Análises

Final Fight CD

Que a pancadaria comece: o clássico da Capcom no Sega CD –

Os jogadores mais “veteranos” certamente devem se lembrar de Final Fight, o clássico jogo de pancadaria que nasceu nos arcades e logo ganhou versões caseiras (eu mesmo gastei muitas fichinhas neste fliper). Antes de Final Fight ser lançado em 1989 para os arcades, o game Double Dragon com os irmãos Lee é que fazia a cabeça da moçada no gênero beat´n up. Seguindo a mesma fórmula de Double Dragon, a Capcom revolucionou o gênero, melhorando e simplificando o estilo do jogo. A grande diferença do jogo da Capcom para os outros lançados anteriormente, é que Final Fight possuía sprites bem grandes e detalhados e uma jogabilidade super simples, que usava apenas dois botões.

Agora senta que lá vem história. Final Fight era originalmente para ser uma sequência direta do original Street Fighter (sim, aquele podrão mesmo, e não o famoso SFII). O jogo foi inspirado em um filme de 1984 chamado Ruas de Fogo (assistam, é muito bacana, e possui uma trilha sonora sensacional como a clássica I Can Dream About You ou a Nowhere Fast). Saca só, o filme possui uma história simples: um bandidão que todos temem e que sequestrou a gatinha desprotegida do mocinho durão, que parte em seu salvamento, em meio a muita pancadaria, jaquetas de couro, perseguições e rock´n roll. O mocinho do filme chama-se Tom Cody, outra grande coincidência ao game.

pessoal da pesada: Axl, Andore, Poison e Rolento

Temos outras referências à cultura pop, como o personagem Andore, baseado no lutador de luta-livre André “O Gigante”. Guy foi baseado no cantor americano Guy Picciotto (nunca ouviu falar? Tudo bem, o cara não é famoso). Entre os inimigos temos alguns que se destacam, além do Andore, como o Axl e Slash, que para aqueles que curtem um bom hard rock já devem ter se lembrado da banda Guns´n Roses. O mesmo acontece com a “vagaba” Poison, homenagem à banda de mesmo nome, famosa nos anos 80.

E falando na Poison, ela é uma das personagens mais controversas do game. Por quê, você me pergunta? Por ela ser, talvez, um transexual (isso me lembra aquela música do Aerosmith: Dude Look Likes a Lady). Na história original do jogo, Poison é uma órfã que cresceu em Los Angeles e acabou se bandeando para a gangue de Mad Gear, que controla todo o crime da cidade. O detalhe é que no manual do jogo para Super Famicom ela é descrita como uma transexual, assim como a Roxy, “um” admirador dela que passou a se vestir como a Poison.

Quando o jogo foi lançado para o Super Nintendo nos EUA, o povo lá não gostou muito dessa história de bater numa mulher que não era 100% mulher (nada de bater em travecos heim pessoal) e resolveram mudar a Poison e Roxy para dois personagens masculinos, chamados Sid e Billy.

Poison do SCD americano, japonês e a versão do Snes

E falando em Super Nintendo, Final Fight foi um dos primeiros games a sair para o console, em 1991. Apesar da conversão mais ou menos decente, o jogo tinha alguns vários defeitos, como fases, personagens e animações de quadros a menos, mas um defeito era imperdoável: o jogo era apenas para UM jogador. A principal característica da versão arcade foi retirada no Super Nintendo, pisada feia na bola da Capcom (isso que os FF2 e 3 são para dois jogadores). Leia aqui nossa análise de FF para SNES.

Em 1993 a Sega lançaria, sob licença da Capcom, Final Fight CD para o Sega CD, que teve uma recepção melhor dos fãs do jogo para arcade, já que esta versão era bastante fiel à dos fliperamas, com a adição de Guy (que não tinha no SNES), a fase Industrial com o chefe Rolento e a possibilidade de se jogar com duas pessoas ao mesmo tempo. O jogo ainda contava com a abertura e encerramentos originais (inclusive com algumas cenas extras), agora com vozes de atores, uma bela trilha sonora digital e um exclusivo modo Time Attack.

Agora que você ficou por dentro do desenvolvimento do jogo, leia a análise da versão CD, tida entre os fãs do gênero como a melhor conversão feita para consoles caseiros – para alguns melhor até que “Final Fight: Double Impact“, para PS3 e X360, por causa de sua trilha sonora.


cenas da abertura do jogo

A História

Tudo começa na cidade de Metro City, uma cidade que é dominada há vários anos pelo crime e violência. O recém-eleito prefeito Mike Haggar resolveu colocar um ponto final nessa violência. Com isso ele acabou mexendo com a mais cruel gangue da cidade, chamada Mad Gear, que ao saber dos planos de Haggar, rapta sua filha Jessica, para assim poder chantageá-lo. Haggar então larga a burocracia do escritório, arregaça as mangas (por um acaso ele é ex-campeão de luta-livre) e vai para as ruas espancar os bandidos e salvar a filha, com a ajuda do namorado dela, Cody e o amigo Guy. Ajude os três vigilantes a salvarem Jessica e acabar com o terrível grupo criminoso que a raptou.

Cody:

Um habilidoso lutador de rua, namorado de Jessica e amigo de Guy. Personagem mais equilibrado do jogo, combinando rapidez e força de maneira adequada e é perito no manuseio de facas. Ele também apareceu no game Street Fighter Alpha 3 como um presidiário (ele não é exatamente o exemplo de um bom moço).

Guy:

Um mestre nas artes marciais, é o personagem mais veloz dos três e que possui a mais longa sequência de golpes, mas ele não é tão forte como os outros dois. Possui a habilidade de saltar em paredes ou objetos e depois saltar de volta até o inimigo e lhe dar um golpe. Também aparece na franquia Street Fighter Alpha.

Haggar:

Prefeito de Metro City e pai de Jessica, é também um ex-lutador de luta-livre. É o mais forte de todos, mas também o  mais lento. Seu golpe mais poderoso é o “Pilão”, tirando bastante energia dos adversários.

Gráficos

Final Fight CD foi produzido pela Sega sob licença da Capcom, e podemos dizer que o pessoal fez um trabalho muito bom com o jogo, sendo bem fiel à versão arcade, mas claro, com algumas limitações. Tudo que estava faltando no Super Nintendo tem aqui e ainda conta com um modo Time Attack, que desafia você a  espancar o maior número de marginais que conseguir em um determinado tempo. A abertura e o final foram  um pouco extendidas e ganharam uma dublagem digital (a versão em inglês do Haggar soa quase que com sono).

Os gráficos são nítidos, com sprites grandes dos personagens e cenários bem variados e detalhados, tal qual o original, com cores fortes e vibrantes. Todas as fases estão lá, inclusive a da Indústria com o chefe Rolento. Se a versão do Snes já havia recebido alguns cortes de censura (como trocar a Poison por um personagem masculino) a versão CD também não escapou ilesa.

rapadura é doce mas não é mole não

Na versão japonesa de FFCD você vai encontrar tudo intacto, vai ver a Jessica de sutiã na abertura, a roupa sexy da Poison e Roxy e o nome dos chefes como Sodom e Damnd. Na versão americana ocorreram algumas mudanças, como a troça do sutiã por um vestido vermelho, roupas mais “decentes” para Poison e Roxy e a troca do nome dos chefes para Katana e Trasher. Felizmente nada de tão radical como aconteceu com a Poison do Snes, que virou “Billy”.

só detonar o tiozinho na cadeira de rodas e salvar a gostosa

Música

A trilha sonora está excelente, totalmente digital e muito melhor que a do arcade. Instrumentos como bateria, guitarra e contra-baixo podem ser ouvidos nitidamente. Se você curte um rock ‘n roll básico, vai curtir as músicas de Final Fight, só colocar no último volume e sair distribuindo porrada.

Os efeitos sonoros não tem nada de especial, alguns gritos e berros digitalizados e alguns sons como vidro se quebrando, latas de lixo, etc.

A minha música preferida deste jogo é do estágio 5, a área industrial. Escute ela aí embaixo e veja se não concorda comigo.

Escute  abaixo algumas amostras das músicas do game:

Música 1

Música 2

Música 3

Música 4

Música 5

iiiihhhhh…. agora fu…

Jogabilidade

A jogabilidade do game é perfeita, tanto na movimentação dos personagens como na resposta aos comandos, como socos  e chutes. E os comandos não poderiam ser mais simples, apenas dois botões, soco e pulo. Se apertar os dois juntos você aplica um golpe especial (no menu de opções você pode colocar este especial em um terceiro botão, para facilitar ainda mais). Qualquer pessoa pode facilmente jogar Final Fight, sem se preocupar em comandos mirabolantes para golpes especiais.

O jogo possui uma dificuldade média pra dificil, jogadores mais experientes com beat´n up terão mais facilidade, mas se você não está acostumado com este estilo de jogo, provavelmente vai literalmente “apanhar” bastante até chegar ao final.

mostre para os marginais quem é que manda

Aqui além de escolher entre os 3 personagens você pode jogar simultaneamente com um amigo, o que deixa o jogo muito mais divertido, e o melhor de tudo, sem slowdowns!

Mas nem tudo são flores em Final Fight. Temos alguns probleminhas, como a falta de variação de personagens (um problema herdado do arcade). Basicamente TODOS os personagens que você vai encontrar pelas 6 fases do jogo você já encontra nas duas primeiras fases (com excessão dos chefes), que depois aparecem com cores diferentes nas próximas.

olha só… o grandão fica lá trás só dando risada enquanto você leva porrada

Outro probleminha é quando há muitos personagens na mesma tela, e algumas “falhas” gráficas podem ser percebidas. Felizmente o jogo continua rápido, sem slowdowns, o que não vai prejudicar a diversão.

Fora isso não tem muito o que reclamar do jogo, que também possui as duas fases bônus, inclusive a clássica onde você pode detonar um carro na porrada, a lá Street Fighter.

Bônus – Abertura

Punchs its way with killer roundhouse kicks, back fists, uppercuts and body slams

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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