Análises

Devil May Cry 4

Nascida de um projeto para um novo game da franquia Resident Evil, mas que por uma felicitação do destino se desvirtuou desse rumo e ganhou status de nova franquia, Devil May Cry é, sem sombras de dúvida um ícone dentre os games de ação. Sua dificuldade acima da média dos games convencionais, sua ação estilosa e seu protagonista carismático, levaram a série ao estrelato imediato. Apesar do segundo game da série Devil May Cry ter decepcionado seus fãs, o primeiro e, em especial, o terceiro game da série são verdadeiros ode aos games de ação e por certo criaram tendências no mundo videogamelistico.

Com o advento de uma nova geração de consoles, a CAPCOM, evidentemente, não perdeu tempo e anunciou mais um game da série, prometendo uma história surpreendente, um protagonista carismático e mais da ação e visual estilosos característicos da séries, mas agora, se aproveitando de todo o poder do X360 e do Playstation 3. Se a produtora conseguiu cumpri tudo o que prometeu, é o que me proponho a discutir aqui.

Assim que iniciamos o game, o fato que mais “salta aos olhos” é a mudança do protagonista. Não mais Dante ocupa a maior parte do tempo na tela, mas sim Nero, um “jovem” demônio bastante poderoso. Algo que, inicialmente, foi estranhado pelo público, mas que, ao se conhecer Nero, passa, pois o personagem é muito carismático, e tem bons momentos em tela.


A história se passa em uma ilha, isolada do mundo, onde uma seita de adoradores de Sparda, a “Order of the Swords”, passa seu tempo vivendo sua vida, mas sempre participando de reuniões no santuário da região, orando e adorando Sparda, o salvador da Terra contra Demônios. Seita essa, em teoria, composta apenas por humanos. Apesar disso, Nero, ele mesmo um demônio, faz parte da seita, sendo um Cavaleiro da mesma, para tal, escondendo sempre sua identidade verdadeira, se passando como um humano.

Tudo isso muda, quando em uma reunião, Dante, adentra ao santuário, e não menos que repentinamente assassina o ancião e líder da “Order of the Swords”, em uma das cenas mais legais de todos os tempos. Visando ajudar seus companheiros de seuta, que tentavam lutar inutilmente contra Dante, e também para salvar sua pretensão amorosa, a bela Kyrie, Nero sai em batalha contra Dante, expondo assim, de certa forma, sua verdadeira identidade como Demônio.

Ao longo do game várias reviravoltas realmente interessantes ocorrem, não só com relação a Nero, mas também quanto às verdadeiras intenções da “Order of the Swords” e do sentido real da presença de Dante na ilha, assim como o do assassinato contra o líder da seita.

O desenrolar do enredo de Devil May Cry 4 é realmente muito interessante e bem superior a 90% do que se vê por ai em games de ação, como já é padrão da franquia, no entanto, não consegui enxergar nesse game uma história melhor do que em Devil May Cry 3, que mostrou o embate entre Dante e Vergil, assim como o descobrimento dos plenos poderes demoníacos de Dante. Deixo claro que isso não é nenhum demérito a Devil May Cry 4, mas deixo aqui contado minha humilde opinião acerca desse aspecto.


Onde mais interessa um game do naipe de Devil May Cry4, sua jogabilidade, o game brilha cintilante, por dar aos fãs o que eles já estavam acostumados a ter, somados a uma das melhores adições nesse quesito já criadas para uma continuação de franquia.

Uma vez no controle de Nero percebe-se que o mesmo tem semelhanças monstruosas com o “padrão Dante” de se chutar traseiros demoníacos. Nero porta três armas principais. A primeira delas é a espada Red Queen, que tem sua operabilidade com o joystick na mão muito similar a Rebelion de Dante. Até mesmo os combos e o tempo de recuperação entre um golpe e o próximo são similares ao que já o jogador já esperimentou com Dante no passado da franquia. Além da Red Queen, Nero porta a pistola Blue Rose, que tem a mesma função e operabilidade das eternas Ebony e Ivory de Dante, sendo um pouco mais lenta do que as armas de Dante, afinal, é apenas uma pistola. A terceira arma padrão de Nero, essa sim, é especial.

No braço direito de Nero jaz a Devil Bringer, que é a grande sacada de Nero e da CAPCOM nesse game. Com ela é possível executar ataques fulminantes nos inimigos, além de puxá-los para perto de Nero, e com isso criar maiores e mais destrutivos combos. Além disso, a Devil Bringer também é utilizada para resolução de puzzels, que se nunca foram o forte “mental” da série, se tornaram mais interessantes de serem solucionados com o suporte da Bringer. Fora tais utilidades, é possível com tal arma, alcançar locais mais longínquos e/ou altos que com o convencional salto duplo. Enfim, é de uma utilidade sem tamanho, além de ter um efeito visual tão estiloso quanto tudo mais tem na série.

Fora tais armas, Nero, ao longo do game, recebe uma arma, muito conhecida e apreciada pelos fãs de mais longa data da série, que ativa seus poderes demoníacos, como se um filho de Sparda Nero fosse. Nero recebe com o tempo a Yamoto, espada samurai “funcking stylish overwelming” usada por Vergil. Na verdade, quando se usam os poderes demoníacos dados a Nero pela Yamoto, vê-se a silhueta do próprio Vergil, em sua forma demoníaca apresentada no terceiro game da série, atacando junto a Nero.

O controle é preciso e nunca deixa o jogador na mão, asism sendo, não use o controle como desculpa por ter levado um couro daquele chefe seu desprovido de habilidade nos dedos!


Assim como em todos os games da série, é necessário realizar upgrades nas habilidades do personagem principal, assim como é possível comprar itens para auxiliar durante a jornada. Os upgrades e itens a serem adquiridos aqui nada possuem de novo do que os já vistos nos games anteriores da série, a novidade aqui é uma das moedas de compra. Para comprar itens, se utilizam ainda os Orbs Vermelhos, mas para a compra de upgrades para habilidades de Nero, se utilizam os “Pontos de Honra”, ganhos tão somente ao se concluir uma fase. A quantidade desses pontos a ser ganho depende do Rank conseguido ao longo da travessia da fase, que ainda vão do “E” ao “S”.

Orbs Azuis ainda aumentam o tamanho de sua barra de vida, assim como Orbs Verdes recuperam os danos que recebeu durante as batalhas. EM resumo, a mecânica do game não mudou.

O visual do game, se aproveitando da tecnologia superior do X360 e do Playstation 3 é um deslumbre. Efeitos de luz são muito bem feitos aqui, destaque inicial para o primeiro chefe a se enfrentar no game, o demônio Bureal, que mais parece um Centauro demoníaco gigante com o controle do fogo. A batalha, se passa em uma região cheia de casas de madeira abandonadas a noite. Durante a batalha as casas vão sendo destruídas em tempo real, reagindo naturalmente ao curso que a batalha toma. Além disso, nos ataques de fúria e Bureal, a tela se enche de luz e chamas, em um efeito visual muito intenso.

A textura de pele dos personagens está muito boa, mas ainda com algo a se melhorar, assim como o das roupas, já que praticamente todas dão um ar de ser feitas de couro, faltando certa suavidade na simulação de tecidos mais suaves. Claro que em um game da franquia Devil May Cry isso mau se nota durante a frenética ação, mas a de se considerar o fato.

O estilo visual da série, onde todos parecem tão “cool”, tão belos e bons continua, o que ajuda para passar aquela impressão de o jogador ser “o fodão” enquanto destrói hordas de demônios.


Por falar nos demônios, a equipe de design está de parabéns aqui. O design dos demônios do game está muito bom, um trabalho muito inspirado mesmo. Ao se enfrentar demônios mais poderosos como Bureal e Creedo temos a certeza de que a equipe conseguiu alcançar tanto o demoníaco, quando o angelical, na criação dos inimigos de Devil May Cry 4, o que faz todo o sentido, não somente no enredo do game, como também na história da franquia.

O design de Nero e Dante também estão muito bons, dando o ar para ambos de “eu sou bom e basta olhar para mim para ter a certeza disso”. Não sei como não vi ainda Cosplayers de Nero, já que seu visual no game arrebenta.

Outro trunfo, desde sempre, na franquia é a trilha sonora, que aqui optou por não arriscar nada de novo. Músicas sacras e fúnebres em momentos de maior impacto na história e composições de heavy metal para as cenas de ação. Na verdade Devil May Cry 4 me parece ter sido inspirado em seu antecessor na composição de sua trilha sonora, que apesar de muito boa, perde para Devil May Cry 3. A música tema de Devil May Cry 3 é uma de minhas músicas favoritas aliás.

Os efeitos sonoros também não ganharam nada de novo, mesmo porquê, não vejo muito sentido nisso. Sons de tiros, espadadas e lamúrias de demônios são meios universais imagino. Ainda assim, perde pontos em uma análise mais “nua e crua”.


Como não pode deixar de ser, é claro que controlamos Dante do game, que está mais poderoso do que nunca. Agora, ele alterna entre os estilos de batalha que possuía no terceiro game da franquia em tempo real, o que faz dele um combatente muito mais temível. Outro ponto a ser mencionado aqui é que Dante, apesar de estar mais velho em Devil May Cry 4, continua sendo o impertinente mais carismático que já se viu, ao contrário do trouxa caladão de Devil May Cry 2, game esse que fiz questão de analisar no passado e que hoje, estaria na minha “sessão Trash Games” por certo.

Por fim, ao contrário de Nero que possui as mesmas armas ádrão do começo ao fim do game, Dante, como o usual, ganha armas diversas ao longo do game. Destaque aqui para a “Pandora´s Box”, que deve ser a arma mais ignorante que um game já concebeu!

Bem medido e bem pesado, Devil May Cry 4 não revoluciona em nenhum aspecto, mas evoluciona a diversão já característica da série. Não tenta angariar novos fãs, mas faz um excepcional trabalho tentando agradar os já “infectados” por Dante e companhia, e na real, era exatamente isso o que esperávamos.

Aproveitemos bem esse game, antes que a CAPCOM e o Ninja Theory destruam nossas boas lembranças de um Dante “cool” e fodão para tentar introduzir em nossas mentes um Dante raquítico e emo no próximo game da franquia, o até o momento intitulado DMC.

PS Importântíssimo: Trish e Lady estão mais gostosas do que nunca em Devil May Cry 4!

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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