Análises

Epic Mickey

– Embarque nesta aventura épica com Mickey Mouse –

Mickey Mouse e seus companheiros da Disney fizeram um grande sucesso no universo dos videogames durante os anos 80 e 90, com belíssimos jogos que marcaram toda uma geração de jogadores, especialmente nos 16 Bits da Sega, com títulos como Alladin, Castle of Illusion, QuackShot e World of Illusion.

Mas com o final da gerão ção 16 Bits, os jogos Disney caíram no esquecimento e novas febres surgiram, na forma de Tomb Raider, Resident Evil, Metal Gear Solid, Gran Turismo, entre vários outros. E assim foi, até que em 2002 surgiu a franquia Kingdom Hearts, que misturava os personagens Disney com os da série Final Fantasy.

Era o retorno triunfal da Disney ao mundo dos games. Mas apesar de Kingdom Hearts ser um excelente jogo, os personagens Disney não eram o tema central, tanto que o protagonista é um herói totalmente inédito. Ainda faltava um game 100% Disney, como nos bons e velhos tempos old school.

Foi então que, em 2008, o famoso game designer Warren Spector (criador de jogos como System Shock, Deus Ex e que colaborou na criação do clássico espacial Wing Commander) resolveu, em parceria com a Disney, fazer um projeto para ressuscitar Mickey Mouse nos videogames, originalmente concebido para PC, Xbox 360 e PlayStation 3, quando resolveram mudar para o Wii, por causa de seu controle de movimentos (o único na época) e por possuir uma audiência mais versátil, dos 5 aos 80 anos.

Uma Disneylândia esquecida

O universo de Epic Mickey foi planejado para ser sombrio, levando o personagem para longe dos seus tradicionais cenários alegres, coloridos e felizes. A história do jogo nos mostra o mundo das coisas e personagens perdidos e esquecidos da Disney, “Wasteland” (uma versão punk e obscura da Disneylândia), localizado na oficina do mágico Yen Sid (o feiticeiro do clássico filme Fantasia). Este mundo é o lar de Oswald, o Coelho (criado antes de Mickey e substituído pelo mesmo em 1928, depois que Walt Disney teve problemas de direitos com outros artistas) e outros personagens Disney esquecidos pelo tempo.

Um dia, o curioso Mickey acaba na oficina de Yen Sid , quando ele se depara com um pincel mágico. Mickey começa a mexer no pincel e tintas e faz a maior bagunça, o que leva à criação acidental do terrível Mancha Negra no mundo. Mickey tenta corrigir o problema com diluente, mas só acaba piorando as coisas. O camundongo consegue escapar, vários anos se passam e Mickey se tornou um personagem famoso e querido em todo o mundo com suas animações de grande sucesso, mas então um dia o Mancha Negra retorna e rapta Mickey levando-o para o mundo de Wasteland, que agora deve corrigir os seus erros, acabar com o Mancha Negra e reconquistar a confiança de Oswald, que não está nada feliz de ter perdido a popularidade para Mickey.

Oswald não é fã do Mickey

A história começa a se desenvolver deste ponto, ela é bem carismática e envolvente, com referências às várias animações de Mickey, como Fantasia, The Mad Doctor, Mickey e o Pé de Feijão, entre vários outros, alguns até obscuros e não tão cnhecidos. As referências também valem para os vários personagens da galeria Disney, então você que cresceu vendo as animações de Mickey, Donald, Pateta certamente vai adorar reconhecer as homenagens dentro do jogo (apesar de a maioria não aparecer ‘fisicamente’ no game).

A estrutura e mecânica do jogo lembra muito Super Mario Galaxy. Cenáros 3D muito bem construídos, sendo que Mickey utiliza como arma principal um pincel mágico,  em que é possível usar Tinta ou Diluente. Com o primeiro você pode pintar partes dos cenários, para poder prosseguir na aventura, como construir pontes. Já o diluente serve para você apagar partes dos cenários, como abrir passagens e encontrar objetos escondidos. Os dois são utéis e serão usados o tempo todo durante o jogo, pode parecer confuso no começo, mas com o tempo fica simples e bastante divertido.


Para acabar com os inimigos você pode apagá-los com o diluente, ou jogar tinta e torná-los amigáveis ou ainda simplesmente pular em cima deles (a decisão de usar tinta ou diluente nos inimigos vai influenciar o decorrer do jogo, numa espécie de decisão moral). Com o Wiimote o jogador controla uma mira na tela para jogar a tinta ou diluente (tipo Super Mario Galaxy), e agitando o controle Mickey faz um movimento especial giratório, útil para acessar engrenagens, quebrar coisas, etc.

O jogo é bem longo e possui vários extras escondidos, e a aventura no geral, possui design de fases fantásticos, certamente um dos mais complexos, longos e bem constrúidos no Nintendo Wii. Além das fases em 3D, há também cenários de plataforma 2D, que lembram muito os clássicos dos 16 Bits, com o jogador controlando Mickey em cenários inspirados em seus filmes e animações, como o mundo preto e branco de Steamboat Willie, a primeira animação de Mickey Mouse em 1928. Essas fases de plataforma 2D são geniais, e jogadores antigos certamente vão apreciá-las com um carinho todo especial, o único porém é que elas são muito curtas, poderiam ser mais longas.


Visualmente, o jogo é muito bom e utiliza bem as capacidades do console, com um brilhante visual artístico recheado de detalhes, inspirado no universo Disney e com animações fluídas de personagens e objetos. As músicas também são bem inspiradas, a maioria com um toque sombrio para combinar com o clima do jogo, mas não faltam temas mais alegres e simpáticos típicos da Disney (em especial as remixagens geniais nas fases 2D).

Mas infelizmente o jogo não é perfeito. Primeiramente, o sistema de ação de Mickey é bastante limitado, ficando preso nas principais funções de pular ou usar o pincel mágico – que também é limitado a manipular áreas específicas. Poderiam ter ousado um pouco mais e criado uma jogabilidade mais complexa, ou inovadora, pois Epic Mickey não se diferencia muito de outros jogos do gênero, até mesmo de títulos mais antigos em 3D para o N64.


Outra coisa que me incomodou bastante é que o jogo não possui vozes, só grunhidos dos personagens, incluindo Mickey, o que é um verdadeiro desperdício e que poderia ajudar a enriquecer a parte sonora do game.

A câmera 3D é um problema constante, que tem a tendência de se ajustar automaticamente nas posições mais ingratas, limitando sua visão por vezes para uma parede, teto ou chão, o que pode ser bem frustrante para passar partes importantes das fases (e levar à mortes injustas), sem a possibilidade de ajustá-la manualmente.

O jogo possui algumas quests (missões) opcionais, que geralmente desbloqueiam extras. Mas algumas são obrigatórias, e entre elas há missões bem chatinhas e repetitivas, fazendo com que Mickey vá de um ponto a outro ou que procure itens escondidos, geralmente sem instruções com o jogador tendo que adivinhar o que deve fazer.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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