Poucas séries conseguem atingir o status no mundo dos games que Final Fantasy possui. Os motivos para isso, evidencialmente não são poucos e é uma indubitável justiça Final Fantasy possuir o prestígio que possui hoje.
São pouquíssimas as séries que possuem um séquito de fãs tão cegamente fiéis a ela a tal ponto de tratá-la como uma entidade superior religiosa metafísica e não somente como uma fantástica série de games. Motivos para tal, Final Fantasy também possui. Para muitos fãs, não é a produtora quem deve respeitar os jogadores, e sim o contrário. É um exagero, mas é a verdade, isso acontece…
Sou também um entusiasta da série Final Fantasy, desde os seus primórdios. Final Fantasy IV e Final Fantasy VI me mostraram o porque games de RPG são interessantes e imersivos, em uma época que o visual interessava muito menos do que o resto.
Foram jogos que, além de trazer um enredo que trazia o jogador para o mundo criado para o game, oferecem um mundo totalmente irreal, e o mais importante, totalmente Fantasioso. Acredito aliás, que foi graças a isso que Final Fantasy hoje é gente grande no mundo dos games, graças a Fantasia que seu nome estampa.
Após uma desavença com a Nintendo, e redirecionamento de esforços em comum com a Sony, eis que surge no Playstation no ano de 1997 a entidade maior no mundo dos RPGs: Final Fantasy VII. Não posso garantir ao certo se a Square imaginou que estaria criando um colosso, que extrapolaria os limites entre vicio e idolatria para com um game, ou se simplesmente, deu muita sorte na criação desse game, certo é que Final Fantasy VII fez e faz história ainda hoje.
Claro que foi um game poderoso e com praticamente tudo o que um bom RPG, ou que um Final Fantasy teria de ter, mas enquanto o jogava, e o joguei por demais, sentia falta de algo que não conseguia descrever, muito menos explicar. Dois anos depois, a mesma Square lança mais um game de sua série mais fabulosa: Final Fantasy VIII.
Dessa vez, o lançamento do game foi orquestrada de uma forma inimaginavelmente megalomaníaca. Um marketing violento, e uma produção polpuda deram o tom do lançamento de Final Fantasy VIII. E o game fez por onde merecer toda essa atenção. CGs incríveis e fartas por todo o game, um jogo extenso e belo. Novamente a Square mostra do que era capaz. Novamente o novo Final Fantasy tinha tudo que um RPG deveria possuir, ou que um Final Fantasy teria de ter. Novamente joguei um Final Fantasy até a exaustão, assim como novamente, senti falta de algo que não conseguia descrever e tão pouco explicar.
Isso sempre me intrigou. Do que eu sentia falta, mesmo jogando os dois melhores RPGs daquela geração? Eles tinham tudo! Sistemas de jogo interessantes e cada vez mais complexos, uma boa história, visual fantástico (pelo menos FFVIII)… O que faltava?! Porque eu escrevi isso tudo ai em cima em uma análise que visa justamente tratar do único Final Fantasy da geração PSX que não está nesse falatório todo? Bom, isso é porque vou começar minha análise de Final Fantasy IX, explicitando que encontrei, um ano depois de Final Fantasy VIII o que eu tanto sentia falta nos jogos anteriores dessa geração: Justamente de Fantasia!
O lançamento de Final Fantasy IX foi feita sem o alarde do 8º game da série. Sua produção foi iniciada enquanto seu antecessor ainda estava em fase de desenvolvimento, afinal, a ideia da Square era que fazer o que é hoje Final Fantasy IX um Spin off da série principal. A intenção era criar um game que resgatasse aquele sentimento de fantasia medieval que os games pré-Playstation possuíam. Era um “presente” para os fãs da velha guarda da série, que se deleitavam justamente com os games da série que mencionei no início da matéria: Final Fantasy IV e Final Fantasy VI.
Tal game que resgatasse as raízes de Final Fantasy era um desejo de Sakaguchi, criador da série. É por esse motivo que se encontra em muitos sites por ai que Final Fantasy IX quase não recebeu esse nome, o nome que continuaria a saga, e não por motivos de qualidade do game, o que é uma inverdade que chega a ser doída! E é exatamente o que Sakaguchi queria que se sente ao se jogar o 9º game da série, o retorno da Fantasia, em seu sentido mais explícito, e imagino ser exatamente por esse prezo às raízes da série que Final Fantasy IX não foi a unanimidade, ou a “quase unanimidade” que foram seus sucessores de PSX.
Por certo muita gente conheceu a série somente após o 7º jogo lançado, e por isso mesmo não se contentaram com um game mais “simplista” e fantasioso. Não sei se é um consenso geral, mas acredito veementemente que os que mais souberam aproveitar de Final Fantasy IX foram os jogadores Old School, que já conheciam a série antes de Final Fantasy VII.
Seja isso verdadeiro ou não, é a razão para que eu ache Final Fantasy IX o melhor game da série para PSX. Foi o que, com certeza, me fez lembrar o porque eu gostava tanto de Final Fantasy IV, e o porque eu sentia tanta falta de fantasia nos games subseqüentes. Tendo deixado isso explicito, continuo com minha análise de Final Fantasy IX.
Final Fantasy IX chegou ao mundo um ano após seu antecessor, no ano de 2000, no mesmo console, o Playstation, tendo uma enorme responsabilidade: manter o nível de seus antecessores imediatos, FFVII e FFVIII. Ao contrário de FFVII e FFVIII, pessoalmente, não consigo enquadrar FFIX em um tema em específico. Caso tivesse de fazê-lo, diria que o tema é “Regresso às origens de si própria”.
Final Fantasy IX traz de volta a série toda a fantasia e as características que fizeram da série referência entre os games de RPGs em sua época de Nintendinho e SNES. Traz de volta os cristais mágicos, os personagens com classes e habilidades específicas bem ordenadas, os Moogles, as construções no estilo medieval europeu, os Black Mages, os governantes maquiavélicos, o visual Super Deformed (mas agora com qualidade, ao contrário de FFVII) e em especial, um enredo todo fantasioso, com criaturas mágicas.
Deixando claro que, apesar dessas características, não é um game infantil, longe disso alias.
História
Ao contrário da introdução “arrasa quarteirão” de Final Fantasy VIII, Final Fantasy IX inicia-se com uma CG bem mais singela, mas não menos intrigante. Um pequenino barco com dois tripulantes, luta contra as ondas do oceano debaixo de uma terrível tempestade. Os dois tripulantes se revelam ser duas mulheres, uma dentre elas muito nova, aparentemente mãe e filha. Ao cair de um raio que ilumina a face das duas tripulantes a princesa Garnet, do reino de Alexandria acorda daquele terrível e momentaneamente incompreensível pesadelo.
Trajada de um lindo vestido de festa branco, Garnet se prepara para sua própria festa de 16 anos a ser comemorada no castelo de Alexandria, regido por sua mãe, a rainha Brahne. Enquanto isso, uma Airship, que na verdade tem o design de um barco gigantesco que navega pelos ares, está chegando ao reino de Alexandria. Essa Airship é pertencente ao grupo Tantalus, liderado pelo carismático Baku.
O grupo Tantalus fora contratado para representar uma peça de teatro a ser apresentada como homenagem ao aniversário de Garnet, não por menos, a peça é a favorita da princesa, e do reino de Alexandria em geral: “I Want to be your Canary”. Apesar disso, o grupo Tantalus tem planos bem mais ousados para esse evento: seqüestrar a princesa Garnet. Os motivos para isso são ainda desconhecidos, mas fato o é que, o real motivo de estarem ali é o seqüestro de Garnet.
O plano é, durante a apresentação da peça, um dos integrantes do Tantalus, o jovem rapaz com rabo de macaco Zidane, realizar o seqüestro, sendo auxiliado por outro intregrante do grupo, Blank. Dificil missão, já que Garnet tem um fiel guardião a mando de sua mãe, o cavaleiro espadachim Steiner. Aparte disso tudo, encontramos o pequeno Vivi, um Black Mage de somente nove anos de idade que tão somente queria assistir a peça. Acreditava ele possuir um ingresso para assistir a peça, que seria apresentada somente aos nobres de Alexandria, mas que para sua decepção, descobriu ser falso.
Vivi então, encorajado por um “menino rato” todo malandrinho, resolve, junto a seu novo colega, invadir a área da apresentação para assistir a peça. Tem início a peça e tudo está dentro dos conformes para com o plano dos Tantalus, no entanto, um evento ocorre para perturbar a harmonia de tudo o que havia sido planejado: A princesa Garnet foge do castelo, e por ironia, eventualmente pede a Zidane para “ser sequestrada”, o que facilitaria em muito a vida de Zidane.
Entretanto, dadas as inúmeras ocorrências fora dos planejamentos que ocorreram, muitas delas bem engraçadas, o que seria um plano simples e discreto, acaba sendo revelado no palco do teatro, para enfurecimento da rainha Brahne. Perseguido por oficiais do castelo por ser um intruso, o Black Mage Vivi acaba indo também para o palco, participando da verdadeira “zona” em que o plano de sequestro se transformou, fazendo parte também dos acontecimentos que a seguir viriam.
O palco na verdade era o próprio navio, algo muito corriqueiro em Alexandria. Assim sendo, uma vez que Garnet já estava no barco, e que agora toda a segurança do castelo, incluindo Steiner, já estavam no encalço dos Tantalus para resgatar Garnet, a lógica mandava que saíssem dali imediatamente, seguindo para Lindblum, local em que tanto os Tantalus, quanto Garnet, deveriam/queria alcançar.
No entanto, a rainha Brahne, a despeito de Garnet estar ou não na Airship dos Tantalus, abate a Airship que acaba por cair em Evil Florest, uma floresta sinistra e cheia de perigos. O desafio a partir dali será sair de Evil Florest com vida para alcançar o Estado de Lindblum, enfrentando os desafios impostos pela floresta e tentando escapar das tentativas de resgate da princesa por parte da rainha de Alexandria, o qual precisaria de Garnet viva para que seus misteriosos e obscuros intentos pudessem ser alcançados.
É evidente que essa rápida, e com o menor números de spoilers possível, sinopse que aqui apresentei, é tão somente a introdução de Final Fantasy IX, que contará ainda com muitas reviravoltas e com a introdução de personagens fantasiosos e muito interessantes.
Personagens
Vamos aqui dar uma rápida olhada nos principais personagens dessa aventura.
Zidane Tribal: Virtue – “You don´t need a reason to help people”
Um jovem cheio de vida. Essa é a melhor definição para Zidane. Parte integrante do grupo Tantalus, é um ladrão inveterado e um galanteador por natureza, fazendo certo sucesso entre as garotas de sua terra natal. Encontrará o amor ao conhecer a princesa Garnet e por certo, graças a isso, ascenderá a ira do fiel guardião da princesa de Alexandria, Steiner.
Garnet Til Alexandros XVII / Dagger: Devotion – “Someday I will be Queen, but I Will always be myself”
A sucessora do trono de Alexandria, Garnet nota que há algo estranho acontecendo em Alexandria, em especial graças a ações suspeitas de sua mãe Brahne. Espera a chance ideal para fugir do castelo e sai de Alexandria em direção ao estado de Lindblum, cujo regente é seu tio Cid Fabool. Nesse intento, “se esbarra” com Zidane e seu grupo e segue com eles para fora de Alexandria. Ao longo da aventura, renuncia seu nome e se auto nomeia “Dagger”. Além de ser usuária de Magia Branca, é uma summoner poderosa, e possui em seu roll de Eidolons (evocações) as maios poderosas e famosas criaturas da série Final Fantasy usadas em Final Fantasy IX.
Segue abaixo lista com os Eidolons que Garnet pode se utilizar ao longo do game:
Shiva – “Diamond Dust”
Ifrit – “Flames of Hell”
Ramuh – “Judgement Bolt”
Atomos – “G-Force 199”
Odin – “Zantetsuken”
Leviathan – “Tsunami”
Bahamut – “Mega Flare”
Ark – “Eternal Darkness”
Vivi Orunitia: Sorrow – “How do you prove that you exist…? Maybe we don´t exist”
Um garoto de nove anos tímido e retraído, com sérios problemas existenciais, que somente irão se agravar em certo momento da aventura. Chamado de “Master Vivi” por Steiner, é um promissor e poderoso Black Mage. Por certo é o personagem mais fofo do game. Pode executar golpes em conjunto com Steiner, unindo magia e ataques físicos. Um poderoso aliado para o grupo, em especial, se utilizado em batalha junto com Steiner.
Albert Steiner: Dilemma – “Having sworn fealty, must I spend my life in servitude?”
Um dedicado Cavaleiro Espadachim a serviço da família real de Alexandria. Esse é Steiner. Sua função primordial é comandar os Plutos, uma unidade de proteção e vigia do castelo real de Alexandria, além da proteção pessoal da princesa Garnet. Se envolver com os Tantalus na tentativa de não permitir que o “sequestro” da princesa se concluísse. Sempre com o espírito protetor para com Garnet, tem uma enorme “rixa” com Zidane, o qual não se cansa de galantear sua protegida. Tem em Vivi, uma imagem poderosa, pelo simples fato de a fofo menino ser um Black Mage.
Freya Crescent: Despair – “To be forgotten is worse than death”
Nativa de Bumecia, cidade onde reside o Clã dos Ratos, Freya é uma amazona poderosa que foi criada e treinada por um Cavaleiro de Dragão. Desse treinamento, surgiram as habilidades Dragoon que ela possui. Apesar de ainda ser jovem é uma personagem extremamente ponderada e sábia. Se une ao grupo de Zidane ao saber que Burmecia haveria de ser atacada e dizimada por Brahne e o exercito de Alexandria.
Amarant Coral: Arrogance – “The only dependable thing about the future is uncertainty”
Amarant é o típico lobo solitário. É um andarilho que preza o fato de ser solitário. Além de ser um enorme andarilho, trabalha como assassino de aluguel, tendo sido contratado para assassinar Zidane e seu grupo a mando de Zorn e Thorn, os bobos da corte de Alexandria e subalternos de Brahne. Extremamente auto-confiante, é derrotado por Zidane e eventualmente se une ao grupo.
Quina Quen: Indulgence – “I do what I want! You have a problem!?”
É o/a personagem “esquisitona” do game. Quina é um personagem andrógeno que só faz o que quer, não tendo um senso de decisão baseado em qualquer outra coisa que não seja sua vontade. Em campo de batalha, Quina pode comer (no sentido canibal viu?) os inimigos caso estes estejam enfraquecidos. Alguns inimigos a dão, após devorados habilidades especiais muito úteis ao longo da jornada.
Eiko Carol: Solitude – “I don´t wanna be alone anymore…”
A pequenina Eiko, de apenas seis anos de idade é uma garotinha especial. Criada pelos Summoners após o falecimento de seus pais, ela desenvolveu a habilidade de utilizar Magias Brancas e também de evocar os Eidolons, assim como Garnet. Além disso, constituiu uma amizade com Moogles e consegue ler / sentir os pensamentos de animais a seu redor.
Segue abaixo lista com os Eidolons que Eiko pode se utilizar ao longo do game:
Fenrir & Titan – “Terrestrial Rage” and “Millennial Decay”
Phoenix – “Rebirth Flame”
Carbuncle – “Ruby Light”, “Diamond Light”, “Emerald Light” and “Pearl Light”
Madeen – “Terra Homing”
Kuja:
Kuja é um homem misterioso, cínico e sarcástico, apesar de muito “tiposo”. Aparentemente, está a serviço de Brahne lhe auxiliando inicialmente na invasão de Burmecia e na aniquilação do Clã dos Ratos. Com o passar da história se revela cada vez mais importante no enredo, se mostrando o principal vilão de Final Fantasy IX. Tem alguma ligação com Zidane, mesmo o protagonista nada disso tendo conhecimento. Ademais, Kuja possui um dragão que é o seu principal meio de locomoção (chique demais da conta) e é um poderoso utilizador de magias. Apesar se nas cenas em que aparece, roubar todas, o design de Kuja é MUITO andrógeno! Vou parar por aqui para não gerar Spoilers severos.
Existe ainda um enorme hall de personagens no game, mas que, inviável aqui seria tratar todos a contento, sendo assim, fico apenas com esse rápido profile dos personagens principais, assim como proposto no começo dessa secção.
Gráficos
Muito se especulou sobre o visual de Final Fantasy IX pouco antes de seu lançamento. Para muitos, o fato de esse game não ter tido todo o “auê” que seu predecessor teve poderia indicar uma produção em menor escala para FFIX. E mais, como superar o vislumbre gráfico que foi Final Fantasy VIII afinal de contas? Pois bem, a Square mostrou mais uma vez que revolucionar é com ela mesmo (ou era né…).
Os gráficos de Final Fantasy IX estão muito mais polidos e bem resolvidos do que os de Final Fantasy VIII. Evidente que não houve o salto absurdo verificado na passagem de FFVII para FFVIII, mas pequenas melhorias eram um toque todo especial. Os personagens não são tão estáticos e “durões” como os dos Final Fantasy anteriores, podendo se observar uma movimentação mais fluida e natural ao se locomoverem, ou mesmo enquanto parados não se assemelhando a estatuas.
Os efeitos das magias estão muito mais vistosos e condizentes com o que se quer caracterizar, e aqui deixo um belo exemplo: Em FFVIII quando se evoca Quetzacolt, os raios que invadem o ambiente não são muito bem resolvidos como raios, ao contrário de uma evocação de Ramuh em FFIX, em que o efeito de raios e relâmpagos estão soberbos. Outra melhoria se observa durante as batalhas, a câmera dar um zoom em um personagem durante alguma ação. Em FFVIII e FFVII era perceptível notar que os personagem pareciam estar tremendo, o que causava uma sensação estranha ao olhar. Isso foi tratado em FFIX, o deixando poligonalmente muito mais sólido e resolvido do que seus antecessores de geração PSX.
O visual dos personagens voltou a ser em Super Deformed, mas não nos moldes “quadradonais” de Final Fantasy VII. Isso deu m toque todo nostálgico ao game, que somado ao brilhante trabalho de caracter design de Yoshitaka Amano, dá todo uma vida especial aos personagens, dando a cada um deles o tom que deveriam ter dadas as diferenças de personalidades. Sem contar que personagens em SD permitem cenas dramáticas e potencializam cenas de humor.
Aos inicializados ao mundo de Final Fantasy somente a partir de FFVII, e que portanto somente conhecer Tetsuya Nomura como caracter deginer da série, Yoshitaka Amano foi o responsável pelo design de personagens de Final Fantasy VI, retornando para esse serviço em FFIX a pedido de Sakagushi. E ter sido o caracter Designer de FFVI é muita coisa, Kefka que o diga.
As CGs, como o usual em todo e qualquer Final Fantasy estão absurdamente lindas. Em FFIX elas não tem o tom de realismo maior do que FFVIII, pois se tratam de personagens em Super Deformed, e ao contrário de em FFVII, todas as CGS em FFIX mantém esse aspecto. No entanto, texturas de roupa, pele, construções e a movimentação dos personagens estão bem melhores do que em FFVIII.
E aqui um claro destaque para as CGs que apresentam as Eidolons, são um show a parte. Atomos, Odin e Bahamuth são apresentados aqui em CGs, enquanto executam seus ataques mais famosos. Infelizmente nesse ponto, estão sendo controlados por Brahne, então não estão fazendo coisa boa… Destaque absoluto para a batalha entre dois Eidolons: Bahamuth VS Alexander. É épico!
As cidades em FFIX tem todo o clima que Final Fantasy VI possuía, mas agora em três dimensões. Os cenários ainda são imagens pré-renderizadas, no entanto, certos cenários foram criados sendo um “mini vídeo CG”. Um bom exemplo disso é Burmecia, onde a chuva jamais se cessa. Graças a essa técnica de criação de cenários em vídeos, o efeito em Burmécia da chuva, e do cenário molhado é indescritível. Isso vai além dos momentos de ação em FFVIII em que personagens poligonais e vídeos em CGs interagiam, o que naquele caso, não era muito bom, pois deixava muito deslocado o tridimensional processado em tempo real com o vídeo em CG.
Em resumo, não é a revolução do que Final Fantasy VIII nos mostrou, mas é sim uma boa evolução.
Trilha Sonora
Temos aqui o provável maior motivo de discussões de Final Fantasy IX. Último Final Fantasy em que Nobuo Uematsu assina sozinho as composições musicais, a trilha sonora de FF IX é um ode às origens. Claramente inspirado em seus trabalhos anteriores, com foco em Final Fantasu VI, a “abraçando a causa” de Sakaguchi por fazer um Final Fantasy o mais “Fantasy” possível, Uematsu realizou aqui o seu trabalho mais Old School possível.
Com músicas mais delicadas e mágicas,mas ainda assim não excluindo das composições instrumentos mais modernos como guitarras e baterias, a trilha de Final Fantasy IX é variada e tem sempre a música certa para a correta situação. É claro que, com de costume em toda a saga Final Fantasy, estão no game muitas músicas dos games anteriores com arranjos diferentes, no entanto por certo as melhores músicas são as compostas para o próprio game. Destaco aqui “Vamo Alla Flamengo”, “Dark Messenger” (a música de FFIX favorita de muita gente aliás) e “Ancient Tree of Life” (maravilhosa!).
A música tema do game é “Melodies of Life”, que é interpretada pela cantora Emiko Shiratori. Se você não a conhece, não se preocupe, não está sozinho, Emiko é uma “japa singer girl” que não fez sucesso no lado de cá do globo, coisa não muito rara. Exagero ou não, Nobuo Uematsu considera “Melodies of Life” a música mais bela, e por conseqüência, sua música favorita já composta para um game da série. Criticada veementemente, os mau quereres da trilha sonora de Final Fantasy IX a atacam dizendo que o game tem a seleção de músicas mais chatas e repetitivas da saga até ali, mesmo que, esses que a criticam, sejam jogadores tão somente de Final Fantasy VII para depois. Por gosto pessoal ou não, por conhecer toda a série ou não, as músicas de Final Fantasy IX para mim são mais do que perfeitas dentro do ambiente que era pretendido a ele, mas concordo que, para jogadores mais “pós-modernos Final Fantasianos” sejam músicas calmas e “passivas” em demasia. A questão aqui é mais gosto pessoal do que falta de qualidade em minha concepção.
Hoje em dia, anos depois do lançamento do game e de todas as críticas, Final Fantasy IX é considerado um dos melhores Final Fantasy no quesito música. Vai entender… Apenas como curiosidade, Uematsu estima que tenha composto cerca de 160 músicas e melodias para Final Fantasy IX, sendo que, 140 destas foram utilizadas no game. Ademais, Uematsu considera o trabalho feito em Final Fantasy IX o melhor que já realizara em toda sua carreira enquanto compositor exclusivo da série.
Sonoplastia
Não tenho muito o que falar aqui, pois FFIX não foge muito do que Final Fantasy VII o foi. Bons efeitos sonoros, talvez um pouco aprimorados aqui, com certas falhas corrigidas, como o som dos passos dos protagonistas realmente ser interferido no tipo de solo em que estão caminhando. Os sons das magias quando aplicadas estão mais impactantes, e no momento das evocações, o som não fica embaralhado e alto em demasia em FFIX. Não é encheção de saco, mas experimente evocar Quetzacolt com o som um pouco mais alto tente não ouvir a bagunça sonora que os sons daqueles trovões causam.
Os sons de menus são mais puxados para os sons de Final Fantasy VI, assim como a trilha sonora o foi. Não diferente às músicas, esses sons são muito pertinentes também. Enfim, tudo se encaixa como deveria por aqui.
Jogabilidade
Mais simples, entretanto não menos profunda. É o como eu definiria rapidamente o jogabilidade de Final Fantasy IX. Em Final Fantasy IX temos o retorno dos personagem por “classes”. Isso quer dizer que, ao contrário do que acontece em FFVII, FFVIII e até mesmo em FFX, não é possível que todo mundo tenha o conhecimento de tudo quando são habilidades, magias e o “diabo a quatro”.
Como indiquei nos profiles dos personagens, Vivi é o Black Mage da turma e Eiko é uma White Mage. Assim sendo Vivi NUNCA irá usar um cure que seja, assim como Eiko NUNCA usará um frívolo thunder. Vivi NUNCA será um bom combatente corpo a corpo, enquanto Steiner NUNCA aprenderá magia alguma sequer. Zidane NUNCA irá conseguir devorrar um inimigo para conseguir uma habilidade provinda disso e Quina NUNCA….
Captaram certo? Cada qual tem suas habilidades e fraquezas bem definidas devirando-se da “classe” da qual participam, assim como o era em Final Fantasy IV e Final Fantasy VI. Muitos jogadores, mau acostumados com o “oba oba” que era possível realizar nesse sentido em Final Fantasy VII e em especial em Final Fantasy VIII chiaram bastante na época, entretanto, isso dá um nível de individualidade bem maior para o personagem e um índice de estratégia muito maior em campo de batalha.
O grupo agora é composto não por apenas três, mas por quatro personagens, incluindo no campo de batalha, o que permite mais estratégias durante a batalha. O Limit Break e Final Fantasy VII foi por certo a base usada para os “Limit Breaks” de FFIX, chamados de Trance. A barra de Trance vai crescendo aos poucos a medida que se apanha. Ao se encher, o personagem fica nervoso e por alguns turno brilha e pode executar movimentos especiais e destruidores. Até mesmo os golpes simples se tornam muito mais poderosos durante o estado de Trance do personagem.
Apesar de parecer tão somente a barra de Limit Break de FFVII, o Trance possui uma falha gritante. Assim que a batalha se encerra a barra de Trance se esvai, tendo você usufruído dela ou não. Assim que a barra se enche, automaticamente o personagem entra em Trance, não sendo uma opção do jogador, com isso, não raras vezes, o jogador chega a um chefe com a barra de Trance de um personagem completamente vazia, pois ele alcançou o Trance enquanto batalhava contra um inimigo fraco e menor, em batalha anterior. No fim das contas não podemos contar com o Trance para adição de estratégia em batalha, o que acho bem grave para um RPG, apenas usar e abusar quando o personagem chegar a esse ponto.
As batalhas continuam a ser disputadas por turnos, no padrão de FFVII e FF VIII. O sistema de batalhas randômicos também permaneceu intacto, assim como o sistema de mapa mundo em escada não real, em que o mapa, em escala, é muito menor do que pressupostamente o é dentro da história. Os equipamentos aumentaram para cinco em cada personagem. Cada equipamento contém habilidades especiais que o usuário pode utilizar. Após cada batalha, o grupo ganha uma quantidade de AP. Acumule APs para que o personagem aprenda a habilidade que o equipamento continha para aprender tal habilidade por si só, não mais precisando do equipamento para usá-la.
Como sempre, pelos cenários encontramos muitos itens e baús escondidos. Agora, quando um personagem identifica algo que merece uma atenção, normalmente sendo um item ou baú escondido, um balão de texto, com um acento de exclamação surge saindo da cabeça do personagem. Um efeito muito bonitinho e que casa com o clima do game.
Minigames estão de volta, com destaques para os minigames com os Chocobos e os Card Games que regressaram de FFVIII, muito mais complexos e completos.
E agora, aos finalmentes…
Bem… Espero que eu tenha conseguido transmitir a vocês um pouco de como é meu Final Fantasy favorito da geração Playstation. Sim, ele não possui o senso de revolução de Final Fantasy VII. Sim, ele não possui a megalomania que marcou Final Fantsy VIII.
Mas Final Fantasy IX é tudo o que eu “velho de guerra” poderia querer de um Final Fantasy: é um Final Fantasy Old School, algo que estava parecendo fadado ao esquecimento, e que tendo em vista Final Fantasy XII e XIII é possível ainda estar fadado ao ostracismo, o que é uma lástima.
Ficar tolamente discutindo qual Final Fantasy é o melhor é uma enorme perda de tempo. É mais do que fato que Final Fantsy VII é o mais reconhecido, o mais revolucionário e o queridinho dentre os fãns da série, mas porquê não aproveitar simplesmente tudo o que de melhor a série tem a nos oferecer ao invés de ficar com picuinhas?
Esse é Final Fantasy IX, um game que, por certo, está nos corações de quem um dia se rendeu aos encantos de um mundo de magia e fantasia no Playstation.