Em Defesa do Produto Nacional…

No dia 21 de maio de 2015, foi publicado no site Tecmundo a seguinte notícia: “Deputados aprovam aumento de impostos sobre produtos importados”, com a desculpa de: “a medida servir para proteger a indústria nacional, que ‘concorre’ com os produtos importados”. Passei uns belos 15 minutos tentando imaginar quais produtos que aqui, no país da banana, produzimos que concorre diretamente com os produtos lá fora.

A piada inevitável... Começou Comprando Errado!
A piada inevitável… Começou Comprando Errado!

Será que temos algo que concorre diretamente com quaisquer produtos que são produzidos lá fora? Será que a indústria brasileira, na sua mediocridade que é, necessita de tal tipo de defesa? E os nossos serviços das gigantes das telecomunicações precisam de defesa? E os produtos em geral, nos quais são produzidos abaixo de logos de grandes marcas multinacionais?

Eu não vejo, por aqui, nenhuma ProcessadorBras fazendo processadores que competem com a Intel, AMD ou Qualcomm, tão pouco uma CCE, Cougar, criando videogames que competem com o XBoX One, PlayStation 4 ou Wii U, sim, claro, tem a Gradiente, outrora uma empresa respeitável, brigando para ser dona do nome iPhone do Brasil e produzir uma mercadoria, no mínimo, duvidosa.

E nem vamos falar dos nossos carros né? Onde os preços são hiper-faturados e as empresas colocam culpa só nos impostos, esquecendo, COMPLETAMENTE, do custo-brasil de lucro. Será que as montadoras necessitam de algum tipo de proteção também?

Produto Nacional
Tudo Baratim! Fonte: http://carros.ig.com.br/noticias/carro+brasileiro+e+um+dos+mais+caros+do+mundo/3321.html

Claro que precisamos de impostos sobre os produtos importados porque se faz a necessidade de termos um pátio industrial forte que empregue a nossa mão-de-obra abundante que existe em nosso país, pois o maior problema nosso é a falta de uma desta qualificada e de qualidade para a produção de produtos para serem exportados ou serviços.

Mas o que isto tem a ver com jogos, algum leitor deve estar se perguntando. Para que tanto bla bla bla em algo que a gente vai esquecer amanhã por conta do mimimi PS4 (1080p) x One (900p)? Ou que a Master Race é a melhor plataforma e pronto?

Pelo simples motivo abiguinhos e abiguinhas. Esta mentalidade de proteção do que é nosso. Daquilo que é produzido nacionalmente, dá uma abertura bisonha e nefasta para o comodismo geral daqueles que produzem bens no Brasil (sejam eles físicos ou digitais), causando a consequente perda de qualidade dos produtos.

Bonitinho, mas caro que só o diabo!
Bonitinho, mas caro que só o diabo!

Você nobre consumidor quer comprar um Samsung Galaxy S6 lá fora, que deva custar, hipoteticamente, 300 dólares, convertendo este valor para reais (com um arredondamento de US$ 1,00 = R$ 3,00), o mesmo passa a valer 900 reais, joga-se um imposto infeliz qualquer que deixa o celular por “módicos” 1.500 reais, é algo “ainda” em conta, valendo a pena não? Só que, diante do comodismo nacional que perpetua a nossa nação, a Samsung Brasil não cobre a garantia sobre produtos importados, consequentemente se o seu Galaxy dar um pau aqui e, vossa senhoria, levá-lo numa assistência e precisar trocar algo, bom, poderá gastar 1/3, 2/3 do valor da compra do produto!

Este comodismo inerente nas empresas do Brasil, também pode ser colocado em pauta em alguns desenvolvedores de software brasileiro. Recentemente vi uma discussão acerca de um jogo que fora lançado pelo Steam e para PlayStation 4, onde a desenvolvedora usou a muleta de produto nacional para receber elogios acerca do mesmo. Sites nacionais e internacionais analisaram o jogo e deram as suas notas. Aqueles que deram mais notas positivas do que negativas, foram poupados do mutirão de “apoiadores” do jogo, agora os sites que deram mais pontos negativos, explicando o porquê, chegou-se ao ponto de um vitimismo tão bárbaro e triste que até mesmo o produtor do jogo entrou na briga.

Não é este o jogo em pauta, colocando aqui uma imagem de um título de forma bem sutil.
Não é este o jogo em pauta, colocando aqui uma imagem de um título de forma bem sutil.

Para quem é consumidor e leitor das páginas gamers mundo afora sabe qual é o jogo a ser dito aqui e não preciso dar nome aos bois, mas isto é mais um exemplo na questão da nossa proteção que leva ao comodismo e a falta de qualidade de um produto nacional. Não, eu não defendo que devemos escancarar as portas do nosso país para quaisquer produtos nacionais, tirando os empregos de milhões de brasileiros que vão todos os dias para as nossas fábricas fazer o seu trabalho, pelo contrário!

Defendo apenas que aprimoremos os nossos meios de produção para que possamos ter produtos que concorram de verdade para com o que é produzido lá fora, mas com qualidade e competência. Defendo que os nossos prestadores de serviço façam um trabalho bem feito e que não desdenhem de nós, consumidores. Defendo que o produtor nacional de software (seja de programas, seja de jogos), dê a cara a tapa e pare de se esconder atrás da máscara do vitimismo e nacionalismo ufanista.

Não é porque sou brasileiro que eu tenho de aplaudir de pé o que os nobres deputados querem fazer. Quem fica alegre é o empresário e o produtor de serviço medíocre, enquanto que nós, consumidores da classe baixa, média ou alta, fica a ver navios nas mãos dos incompetentes.

Agora com este aumento de imposto, NOVAMENTE, alguns importadores de jogos e lojas brasileiras terão mais uma bela desculpa para aumentar os preços dos já MUITO CAROS consoles e jogos… é, viver no Brasil tá ficando complicado!

Será que eu posso dar um reset neste jogo chamado Brasil?

Daniel Gomes

Este ser é um viciado em games, sejam de consoles, sejam de PC's e tem uma paixão arrebatadora em Tecnologia, aficcionado em filmes dos anos 1980 e 1990, ele pode não se lembrar o nome do diretor, do filme ou do ator, mas quando tem opinião ele fala mesmo! SegaManiaco de Coração, ele também bate ponto nos sites Marketing & Games, Filmes e Games, Blast Processing, Brazuca Gamer e Comunidade Mega Drive!

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