Análises

FIFA 06: Road to FIFA World Cup

– Copa do Mundo 2006 ~ pelo menos campeões nos videogames –

Sempre próximo da copa é assim, trocentos jogos de futebol são lançados pra aproveitar a onda, porém nem todos são realmente autênticos. Nos últimos anos ao menos os jogos de futebol tem melhorado consideravelmente, pois houve uma época ainda na era 32 bits que era insuportável a qualidade dos mesmos.

“FIFA 06: Road to FIFA World Cup”  segue a tradição da série em lançar um jogo “Road to”, ou seja, com as eliminatórias da copa sempre antes das mesmas terem sido completadas, meio que pra entrar no clima da copa. Essa versão pro Xbox lembra bastante os primeiros jogos de futebol lançados para um console de nova geração, ou seja, gráficos fuderosos e jogabilidade pobre. Veja como ele se saiu.

À primeira vista, o game enche os olhos da gente com gráficos realmente soberbos e que fazem qualquer desavisado achar que está assistindo uma partida de futebol. Ao menos nisso o jogo faz muito bem, e provavelmente você vai mais querer assistir do que jogar.

Os estádios nunca estiveram tão bonitos, a torcida realmente aqui faz toda diferença. Em muitos momentos você sente ela 3d realmente, porém em algumas tomadas é usado um efeito interessante de motion blur, e revela talvez o “truque” que é misturar elementos 2d com os feitos realmente em 3d.

A grama do estádio então, principalmente de perto é perfeita. Ela não é poligonal, parecem placas recortadas com “alpha channel”, e quando a câmera está perto, você vê bem os detalhes e inclusive o pé dos jogadores pisando e “afofando” ela. É algo muito bonito de se ver, porém não dá pra ver detalhes da grama jogando com a câmera longe, pois o efeito some, provavelmente pra poupar o aparelho e não mostrar muito slowdown.

Por falar nos “slows” eles estão presentes infelizmente, principalmente nos replays que mostram as jogadas de perto, você vê a taxa de quadros cair absurdamente, porém não atrapalha em nada na jogabilidade. Mas isso sempre acontece nos primeiros jogos de uma plataforma, e na minha opinião, não deixam o jogador perder o entusiasmo.

Falando dos jogadores, aqui é a grande vedete dessa versão, TODOS jogadores principais, eu disse TODOS estão perfeitamente representados em modelos 3d que seguem fielmente o real. É claro que em alguns ângulos eles ficam um pouco diferentes do real, porém isso acontece poucas vezes, especialmente quando eles estão mexendo a boca e gesticulando algo com o juiz. Você verá o Roque Júnior com aquela cabeleira ridícula perfeitamente representados, além de outros como o Ronaldinho Gaúcho que balança suas madeixas. Jogadores com cabelos curtos também estão fiéis, é impressionante o nível de detalhamento dos cabelos!

Jogadores de outras seleções como Argentina também estão perfeitos, como o Sorín, Crespo, Aimar e muitos outros. São poucos, muito poucos clones que se vê e geralmente estão em seleções menos cotadas como Chipre, Azerbaijão, etc. Porém você verá muitos, mas muitos jogadores reais de seleções de baixo escalão. Impressiona o trabalho de pesquisa que a Eletronic Arts fez nesse jogo. É claro que há casos em que os jogadores ficaram um pouco estranhos, como o Kaká que aparenta ter uns 40 anos.

Quando as seleções se alinham para a partida é ouvido a parte final do hino corresponde do mandante. Após isso vem as escalações, as preliminares da partida, o juiz sendo mostrado e claro, os técnicos ! Dessa vez estão lá reclamando e participando das jogadas, e você poderá ver o Parreira, o José Pekerman da Argentina e muitos outros como o Felipão que dirige Portugal.

Após o hino vem o primeiro impacto: a câmera dá um zoom na bola, e vai lentamente saindo até focar o meio campo. É ae que se vê detalhes como o meião dos jogadores com a caneleira, as chuteiras entre outras pequenas coisas que deixam qualquer um que curte futebol ou mesmo, que curte ver bons gráficos representando a vida real. Nesse quesito foi muito bem “copiado” para o virtual a parte visual. Diria que é quase como controlar uma CG dessas que a gente tá acostumado a ver por exemplo no início do maravilhoso Winning Eleven da geração passada.

As animações da maioria dos jogadores condizem com os reais, inclusive Ronaldinho Gaúcho que empresta sua imagem a capa do jogo, foi excelentemente transposto para o virtual. Sua corridinha característica, suas fintas e até uma comemoração sambadinha estão lá. O mesmo pode se dizer de Ronaldo que tem uma pegada um pouco forte em certos momentos, e o “tanque” Adriano, que tem uma das corridas mais engraçadas. Lance a bola pra ele na frente e verá ele indo pra cima da defesa como um louco.

No mais, aqui está a parte mais interessante sem dúvida desse jogo, que é o visual. Temos aqui uniformes desprendidos do corpo que balançam, os cabelos que se mexem, a feição dos jogadores que está muito real, detalhes nos uniformes, relevo entre outras coisas. Isso tudo faz o jogo ser show de bola no quesito gráfico.

Destaque para o trabalho que a Eletronic Arts faz como de praxe em seus menus, além do trabalho gráfico nas partidas que simulam perfeitamente uma estação de tv mostrando um jogo de futebol ao vivo.

Eliminatórias da Copa: Brasil x Armênia ?

A proposta do jogo é simular uma eliminatória de Copa certo ? Porém aqui vai o grande furo do jogo, é um jogo feito pra inglês ver. Todas atenções foram dadas exclusivamente a eliminatória da Europa, que aliás é gigantesca. Porém se você quer jogar com o Brasil por exemplo, ou você terá que selecionar na mão os times pra jogar, ou então terá que passar por jogos com a Geórgia por exemplo.

É bastante frustrante ver que a EA caprichou em muitos detalhes e deixou outras coisas básicas passarem desapercebidas. Por exemplo, eu selecionei apenas as seleções latinas para meu grupo, porém foram inclusas Guatemala e Costa Rica em meu grupo, pelo simples fato de não ter muitas seleções da América do Sul. É uma grande sacanagem não terem inclúido o Uruguai por exemplo! Um time que já foi bicampeão do mundo não teve sua seleção listada, enquanto na Europa temos Moldávia, Azerbaijão, Chipre e Ilhas Faroe por exemplo.

O jogo basicamente é a eliminatória, com pontos corridos sendo jogos de ida e volta. No meio do torneio, aparecem outros pequenos campeonatos para serem disputados, além de jogos amistosos. Dá pra jogar até a Copa das Confederações por exemplo, indo com o Brasil você terá essa oportunidade, aliás, jogando com qualquer time você vai enfrentar a mesma Copa das Confederações real do ano passado, em que o Brasil goleou a Argentina na final por 4×1, aqui apelidada de FIFA Masters com exatamente os mesmos times que participaram desse torneio.

O que dá pra entender é que fizeram um jogo focado para o público europeu, e incluíram os times da América do Sul pois seria um desastre deixar de fora seleções como as já citadas Brasil e Argentina. Mas não deixa de ser uma pisada na bola de forma desastrosa da EA.

Além do mais, após jogar todo modo eliminatório e caso ter conseguido a classificação, termina o jogo e você vai habilitar a seleção clássica XI, que tem jogadores como Zico e Cantona por exemplo. Sinceramente, após jogar todo torneio outra frustação vem com isso, pois é uma recompensa muito simples por todo esforço.

Muitas pessoas reclamaram do fato de não ser possível jogar a Copa do Mundo após as eliminatórias, porém eu entendo que a proposta do jogo não é essa. Mas ficou mal simulado isso. Bom para os europeus que podem fazer sua eliminatória de forma autêntica.

A voz do povo é a voz de Deus

A parte sonora também ficou muito boa, é possível ouvir torcidas de diferentes países empurrando seus respectivos times para o estrelato.

As músicas dos menu são basicamente as mesmas do FIFA 06 porém com algumas pequenas mudanças em algumas faixas. Dá a entender que a EA não quis comprar novas licenças e aproveitar as que foram usadas no último jogo. Até que não foi má escolha visto que ao menos as faixas de FIFA 06 são competentes.

O narrador não é tão enjoativo como nas últimas versões, e ele tece alguns comentários sobre certos jogadores ou sobre certos times dependendo da partida.

Brasil …sil …sil …sil …sil

A jogabilidade no início é estranha. Comparações com Winning Eleven são inevitáveis, e se você curte o futebol supremo da Konami vai odiar no início. Porém com o tempo, se acostuma.

Acontece que, quem joga muito Winning Eleven está acostumado a fazer fintas e firulas pra enganar os defensores. Jogando FIFA no modo Professional é impossível chegar ao gol fazendo fintas como no game da Konami. É necessário muitos passes, e pouca movimentação individual para dar o seu chute fulminante e fazer o gol.

Chutar de longe nesse FIFA não terá muito efeito. Ou o jogador vai mandar a bola pra torcida, ou o goleiro vai pegar com certeza.

Ou seja, o jogo foi feito realmente usando a base européia de jogo, aquele jogo forte e sem graça. Não tem muito espaço para o talento individual.

Em Winning Eleven um Ronaldinho pode fazer a diferença, porém aqui nesse FIFA ele com certeza será barrado pela defesa adversária. Senão houver uma tática decente e um trabalho de passes, cruzamentos entre outros artifícios é bem provável que você perca a partida. Estou falando baseado no modo Professional, pois jogar no modo Semi-Pro é totalmente sem graça, e é extremamente fácil fazer gols.

Uma coisa que ficou muito bacana é a disputa de penais. Tão legal como a do primeiro Winning Eleven, ou a disputa do saudoso Super Sidekicks. A câmera pega um ângulo de visão como se você realmente estivesse lá batendo o penal, e no replay é mostrado como se fosse na televisão. Nos últimos pênaltis, aqueles decisivos o controle vibra de acordo com as batidas do coração do jogador. É uma das coisas mais legais que tem no jogo.

Um bug muito escroto que tem no jogo, é quando você substitui um jogador em campo, que tenha feito algum gol. No fim do jogo, nos melhores momentos, o jogador que você trocou pelo que fez algum tento, irá substituir o jogador real e fará o gol. Exemplo, tirei o Adriano que fez 2 gols no jogo, pelo Cicinho. Nos melhores momentos foi mostrado como se o Cicinho tivesse feito os gols ! Bizarro !

Sammy Anderson

Fundador do GameHall e produtor do programa Versus.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!