geladeira de um apartamento ou um pôster na parede de um quarto. É impossível não admirar essa atenção aos mínimos detalhes, trabalho esse que já vem do game anterior e só merece elogios.

A trilha sonora e a dublagem complementam a imersão dessa atmosfera, com temas musicais orquestrados e eletrônicos-futuristas belíssimas, compostas por Michael McCann (do jogo anterior) e Sascha Dikiciyan. As dublagens em inglês no geral estão muito boas, sendo o destaque para Elias Toufexis, que retorna para dar vida à Adam Jensen, que assim como no game anterior, consegue dar o tom grave e calmo certo para o personagem.

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A boa notícia é que o jogo está totalmente localizado para o português do Brasil, com dublagens, legendas e tradução de menus e os vários textos que estão espalhados no jogo. O áudio em português não consegue ser tão natural quanto o original, mas se apresenta de maneira bem satisfatória, inclusive com adaptações para as nossas gírias, o que deixa a aventura “mais em casa“. A má notícia, é que o jogo não está 100% dublado, nas conversações de rádio com Jensen e outros personagens, por exemplo, temos apenas o texto, enquanto no original também podemos ouvir a voz.

Outra coisa que me desagradou foi o tamanho das legendas na tela nos consoles, são muito pequenas, e dependendo da distância da TV, o jogador vai precisar de uma lupa. O formato delas também não seguem o padrão de duas linhas, e não são poucas as vezes que temos 5 ou mais linhas de legenda na mesma tela, o que dificulta a leitura, além de ficar esteticamente feio.

Um ponto que foi bastante criticado no game anterior, a obrigação de matar os chefões, algo que fugia do padrão de liberdade de escolhas que a série oferece, foi descartada em “Mankind Divided”. Agora o jogador enfrenta armadilhas ou cerco de inimigos, não sendo necessariamente obrigado a matá-los para atingir o objetivo da missão. Inclusive, como já dito anteriormente, é possível até evitar combates através de diálogos.

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A Inteligência Artificial dos inimigos não é lá grande coisa, especialmente no modo furtivo, mas se você for descoberto no meio de um mapa com vários guardas espalhados, a coisa pode complicar para o seu lado, pois serão tiros vindos por todos os lados e sem um lugar eficaz para se proteger. Se for bancar o Rambo, é bom já ter alguma prática em jogos FPS.

Os vários menus e informações que aparecem podem assustar em um primeiro momento, mas basta alguns momentos para se acostumar e logo você estará evoluindo as habilidades cibernéticas de Jensen, evoluindo ou criando armas/equipamentos e invadindo redes de computadores como se a fosse a coisa mais natural do mundo. Os controles são práticos e dinâmicos, respondendo na hora certa quando você mais precisa, seja na ação caótica ou na furtividade, tudo muito intuitivo e sem complexidades. A duração da aventura vai depender do estilo do jogador, passando das 50 horas para quem tiver um espírito explorador.

Por fim, o jogo apresenta também um modo chamado “Breach“, uma adição paralela à campanha principal bastante interessante, com visual estilizado e uma proposta mais casual e foco na mecânica de hackear e invadir redes de empresas.

“Deus Ex: Mankind Divided” chega em versões para PC, PlayStation 4 e Xbox One no dia 23 de agosto.

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Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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