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Enduro

Enduro

As pessoas, de modo geral, sempre compartilharam ao longo dos anos e em todos os cantos do mundo duas paixões em particular, futebol e carros. O mundo do entretenimento, mais especificamente, o dos games, observou isso e sempre buscou explorar essas paixões para atrair mais consumidores, e, indiscutivelmente, obteve muito sucesso, com séries consagradas que perduram até os dias atuais, como Need for Speed, Gran Turismo e Forza além dos clássicos games de futebol PES e FIFA. Enduro, da Activision, foi um dos primeiros games de corrida a explorar essa paixão por velocidade, sendo um dos últimos sucessos do Atari 2600 e, considerado até hoje, como o melhor jogo de corrida do saudoso console, que fez muito sucesso no final dos anos 70 e começo dos anos 80, antes da crise que afligiu a Atari em 1984, marcando o início do declínio da companhia.

Inovador e divertido!

Se hoje em dia temos games como Need For Speed Most Wanted, Forza Motorsport e Gran Turismo, devemos agradecer a títulos antigos que alavancaram e inovaram os jogos de corrida, como Top Gear, Out World Run e, um dos mais importantes para a indústria, Enduro da Activision. No saudoso jogo para Atari 2600, o jogador tomava controle de um carro de corrida muito parecido com o de Formula 1 na National Enduro, uma corrida de resistência longa, onde era preciso ultrapassar uma determinada quantidade de adversários em um dia de corrida (24 horas), em uma explicação mais clara, cada nível (ou fase) do jogo correspondia a um dia inteiro e era preciso ultrapassar uma determinada quantidade de adversários para avançar ao próximo nível; no primeiro dia era preciso deixar para trás 200 pilotos adversários.

Controles simples, alta dificuldade, mudanças climáticas e excelente sensação de velocidade fizeram o jogo tornar-se um fenômeno entre os amantes por velocidade e não era para menos, Enduro era simplesmente revolucionário para época. Controlar o branco e veloz carro de Enduro era um grande desafio, já que era possível atingir altíssimas velocidades com o mesmo, trazendo uma sensação de velocidade que mesmo nos dias atuais, raramente vemos. Era preciso dosar muito bem a velocidade do carro, pois além das curvas bem acentuadas havia vários outros pilotos na pista e bater neles resultavam em perdas de velocidade e posições, que em níveis mais avançados com certeza significaria em um game over. Conforme se avançava no jogo a dificuldade ia aumentando, com adversários mais velozes, espertos e mais amontoados, o que dificultava para achar um espaço na hora de fazer as ultrapassagens.

Outro ponto extremamente positivo das corridas era as mudanças climáticas durante cada dia e seus diferentes períodos, ou seja, manhã, dia, tarde e noite. Você começava com corridas em dias claros (se formos considerar a hora, seria por volta de 13h00min) e passava por todo o clico de um dia normal, com o entardecer, anoitecer e amanhecer até chegar novamente no período do dia iluminado. Cada período (manhã, dia, tarde e noite) trazia suas peculiaridades gráficas e na jogabilidade, já que, por exemplo, de noite somente era possível ver os faróis traseiros dos adversários, o que dificultava e muito na hora de ganhar posições.

Além de passar pelos diferentes períodos de um dia normal, havia mudanças climáticas que aumentavam ainda mais o desafio e variedade das corridas. O jogador, em sua longa e sem fim corrida, enfrentará pistas de neve, onde o carro não fará curvas precisas e ágeis como na pista limpa, há momentos com muita neblina, que limitavam muito a visibilidade, tornando a corrida bem mais desafiadora e obrigando o jogador a diminuir a velocidade para evitar colisões. Além de todas essas dificuldades, o percurso era aleatório assim como as mudanças climáticas, que deixava as coisas ainda mais divertidas e imprevisíveis.

Se formos considerar o ano de lançamento do jogo, 1983, qualquer jogador que se preze deve tirar o chapéu para o trabalho da Activision. Além de terem feito um jogo de corrida divertido e desafiador, fizeram no limitado Atari 2600 algo que muitos desenvolvedores não conseguiram reproduzir em plataformas bem mais poderosas, como passar uma real sensação de velocidade, trazer mudanças climáticas e ciclos de um dia, com todos os períodos de um dia bem representados. Isso prova, mais uma vez, que para um excelente jogo nascer ele não depende de tecnologias e gráficos complexos, mas sim da criatividade e esforço de seus desenvolvedores para contornarem as limitações dos consoles de sua época e trazer ao jogador uma experiência única e imersiva. Para fazer algo assim, é necessário que os estúdios saiam de suas posições de conforto e arrisquem mais, comportamento que muitos não estão dispostos a tomar, como a própria Activision que parece ter perdido a coragem de outrora, onde deixou a série Call of Duty praticamente estagnada sem nenhuma inovação durante anos até tentar ousar um pouco mais em Black Ops 2.

Gráficos nota 10

Buscando extrair o máximo de potencial do modesto hardware do Atari 2600 e trazer uma experiência bonita e, principalmente, fluída sem travamentos e numa velocidade agradável, a Activision realmente fez seus programadores e artistas tirarem leite de pedra. Está certo que o cenário não é muito complexo, com algumas poucas montanhas ao fundo e duas linhas que representam os limites da pista, porém o resto é extremamente bem feito, a começar pelos veículos que conseguiram trazer, na medida do possível, muita fidelidade aos famosos carros de fórmula 1, com muitos detalhes nos pixels dando forma e charme aos carros, que possuem boa variedade nas cores, não limitando-se ao branco do carro do jogador. A passagem de dia para tarde, noite e assim por diante foi muito bem feita, com o céu tomando as cores próprias dessas passagens, como o alaranjado entardecer, ou a escuridão da noite onde as únicas luzes são dos faróis dos carros adversários. Os efeitos climáticos também são muito competentes, com trajetos na neve mudando a cor da pista e do cenário em volta e neblina, que limita muito a visão do jogador.

A parte sonora do game contava com poucos efeitos, como o ronco de seu veículo e sons de batida; nas pistas de neve o som do ronco do carro era menor. Apesar de poucos são bem produzidos, sem serem irritantes. Algo que vale destacar é que, mesmo na época, os desenvolvedores se preocuparam em trazer a maior fidelidade possível ao carismático carro branco a um verdadeiro carro de corrida, com o som do motor cessando e voltando rapidamente, simulando as trocas de marcha de seu veículo.

 

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