Entrevista

Entrevista com Benjamin Vallat

O Brasil, mesmo que devagar, tem crescido na área de games. Os problemas ainda são muitos – impostos, altos preços, pirataria. Mas há grandes empresas que têm investido no país, caso da Gameloft, maior produtora mundial de jogos para mobile.

Pegando esta carona, faço uma entrevista com Benjamin Vallat, Country Manager da Gameloft Brasil, que está em São Paulo, capital. Francês, Benjamin veio para o Brasil e assumiu o estúdio local em 2008, depois de ter trabalhado por anos no mercado Europeu.

Rodrigo –  Há quanto tempo a Gameloft atua no país?

Benjamin – Nós abrimos as operações em 2005 – ou seja, já fazem 5 anos que estamos no mercado. Temos tido uma melhora incrível nos últimos meses e nossa relação com as operadoras chega a 99% do mercado. Somos, de fato, um parceiro já histórico. Além disso, também trabalhamos com todos os fabricantes de aparelhos.

Rodrigo – De lá para cá, quais foram os maiores desafios?

Benjamin – Abrir as operações. É ainda mais complicado quando se trata de uma empresa que veio de fora se estabelecer no país e criar contatos no dia a dia. Também tínhamos que compreender o mercado brasileiro do lado do usuário – como ele compra, sua situação financeira, do que realmente precisa.

Rodrigo – De um modo geral, como você vê o mercado brasileiro? Acredita que ele tem potencial para se juntar aos maiores do mundo? A pirataria ainda é um problema?

Benjamin – O Brasil é hoje um país fã de videogames, ao mesmo tempo que existem 200 milhões de linhas ativas de celular. Há um potencial muito forte, mas para virar realidade, três coisas são necessárias:

1- Qualidade, com o desafio de mostrar como é a qualidade no celular
2- Acessibilidade, já que conseguir um jogo no celular é menos intuitivo
3- Preço. Trata-se de uma plataforma mais democrática, onde podemos mostrar que todos podem comprar.

Com esses três passos, não haverá pirataria. Devemos combatê-la com preço e qualidade. Ainda pode ser caro, mas os preços estão caindo.

Rodrigo –  Para você, qual a diferença entre o mercado de console e o mobile?

Benjamin – Há uma diferença grande de público alvo. Já existem alguns aparelhos com qualidade semelhante à vista em um PlayStation Portable ou Nintendo DS. Há mais potencial e os outros portáteis ainda são mais caros, principalmente no Brasil. O mercado mobile também é mais amplo, difundido. Os preços são melhores e há opções desde o hardcore gamer até os mais velhos.

Benjamin apresentando o case de Asphalt 4: Elite Racing, premiado no Troféu Gameworld

Rodrigo – Muitas pessoas ainda possuem certo preconceito quanto a jogar em celulares, mas isso tem mudado desde a chegada do iPhone. Na sua visão, como a nova geração de smartphones têm ajudado o mercado?

Benjamin – Há uma diferença entre nível global e Brasil. No início, todos duvidavam. Agora, todos vêem uma oportunidade. O iPhone nos mostrou um novo nível e inaugurou um novo mercado, uma área em que pensavam que os jogos eram ruins. No futuro, smartphone e mobile serão a mesma coisa. No nosso lado de publisher, isso é ótimo. E, para o usuário final, significam jogos com mais qualidade e mais baratos.

No Brasil, eles ainda estão chegando. Por ora, são muito caros, e as classes C e D não podem adquirí-los, o que ainda é um problema. Mas existem outros desafios, como conseguir entregar conteúdo com facilidade e compatibilidade, já que existem vários aparelhos. Mas, no fim, não serão mais apenas “jogos de celulares”.

Rodrigo – Ainda sobre o iPhone: você acredita que a App Store brasileira receberá jogos?

Benjamin – Ainda é complicado saber o porquê de não ter. Existe demanda, e os jogadores deveriam exigir. Infelizmente, no fim, não há previsão ou detalhes. Além disso, há a necessidade da ajuda do governo.

Rodrigo – A Gameloft recebeu o prêmio de melhor case publisher mobile no sexto Troféu Gameworld. Como você vê esse reconhecimento?

Benjamin – Trata-se de uma realidade onde estamos investindo forte com nossos parceiros e jornalistas para mostrar nossa qualidade ao público.  Esse é mais um exemplo. Ganhamos outro prêmio no ano passado e é sempre um orgulho, mas será ainda melhor quando todos tiverem a chance de experimentar um jogo da Gameloft. Esta sim terá sido nossa grande realização.

Rodrigo – Muito obrigado pela entrevista, Benjamin. Pode passar uma mensagem para os leitores do Gamehall?

Benjamin – 2010 é o ano dos desafios para o mercado, com a inclusão do Android e outros sistemas operacionais. Espero que todos os fãs do Gamehall fiquem ao lado da Gameloft para acompanhar nossos esforços que visam o crescimento do mercado brasileiro. Estamos abertos às suas opiniões.

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