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Feliz Aniversário! Mortal Kombat de SNES e MD faz 20 anos hoje!

por Márcio Alexsandro Pacheco

A data de hoje, 13/09/2013, marca um aniversário especial: faz 20 anos que o primeiro sanguinolento Mortal Kombat saia para os videogames caseiros Mega Drive e Super Nintendo! Um lançamento que marcou toda uma geração, pois a versão de fliperama, lançada um ano antes, já fazia um enorme sucesso com os seus personagens digitalizados e a violência sem limites, e claro, com os famosos Fatalities, marca registrada da série. A inovação também foi um dos motivos do estrondoso sucesso de MK nas rodinhas de fliperamas, afinal, no início dos anos 90 eram a Capcom e a SNK que comandavam o gênero de jogos de luta, com “Street Fighter” e “Fatal Fury“, respectivamente.

Sim, já existiam alguns games com pessoas reais digitalizadas, como o amado/odiadoPit Fighter“, mas foi com a explosão de miolos e corpos mutilados de MK que o estilo finalmente engrenou e agradou ao grande público. Os Fatalities foram uma grande sacada, enquanto os outros games mostravam o perdedor apenas caído no chão, MK permitia ao vencedor uma regalia: destrua, de forma violenta, o seu oponente.

Não é preciso dizer que os Fatalities mexeram com a curiosidade e imaginação dos jogadores. Todos queriam saber os movimentos especiais e ver o que eles faziam, na esperança de ver litros de sangue e decapitações. A mecânica de jogo também era bem diferente dos SFs da vida, fazendo com que os jogadores aprendessem um novo estilo de luta, especialmente na hora de defender, pois havia um botão exclusivo para o bloqueio de golpes, diferente de SF que era apenas mover o direcional para trás.

MK foi um dos primeiros títulos do gênero de jogos de luta que incluiu os famosos Easter Eggs, como personagens secretos, jogos secretos, etc. A maioria desses segredos eram apenas acessíveis através de algo muito desafiador e exigente. Em MK, um ninja verde aparecia no começo de algumas lutas dando dicas como “Perfeição é a chave” ou “Olhe para a Lua“, que significavam que ao vencer uma luta no cenário The Pit, sem sofrer nenhum dano, não usar botão de bloqueio e aplicar um Fatality no final, podia-se lutar contra Reptile, uma fusão de Sub-Zero e Scorpion.

os 7 lutadores originais: Johnny Cage, Kano, Sub-Zero, Sonya, Raiden, Liu Kang e Scorpion

A história original fala que numa ilha distante em algum lugar, um torneio de artes marciais secreto tem sido realizado nos últimos 500 anos. O cérebro por trás do torneio, Shang Tsung, está trabalhando para o imperador de uma dimensão alternativa conhecida como Outworld. Este torneio é a única coisa que está impedindo as forças de Outworld de cruzarem para a nossa dimensão e conquistá-la completamente. A boa notícia é que, para que isso aconteça, Outworld tem que vencer dez torneios. O problema é que eles ganharam nove, graças à ajuda de seu campeão de quatro braços, o monstruoso Goro. E assim, cabe a um dos sete guerreiros que estão na ilha, pelo destino ou por acidente, entrar no torneio e derrotar os últimos campeões da Terra. Após derrotar os oponentes, enfrentar a ira de Goro, antes de lutar contra o próprio Shang Tsung pelo destino do mundo. Para quem já assistiu o clássico “Operação Dragão” do Bruce Lee, vai perceber fortíssimas chupinhações do filme para o game.

Sega e Nintendo disputavam ardorosamente pela liderança do mercado de 16 Bits e ambas desejavam ter uma versão do famoso game em seus consoles caseiros. A Acclaim, responsável pela conversão caseira do game, investiu pesadamente no marketing de lançamento, considerado um dos maiores lançamentos da história dos videogames, até que no dia 13/09/1993, numa segunda-feira batizada de “Mortal Monday“, eram lançadas ambas as versões (e também ports para os portáteis Game Boy e Game Gear). Assim como no jogo, a disputa entre os fãs de cada console foi feroz e sangrenta. Quem tinha um SNES defendia que o jogo tinha uma qualidade gráfica e de áudio superiores, enquanto os fãs do MD bradavam que a sua versão era mais veloz e com uma jogabilidade muito superior do que a do concorrente.

Mas infelizmente para os Nintendistas, a própria Nintendo aplicou um Fatality em sua versão: censurou a Acclaim de colocar no jogo todo o sangue e Fatalities (chamados aqui de Finishing Moves), forçando a empresa colocar um líquido cinza bem, sem graça, no lugar do sangue e alterando radicalmente alguns golpes fatais. Certamente uma decisão que pode ir para a lista “As decisões mais idiota que a Nintendo já fez”. Não havia mais decapitações, nem coração arrancado ou corpos despedaçados. Sangue jorrando na tela? Ah, pode esquecer! É claro que isso fez toda a diferença entre as duas versões, e apesar da versão do MD não ser a mais bonita, foi a mais fiel e por isso consagrou-se no mercado como a melhor e a mais famosa, destruindo a versão “careta” do SNES nas vendas.

A Sega foi mais esperta aqui, sua versão também era censurada, mas ela permitiu que toda a violência original aparecesse através de um código especial, o famoso “ABACABB”, uma brincadeira com o nome do álbum “Abacab”, da banda norte-americana Genesis (o mesmo nome que o 16 Bits da Sega era conhecido nos EUA). A Nintendo ficou frustrada (mas aprendeu a lição, com MKII não censurou nada) e a Sega ria sozinha com o enorme sucesso da sua conversão, e provavelmente feliz pelo troco que dava por causa de “Street Fighter II”, que um ano antes havia sido lançado apenas para o SNES, que virou um campeão de vendas.

MK também foi responsável por uma grande polêmica na sociedade, com o tema que vemos ainda hoje de vez em quando: violência nos games influenciam as crianças. Políticos e pais revoltados caiam de pau em cima de games como MK, “Night Trap” (jogo para Sega CD com atores reais) e “Lethal Enforcers” (jogo de tiro da Konami com atores digitalizados). A Nintendo, aproveitando-se da situação, era uma que vinha com discursos morais, especialmente para tentar abalar as vendas de MK no Mega Drive. Como resultado dessa controvérsia toda, foi criado o órgão ESBR (Entertainment Software Rating Board), que analisa, decide e coloca as classificações etárias indicativas para jogos eletrônicos comercializados na América do Norte. “Mortal Kombat” foi o primeiro game a receber a classificação “Mature”, indicado para maiores de 17 anos.

Viu só, MK também é história. Esperamos que você tenha gostado do nosso artigo desse dia tão importante na história dos videogames, quando há 20 anos “Mortal Kombat” era lançado para os consoles 16 Bits do mercado, numa disputa ferrenha que marcou toda uma geração de gamers. Aproveite e deixe nos comentários suas lembranças e experiências dessa época nostálgica.

Comercial Mortal Monday

Comercial Mortal Monday Completo (Sega CD)

Comercial dando ênfase ao modo exclusivo de sangue do MD

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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