Análises

DmC: Devil May Cry

Anjos, Demônios e um novo Dante!

Quando as primeiras imagens e vídeos de “DmC: Devil May Cry” começaram a surgir, a reação inicial dos fãs foi bastante negativa, especialmente por causa da nova aparência de Dante. Afinal, foram mais de 10 anos jogando, e crescendo, com o Dante “clássico” de cabelos brancos, foram muitas boas memórias, lembranças e nostalgia para simplesmente colocar de lado um personagem tão emblemático e aceitar o radicalmente diferente e magrelo “emo” assim de boa.

Mas vale lembrar que o jogo é uma re-imaginação da série, passada numa realidade alternativa daquela que já conhecemos – para efeitos de comparação, pense nos novos filmes “Star Trek”, uma re-imaginação da série clássica que se passa num universo paralelo. Desenvolvido pela inglesa Ninja Theoryo primeiro a não ser produzido pela Capcom – foi feito com uma perspectiva ocidental, em contraste dos jogos anteriores – mas com supervisão, e alguma assistência, da companhia japonesa. Lançado em janeiro de 2013, o game calou a boca de muita gente, sendo bem recebido pelos críticas e imprensa especializada.

E realmente o jogo apresenta uma qualidade excepcional, com belos gráficos e visuais, narrativa que prende a atenção do jogador e uma excelente mecânica de jogabilidade. E não precisam se preocupar, Dante pode ter mudado o seu penteado, mas ele continua sendo um formidável caçador de demônios, arrogante, cheio de atitude e muito estilo – e qualquer coisa, o velho Dante está disponível via DLC para quem quiser matar as saudades.

Confira abaixo em nossa análise, os prós e contras de DmC.

Reestruturando um clássico

A história é um dos pontos de destaque do jogo, e certamente um dos aspectos mais cobrados pelos antigos fãs, que nos mostra a moderna cidade Limbo City, que é secretamente controlada por demônios, que manipulam a humanidade ao seu bel prazer. Alheio a tudo isso, e fora da lavagem cerebral demoníaca, encontra-se o jovem rebelde (e promíscuo) Dante, que vive em conflito com demônios e autoridades civis, até que ele se encontra com Kat, uma bruxa psíquica com poderes capazes de leva-lo a um plano paralelo – o “Limbo“, uma espécie de “mundo bizarro” da cidade real, onde vivem os demônios. Dante é convidado por Kat para ingressar na organização “The Order“, vista pela imprensa como terrorista, mas que luta contra os demônios com o propósito de derrotar o seu líder, Mundus, que aparece como um homem influente que controla o mundo.

Essa é a premissa para uma narrativa que vai se desenvolvendo, sendo um dos enfoques o passado de Dante, que não possui memórias de sua infância. O roteiro é bom, possui um bom ritmo e segue o padrão hollywodiano de ser, com cenas de ação incríveis, momentos cômicos e até algumas bizarrices. Porém, vale notar uma certa inconsistência na personalidade dos personagens. Dante, por exemplo, começa como um cara babaca violento, que não se importa com nada e ninguém, para depois se auto-proclamar o “defensor do mundo“, não tendo motivos verdadeiramente significativos para essa mudança radical.

O principal antagonista, Mundus, controla a humanidade através da política, propaganda, refrigerante e dívidas – não muito diferente de vários políticos por aí – e não mostra realmente a que veio, com uma personalidade e motivações que poderiam ter sido melhor desenvolvidas, principalmente em sua relação com Dante. Ele não possui carisma e está longe de entrar numa galeria de vilões memoráveis dos games, aqueles que nos fazem sentir ódio “daquele fdp” ou até mesmo de chorar.

O mesmo acontece com Vergil, pouco explorado e sem muita profundidade. A Ninja Theory seguiu o manual e criou uma história hollywoodiana básica, o que não é ruim e funciona muito bem dentro do proposto, mas que também não surpreende. Ela poderia ter ousado um pouco mais. No restante, os diálogos são bem escritos, apesar de algumas vezes o Dante parecer forçar ser engraçadão. As dublagens estão com ótimas performances, tanto dos personagens principais, como dos vilões e personagens secundários.

Ação rápida e furiosa

Certamente o maior destaque de DmC está na sua evoluída jogabilidade e mecânica de combate, extremamente fluída, dinâmica e brutal. Nunca foi tão fácil, e prazeroso, controlar um Dante versátil em vários tipos de armas. O jogo é acessível para qualquer jogador, mesmo que nunca tenha jogado um DmC na vida. Você começa com duas armas, sua espada Rebellion e duas pistolas, mas ao decorrer seu arsenal aumenta significativamente (variações de sua espada), passando por um machadão demoníaco, uma foice angelical, correntes com ganchos, luvas que aumentam o poder dos socos e lâminas afiadíssimas, entre outros.

E o melhor de tudo, todas elas estão facilmente disponíveis a um simples toque de botão, podendo proporcionar combos espetaculares, sejam eles no chão ou no ar. É possível trocar para qualquer arma a qualquer momento no meio de um combate, como por exemplo usar suas lâminas para atacar inimigos aéreos, e mudar para o machado ou luvas para derrotar um oponente terrestre mais forte. As possibilidades de variação são inúmeras, e para conseguir o ranking de combos mais alto, o SSS, o jogador deverá ter habilidade nos dedos para usar todas as armas, criando uma mecânica de maior profundidade e complexidade, o que certamente vai agradar aos jogadores mais hardcore, separando “homens” de “crianças“.

O design dos cenários são muito bem construídos, criativos e cheios de desafios que vão além do “mate inimigos aqui e continue andando“, mas poderiam ter colocado alguns puzzles para deixar a coisa ainda mais variada. Os cenários são enormes e oferecem vários caminhos, sendo que alguns deles se fecham depois que você passa, impossibilitando a sua volta para explorar, o que aumenta o fator replay, sendo que numa única jogada você dificilmente conseguirá descobrir todos os segredos de cada fase. Há atalhos, caminhos secretos, itens escondidos e almas penadas escondidas, só esperando por você para salva-las. Os bons e velhos desafios estão de volta, que agora precisam de chaves para serem acessados, e tanto as portas como as chaves estão muito bem escondidas.

O mais bonito da franquia

Visualmente DmC é um espetáculo, certamente o título mais bonito de toda a franquia, apesar de rodar 30 fps, e não a 60. O jogador não é levado à representação clássica do “inferno de Dante“, mas para um novo mundo demoníaco dos Limbos, que consegue impressionar com suas bizarrices e visão retorcida. Além disso, alguns momentos são um verdadeiro espetáculo visual, como as sequências em que Dante está lembrando de seu passado. O design artístico pode não ser o mais criativo do mundo, mas ele é bem competente e marcante, com cores vibrantes que certamente vai agradar a grande maioria que passar os olhos.

Os inimigos são variados e bem diferentes entre si, com designs bem infernais que complementam o pacote visual. A própria cidade/limbo possui uma estrutura perturbadora, um local “vivo” que sofre constantes transformações e que luta para deter o avanço do protagonista.

A trilha sonora é um ponto que merece destaque com louvor, com temas tão intensos quanto a ação desenfreada do jogo, e para isso nada melhor do que um bom e velho rock ‘n roll pesadão, de bandas como Noisia e Combichrist. Alguns temas puxam para o rock eletrônico, com uma atmosfera bastante psicodélica que combina com a personalidade do game, e que lembram bastante o som de “The Prodigy“.

Mas nem tudo é perfeito em DmC, o título tem alguns deslizes como alguns problemas gráficos – etexturas mal feitas, objetos que aparecem ou somem de repente. Mas isso não chega a ser tão grave quanto os slowdowns que aparecem constantemente, seja no meio de combates contra uma horda de demônios, ou em cenários com visual mais carregado. Em uma parte do jogo, por exemplo, eu fui pular um simples abismo, coisa que faria sem problema algum, mas bem na hora do pulo a estabilidade do jogo ficou comprometida, e lá se foi o meu Dante para o fundo do buraco. Momentos como esse podem realmente acabar com o seu bom humor.

O jogo oferece uma boa dose de desafio em seus 20 capítulos, que podem ser completados em cerca de 10 horas. Mas se você é o tipo de jogador que tem tempo sobrando e gosta de desafios, ele oferece várias dificuldades maiores, e insanas, que poderão te entreter por um longo período.

confira alguns dos combos matadores de DmC

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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