Análises

DOOM

Ter a notícia de um novo DOOM sendo produzido é sempre algo que me anima. Eu cresci jogando essa franquia e, de vez em quando resolvo rodar o jogo original para matar a saudade. Desde seu anúncio em 2008, quando ainda era chamado de DOOM 4, muita coisa aconteceu. A ZeniMax Media, dona da Bethesda, comprou a id Software, John Carmack saiu da empresa para se dedicar ao Oculus Rift e em 2013 foi revelado que o desenvolvimento do game havia recomeçado do zero, pois o que tinha sido feito até então não era digno da franquia. Depois disso, o jogo foi renomeado e virou um reboot que usaria o novo motor gráfico id Tech 6.

Finalmente com o game em mãos, havia chegado a hora de ver se a id Software tinha acertado em cheio. Você começa amarrado em uma mesa, com zumbis do inferno vindo em sua direção para te destroçar. Então, com uma força descomunal, você se liberta das amarras de ferro, estoura a cabeça de um dos monstros na mesa e atira nos outros com uma pistola. Na sala seguinte, a famosa armadura verde do “doomguy” surge, “implorando” para que você a equipe imediatamente. Aqui ela é chamada de traje Pretor. Mais adiante, você encontra uma espingarda de combate (velha companheira), e faz uso dela no momento seguinte em uma sala que fica infestada de demônios assim que você destrói o que parece ser o ninho deles. Tudo isso é apenas um aperitivo para o que está por vir.

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A jogabilidade do novo DOOM é rápida e frenética. Esqueça os jogos de tiro convencionais onde você não precisa pular muito ou se movimentar com agilidade, e quase o tempo todo fica escondido atrás de uma parede para se proteger dos tiros inimigos, esperando pela oportunidade de contra-atacar. Aqui ser habilidoso na movimentação é fundamental para sua sobrevivência. Os monstros virão até você em grande quantidade e/ou força, e só irão parar quando você os destruir ou eles te matarem. Ser agressivo, partindo para cima deles é essencial para sair vivo.

Algo que gostei muito não foi apenas o fato de que a sua vida não regenera automaticamente, sendo necessário buscar por itens que recuperem sua saúde e armadura, mas também não existir a função de recarregar a arma. Você as usa até ficar sem munição, simples assim, e caso isto aconteça, basta utilizar a serra elétrica para estraçalhar um dos monstros e ser banhado com uma chuva de munição dourada para voltar a dar tiros. Por que isso acontece? E quem liga? É tão legal fazer isso que você vai se perguntar como alguém nunca havia pensado nessa ideia antes.

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Existem também as execuções gloriosas, que podem ser feitas quando o inimigo estiver à beira da morte e começar a piscar. Dependendo da posição na qual você efetuar a execução, a animação muda completamente. Não é simplesmente mais um meio incrivelmente divertido e brutal de matar os demônios, pois ao derrotá-los desta forma, eles derrubam alguns itens que recuperam sua energia vital.

Um outro fator importantíssimo do novo DOOM é o layout dos cenários. São verdadeiros labirintos, muito criativos e fiéis aos mapas dos jogos originais, repletos de segredos. Um deles, aliás, consiste em destravar fases dos games de 1993 e 1994 para você experimentar com as armas e inimigos do reboot. Até mesmo as famosas chaves coloridas para abrir certas portas retornaram! Esqueça aqueles jogos de tiro onde o mapa é um corredor cheio de scripts que ativam cutscenes. Em DOOM, você vai ter de explorar, e muito, se quiser achar aquilo que está escondido e, eventualmente, encontrar a saída. Tudo isso sem muita enrolação.

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Por falar em segredos, eu vi algumas pessoas falando que demora muito até o game liberar mais armas para você no começo. Não é bem assim. Acontece que, da mesma forma que nos clássicos, existem armas boas disponíveis logo nas primeiras fases, mas que estão muito bem escondidas. O jogo recompensa aqueles que fuçarem mais, fornecendo equipamentos bélicos poderosos como a arma de plasma, o rifle gauss, a metralhadora giratória ou, a minha favorita, a espingarda de cano duplo, um pouco antes do momento em que você as encontra da maneira padrão.

Mas calma, isso não acontece com a BFG-9000, a arma suprema da franquia. Só existe uma no jogo inteiro, necessária para que você siga adiante na campanha single player e, sim, ela está mais poderosa do que nunca. Estamos falando de algo que, ao ser disparado, literalmente destrói todo e qualquer demônio que estiver na sua frente, com exceção dos chefes (sim! tem chefes!). No entanto, é preciso usá-la sabiamente, pois você só tem três tiros e a munição dela é bem escassa.

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Existem outras novidades muito boas na jogabilidade do reboot de DOOM. As armas possuem acessórios que você encaixa nelas, fazendo-as ganharem uma função secundária. Quase todas elas tem duas destas modificações. No lança-foguete, por exemplo, a primeira modificação lhe permite detonar o míssil antes mesmo que ele atinga o local de impacto, Na segunda, você dispara vários mísseis teleguiados de uma só vez. Todas estas modificações podem ser aprimoradas com pontos que você recebe pela sua matança.

A armadura também pode ser melhorada, fornecendo ao doomguy habilidades adicionais. Existem chaves que você recupera de soldados de elite mortos, necessárias para que isto ocorra. Há também esferas de energia espalhadas pelos mapas que aumentam permanentemente sua quantidade de vida, armadura e munição.

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Contudo, a novidade mais interessante são as runas. Para pegá-las, você tem de completar desafios específicos como matar um determinado número de demônios antes que o cronômetro chegue ao fim, usando a arma que lhe for dada. Completando com sucesso a prova, você recebe uma runa que ao ser equipada lhe garante uma poderosa habilidade, como por exemplo ter munição infinita ou mais tempo para fazer as execuções gloriosas. Da mesma forma que ocorre com as armas e seu traje, você também pode aprimorar as runas.

A trilha sonora está espetacular. Sempre que você se encontra em uma situação de perigo, cercado por demônios de todos os lados, começa a tocar algum heavy metal que complementa o momento. Não apenas isso, mas o tom da música serve para entender aquilo que você irá enfrentar. Quanto mais frenética e pesada, mais fortes serão os inimigos que você terá de encarar. Ela também dá o tom perfeito para que você pule habilmente pelo cenário e tente aterrizar acertando um tiro na cabeça de algum dos demônios.

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O trabalho da id Software não ficou bom apenas no jogo em si, mas também na tecnologia que ela desenvolveu para poder criá-lo. O motor gráfico id Tech 6 não fornece apenas belos gráficos, mas dá isso sem exigir muito do PC ou dos consoles. DOOM é um dos games mais leves disponíveis hoje e, apesar de não ter a qualidade gráfica de um Crysis 3, é um jogo muito bonito de se ver, especialmente na primeira vez que você chega ao inferno. Lembrando que o game roda a suaves 60 fps em todas as plataformas. Torço para que a Bethesda use esta tecnologia criada pela id Software em seus jogos daqui em diante e descarte a Creation Engine, utilizada em Fallout 4.

O que DOOM tem de sobra no single player, carece no multiplayer. É divertido poder se transformar em demônios e destruir os outros jogadores que estiverem no seu caminho, mas é algo que acaba enjoando rápido. Existem vários modos de jogo disponíveis, alguns bem interessantes como um no qual você tem de capturar uma área do mapa que está sempre se movimentando, mas eu honestamente não vejo muita gente jogando isso daqui há alguns meses. Lembra um pouco Quake 3 Arena pela velocidade, mas para por aí. É no modo para um jogador que esse jogo se destaca.

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O SnapMap, no entanto, foi um boa surpresa. É incrivelmente fácil criar e publicar os mapas utilizando esta ferramenta. Existem tutoriais que te ensinam como utilizar todos os recursos disponíveis, e não são poucos. O pessoal mais paciente e criativo, que se diverte criando mapas para o jogo clássico, vai se amarrar com o SnapMap. Inclusive, já existem algumas criações muito interessantes da comunidade no ar hoje.

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