E.T. the Extra-Terrestrial

por Fernando Vázquez Baxmann Carrupt

E.T. - The Extra-Terrestrial (1982) (Atari)_06-04-2014

E.T. the Extra-Terrestrial

Bom, inaugurando uma nova ideia, tentarei trazer análises daqueles que são considerados os piores jogos da história dos videogames. Nada melhor do que começar com o mais famoso de todos, E.T. um jogo que ainda conta com o infame mito – ou realidade – de que suas cópias devolvidas foram enterradas em algum lugar do Novo México, nos EUA.

 

O Desafio

Steven Spielberg é um mago dos cinemas, o cara é fera e a maioria de seus filmes tornam-se sucessos de bilheteria, tal qual ocorreu com o filme E.T. – O Extraterrestre, ganhador de vários prêmios, inclusive de várias estatuetas do Oscar.

Devido ao imenso sucesso, Steve Ross, que era o atual CEO da Atari na época abriu negociações para desenvolver um jogo baseado no filme. As negociações foram duras e levou-se muito tempo para conseguir os direitos, que inclusive custaram muito caro para a companhia, algo em torno de 20 a 25 milhões de dólares.

Após conseguir os direitos de produção do jogo, a tarefa de produzir o game foi entregue a Howard Scott Warshaw, com um orçamento de $ 200.000,00 (duzentos mil dólares) mais uma viagem para o Hawaii custeados pela Atari. Howard pretendia fazer um jogo que seguisse a linha de história do filme ao mesmo tempo em que transportasse os mesmos sentimentos que o filme fez, porém o prazo curto de apenas 5 semanas para que o jogo fosse vendido em uma campanha natalina acabou com os planos do Game Designer.

 

O Resultado

E.T. é definitivamente o pior jogo da história dos jogos eletrônicos. Você controla uma criatura estranha que vagamente lembra o carismático extraterrestre visto no filme de Spielberg e seu objetivo é… Bom, na verdade não está claro qual é o nosso objetivo no jogo.

Em tese, o jogador deve coletar os restos da nave do E.T. para que ele possa ir para casa, porém o mesmo chega em uma estranha gaiola rosa logo na introdução do game, que podemos presumir que seja de sua nave, logo não faz muito sentido ter de sair por ai procurando peças para a mesma.

Logo após a introdução “superexcitante” e conseguir descobrir seu objetivo, o jogador sai em buscas das tais peças, anda e anda pelos cenários toscamente feitos sem achar nada até descobrir, depois de um bom tempo, que aquele pixel perdido no canto do cenário é uma peça da nave e que as estranhas manchas mais escuras são buracos ao invés de obstáculos.

Cair em um desses buracos podem revelar algumas peças, algumas até mudam o visual de um pixel para objetos estranhos coloridos. Porém, os malditos buracos também revelam outra coisa extremamente irritante, o bendito E.T. não consegue sair do buraco tão facilmente.

Você deve pressionar o único botão de ação do controle do Atari que fará a criatura espichar o pescoço e começará a flutuar, assim é possível alcançar o topo e sair do buraco, porém logo após sair do buraco você cai logo em seguida no mesmo buraco, e fica nisso até perder a paciência ou até conseguir sair. É difícil dizer o que acaba primeiro, se é a paciência ou o martírio de sair do buraco.

Para dificultar a tarefa extremamente emocionante de recuperar as partes perdidas de sua nave, há dois sistemas “criativos” para proporcionar mais diversão. A primeira são homens de terno que aparecem do nada e tentam agarrar seu personagem, isso é claro, excluindo os momentos que por algum motivo desconhecido eles ignoram sua tarefa e correm para longe de seu personagem, chegando na absurda situação de você correr atrás dos homens de terno enquanto eles fogem do “perigoso” E.T.

Outro ponto característico da jogatina é um sistema de medição de passos. Conforme você vaga pelos cenários, um marcador que se inicia em 9999 começa a diminuir e quando chegar à zero, seu E.T. simplesmente cai duro no chão e fica branco, talvez por causa de um ataque anêmico ou algo do gênero.

Quando isso acontece, um menino aparece do nada, não importando se há os homens por perto e faz alguma coisa com seu E.T., que volta a vida com o marcador voltando a 1500; deixarei para a imaginação de vocês para deduzirem o que o menino faz com o E.T. Com isso, o jogador jamais verá uma tela de Game Over, alias, ela não existe, pois em um determinado momento o menino misterioso apareceu novamente, só que dessa vez não fez nada e o jogo voltou para o menu principal, que é outra maravilha, uma inspiração para os menus dos jogos eletrônicos.

Basicamente é isso o jogo inteiro; o jogo é tão ruim que é difícil até entender de qual gênero ele pertence, seria ação ou plataforma? É difícil conseguir jogar por mais de 5 minutos desse jogo e é ainda mais difícil criticar seu criador, que teve um pouco mais de um mês para adaptar um dos filmes mais bem sucedidos de Hollywood, com o agravante de o filme estar em seu auge de popularidade na época. A decisão da Atari em produzir E.T. foi um dos motivos que desencadeou na crise financeira que viria a quebrar a companhia anos mais tarde.

 

Gráficos e Sons

Citação honrosa aos gráficos, horríveis, com vários pixels jogados na tela sem muito sentido e que dificilmente faz você lembrar-se de alguma coisa que viu no filme. Os sons são horrorosos, alias, são basicamente dois tipos de efeitos sonoros toscos e convenhamos, o Atari 2600 tinha potencial para fazer muito mais do que foi visto aqui.

Conclusão: Um dos responsáveis diretos pela crise financeira que a Atari viveu nos anos 90, E.T. the Extra-Terrestrial é um daqueles jogos que jamais deveria ter visto a luz do dia. Ele consegue errar em tudo que se propõe a fazer e o mais surpreendente é ver como alguém conseguiu autorizar que um jogo desses fosse publicado e vendido abertamente para todos. A publicação resultou em várias devoluções e restituições por propaganda enganosa, uma vez que a Atari vendeu o jogo como uma experiência igual a vista nos filmes, mostrando que ao menos o Marketing da companhia era muito bom, já que conseguiu vender essa pérola do mundo dos games.

+ Elogiar qualquer aspecto desse jogo é uma falta de respeito com qualquer desenvolvedor de jogos

Gráficos podres e efeitos sonoros igualmente ruins

Além do nome, E.T. não consegue reproduzir nada do que foi visto nos filmes

Qual é seu objetivo mesmo?

Jogo solidário, não existe derrota ou vitória, o que importa é participar

Jamais caia em um buraco, as chances de ficar alguns minutos preso tentando sair dele são enormes

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