Análises

Final Fantasy Crystal Chronicles: The Crystal Bearers

– será que a aventura exclusiva do Wii valeu a espera de 4 anos? –

A série Final Fantasy Crystal Chronicles é um spin-off da série principal Final Fantasy, criada em 2003 no Game Cube quando então a Square-Enix voltou a produzir games para os consoles da Big N, depois de um hiato de quase 10 anos (o último game lançado para um console Nintendo foi então Final Fantasy VI, em 1994).

Em Crystal Chronicles o enfoque é mais na ação/aventura do que no gênero clássico do RPG, diferente da série principal. O game teve um sucesso razoável e ganhou cinco sequências desde então: Final Fantasy Crystal Chronicles: Ring of Fates, um prequel para o DS; FFCC: Echoes of Time, para DS e Wii; FFCC: My Lyfe as a King e FFCC: My Life as a Darklord, ambas para Wii através do sistema de downloads WiiWare.

E agora, junto com o aguardadíssimo Final Fantasy XIII, chega a última aventura Final Fantasy Crystal Chronicles: The Crystal Bearers, exclusivamente para o Nintendo Wii. Se você nunca jogou um game da série Crystal Chronicles e está pensando algo do tipo “Ah, finalmente um bom RPG para o meu Wii”, segue um pequeno aviso: você pode acabar se decepcionando.

Crystal Bearers é mais um jogo de ação/aventura do que um RPG. Até temos alguns elementos de evolução para o personagem principal, mas nada de grande destaque. Crystal Bearers mais lembra Star Wars: The Force Unleashed (o protagonista até lembra um pouco Luke Skywalker) do que qualquer outro game. Para quem estava esperando o RPG definitivo para o Wii, infelizmente terá que esperar por mais um bom tempo.

História

A ambientação de Crystal Bearers é a mesma de FFCC e se passa 1000 anos desde o  eventos do primeiro game da série. A história se concentra nas quatro raças da série: os Lilties e os Yukes, que travaram uma guerra e supostamente a raça Yuke foi dizimada; temos também os Clavats e os Selkies. Neste mundo as espadas foram trocadas por armas e a magia só pode ser usada por alguns poucos, conhecidos como Crystal Bearers (portadores do cristal).

A raça Lilties com a sua vitória sobre os Yukes, se espalhou e dominou as outras raças, com o uso da ciência dos Crystal Reactors. Nesta nova era de desequilíbrio existe uma raça de seres poderosos, chamados Crystal Bearers, cujas capacidades mágicas os tornam temidos e desprezados pelo público em geral. Você controlará Layle, um jovem mercenário que é um Crystal Bearer, que foi contratado para escoltar a nova aeronave Alexis, o auge da tecnologia Lilty e símbolo do seu domínio atual. Mas quando Alexis é subitamente cercada por uma horda de monstros, Layle dá de cara com um Yuke misterioso chamado Amidatelion, que rouba os cristais da nave forçando Layle a pousá-la em terra firme com os seus poderes de controlar a gravidade. Logo depois ele é apanhado com Belle, uma selkie procurado pelos lilties por tirar fotografias de Alexis e se torna um homem procurado, e em seu impulso para resolver as coisas com Amidatelion, o levam para uma jornada épica em que descobrirá uma conspiração no reino de Lilty que pode ameaçar o futuro do mundo…

Personagens

Layle – Da raça Clavat, ele é o protagonista da história, que desde o início do game já é um herói estabelecido. Um dos Crystal Bearers, o seu cristal que está localizado em sua face direita, lhe dá o poder de controlar a gravidade.

Belle – Uma jovem Selkie de cabelos castanho-escuros que está sempre com a sua câmera. Uma espécie de jornalista fotográfa, que arranja e troca informações para o seu próprio benefício. De penetra na viagem inaugural de Alexis, ela tem informações que colocaram sua cabeça à prêmio quando então resolve viajar com Layle, sempre atrás de sua próxima grande história.

Keiss: Um Selkie de cabelos vermelhos e parceiro de Layle, que possui os seus próprios planos. Diferente dos outros Selkies, Keiss dedicou-se ao reino de Lilty, trabalhando diretamente sob as ordens de Jegran, até se tornar um coronel do exército de Lilty.

Amidatelion: Uma Yuke, a última da sua raça e portadora de um cristal, aparece no game como a principal antagonista e é apelidade por Layle de “Goldenrod”. Ela parece possuir a habilidade de dobrar o espaço e fazer invocações. Seu objetivo é o ressurgimento de sua raça através dos Crystal Idols.

Althea Sol Alfiraria: Uma Lilty com óculos que é princeso do reino de Lilty e possui um Crystal Idol. Sua mãe morreu quando ela era muito jovem, e seu pai está cristalizado, fazendo com que haja um vácuo que ela está tentando conter enquanto procura uma maneira de salvar seu pai.

High Commander Jegran: O capitão megalomaníaco da guarda Liltiana e o vilão do jogo, que está tentando assumir o controle de Lilty para transformá-lo em um estado militar. A armadura sobre o seu antebraço direito esconde o seu poder como Crystal Bearer para transformar quem toque em cristal.

Cid: Como de praxe, temos um personagem batizado de Cid, que aparece em todos os games Final Fantasy e está geralmente relacionado à engenharia mecânica e aos dirigíveis. Aqui ele é um ex-engenheiro de Lilty que tem um certo interesse nos Crystal Bearers.

Vaigali: Líder da Selkie Guild, que vende informações para o maior lance, ele tem um ressentimento contra os Lilties e odeia pessoas sem ideais como Keiss. Entretanto, Vaigaloi abre uma exceção no caso de Cid ao qual ele ajuda.

Blaze: Um Clavat e Crystal Bearer com poderes pirocinéticos e o pior ex-parceiro de Layle, que ensinou à Layle as manhas de ser um Crystal Bearer no passado. Embora ele faça uma aparição menor, ele é contratado por Jegran para encontrar Belle e silencia-la.

Que a Força esteja com você

Cystal Bearers é centrado na ação single-player, diferente da versão do Game Cube que focava uma jogabilidade cooperativa. Percebe-se que tentaram fazer um game com uma temática mais adulta e madura, principalmente no enfoque do protagonista do game, Layle. A história é um dos pontos fortes do jogo, ela é bem construída e envolvente e possui alguns personagens interessantes, além de Layle e Belle. Claro, está longe de ter uma trama no porte de um Final Fantasy VI, VII ou X, mas possui os seus bons momentos.

Os combates em Crystal Bearer são em tempo real e os ataques aos inimigos são feitos através de telecinese. Prepare-se para jogar com um Layle “Skywalker”, jogando inimigos de um lado para outro ou atirando objetos para cima deles. Os poderes de Jedi também servem para exploração para interagir com o ambiente, como ativar chaves e interruptores e também para mover as pessoas que estão nas cidades.

Entretanto, diferente de um Star Wars Unleashed, o sistema de combate de Crystal Bearers é chato e monótono. Não possui um sistema de combate mais complexo, com ataques diferenciados e magias, o que com certeza faria um grande diferencial no resultado final. Como se não bastasse um sistema de combate enfadonho, a câmera do game não ajuda em nada. Ela possui um comportamento automático, que geralmente focaliza o lado contrário daquele que você deseja ver e não raras vezes você vai se sentir perdido e frustrado durante as batalhas. É possível posicionar a câmera através do direcional do Wii Remote, mas é um trabalho que vai necessitar de muita paciência do jogador.

Há vários mini-games no jogo, em que você terá outros modos de controle de Layle. A ideia é muito interessante, principalmente para diversificar mais do estilo Star Wars, infelizmente a maioria dos mini-games são chatos e idiotas. Alguns são divertidos, como a corrida de chocobos e as batalhas nos céus.

Outro ponto bastante frustrante é que o jogo não possui mapas detalhados, apenas um mapa geral. Não há como você saber, por exemplo, nome de cidades, ter uma localização exata de onde você está ou para aonde deve ir. Prepare-se para passar várias  horas perdido, zanzando à procura do caminho a seguir. Para ajudar, você pode usar os chocobos como montaria, mas assim que você descer dele, o bicho vai embora em disparada. Isso significa que toda vez que você precisar checar um baú pelo caminho, ou parar pra ler uma placa (a única maneira de se orientar), você irá perder o seu transporte. Será que é pedir muito para que o chocobo aguardasse alguns segundos até você verificar as paradas e voltar pro bicho? Pelo jeito sim.

Algo muito estranho é que todos os outros personagens NPC espalhados pelos ambientes e cidades, não falam uma palavra. Felizmente você pode interagir com os Kupos, que estão em toda a parte e são mais sociáveis, dando dicas e indicando direções. Esqueça também o sistema de armas e equipamentos convencionais de RPG. Você possui três espaços para Layle equipar acessórios e itens que podem ser encontrados e trocados por novos equipamentos. Encontrandos as bugigangas certas, você ganha pontos de magia, defesa, alcance, velocidade e não precisará parar a todo tempo em lojas para equipar o grupo.

Visualmente o game é bem feito, com um mundo imenso a ser explorado e vários ambientes e cenários detalhados, no geral com boas texturas, apesar de umas falhas aqui e ali. O design dos personagens e inimigos possuem gráficos bem detalhados e boa animação. Claro, não são os melhores gráficos que já apareceram no Wii, mas são bem feitos e possuem alguns efeitos decentes.

A trilha sonora está longe de estar no mesmo nível dos jogos da série principal, mas possui alguns temas que são legais, apesar de puxarem um pouco para o estilo country. Mas algumas músicas de batalha realmente parecem bem deslocadas, e a dublagem não se destaca em nada, poderia estar mais bem trabalhada. O jogo é bem curto, com cerca de 15 horas de jogo (e algumas dessas horas por você estar perdido pelo cenário), mesmo com os mini-games incluídos.


is he a savior? or is he damned?

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!