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God of War: Ascension

Kratos retorna em um game bem mais morno do que seus fãs gostariam.

Com certeza, nenhum outro game exclusivo a ser lançado para Playstation 3 no ano de 2013 tinha um “hype” tão grande em torno de si quanto God of War: Ascension. Não para menos, afinal poucos games em toda a história do entretenimento eletrônico pode se dar ao luxo de ser tão épico quanto o epílogo da história de Kratos e sua vingança contra Olimpo. “Bem medido e bem pesado”, God of War 3 é superlativo em todos os sentidos.

Será que God of War: Ascension consegue se equiparar à grandiosidade do game anterior, atendendo as expectativas dos fãs de Kratos?

Ascension não vem ao mundo para dar aos fãs respostas sobre o enigmático final de God of War 3. Na verdade, o novo game de Kratos tem sua história focada somente seis meses após o “Fantasma de Esparta” ter sido enganado pelo Deus da Guerra e assassinado sua esposa e filha. Considerando o storyline da série, Ascension é o primeiro, tendo seus eventos se passando antes de qualquer outro game da franquia já lançado até o momento.

A história é provavelmente o “Tendão de Aquiles” de Ascension. Por algum motivo, não querendo mexer em prováveis complicadas questões à nível de enredo dado o final de God of War 3, o Estúdio Santa Mônica preferiu dar a Ascension mais uma história de “origem” para Kratos. Como se já não bastassem os games para PSP.

Mais problemático do que Ascension ser mais uma história de origem, é ser uma má história, que não adiciona NADA à série como um todo. Tão pouco expõe ou explica algo significante no passado de Kratos que os jogadores já não saibam.

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Kratos em mais um momento “motherfucker”!

Ademais, devido a necessidades do enredo, Kratos nesse game não é a máquina sedenta por vingança que todos conhecem e amam, sendo tratado aqui de maneira bem mais humanizada (dentro do que pode se chamar de humanizado em Kratos). Para muitos isso é um problema grave. Particularmente não o seria caso o enredo fosse bom, entretanto, com um fraco enredo para prender o jogador, é impossível não se sentir um pouco incomodado com um Kratos tendo sua personalidade usual alterada ao longo do game.

A história em Ascension é contada por intermédio de vários e longos flashbacks, integrados ao gameplay, deixo bem claro. Nada que fosse incomodar o jogador gravemente, entretanto mais uma vez a falta de um bom enredo faz com que esse “vai e vem” temporal do game fosse motivo de incômodo para vários jogadores. Por fim, vale citar a falta de carisma das vilãs de Ascension.

As Fúrias não são personagens carismáticas o suficiente para carregar nas costas o fardo de serem vilãs de um game da série que já teve tão bons vilões. Dou aqui um desconto nesse aspecto, pois não há forma de ser mais épico do que a série já o foi. Como superar, lembrando que God of War tem escancarada inspiração na mitologia grega, vilões como Poseidon, Hades e Zeus?

Ora, eles são “somente” os principais Deuses do Olimpo!

Digamos que as Fúrias são melhores vilãs do que foram “As Irmãs do Destino” no segundo God of War, mas que jamais poderão figurar entre os melhores “bad guys” da série.

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As Fúrias não darão um minuto de paz para Kratos em Ascencion.

Deixo claro que apesar de possuir um fraco enredo e vilões não tão carismáticos, God of War: Ascension, como não poderia deixar de ser, possui momentos tão épicos quanto o terceiro game da série o possui. O primeiro chefe é magnífico e une cenário, chefe, inimigos e Kratos em uma escala única e dinâmica, comparável a batalha contra Poseidon do game anterior. Épica é também a batalha final contra a rainha das Fúrias, que não vou detalhar aqui para não causar desnecessário spoiler.

No que cerne a parte técnica de Ascension, tudo está muito mais polido do que em God of War 3. Apesar de ambos os games compartilharam a mesma engine gráfica, ela é bem melhor aproveitada em Ascencion. Kratos está magnífico, com um nível de detalhes sem precedentes. Tão impressionantes visualmente quanto Kratos são as Fúrias e os principais inimigos “regulares” do game. Entretanto, o fator que mais merece destaque aqui são os cenários.

Os cenários em Ascension são maiores, mais interativos e impressionantes do que tudo o que a série mostrou até o momento. O melhor exemplo é todo o cenário que comporta os puzzles para se entrar no templo do Oráculo de Delfos. A escala desses cenários é soberba, fazendo com que Kratos pareça não mais do que um inseto em ambientes interativos e móveis. Com medo das piadinhas que poderão vir com meu próximo comentário, o jogador sonhará com as gigantescas serpentes artificiais depois que conhecer esse cenário.

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O visual é muito caprichado em Ascencion!

Outro cenário brilhante são os capítulos passados na estátua de Apolo. Aqui, mais do que a escala absurda, o novo poder de degenerar ou regenerar o cenário é muito utilizado e isso sempre rende visuais incríveis e puzzles bem elaborados. Um outro novo poder, o de criar um clone de si mesmo, também é bastante aqui, o que também rendem resolução de puzzles interessantes.

Na verdade, todos os puzzles baseados nesses novos poderes de Kratos são muito interessantes, o que trouxe um ar de renovação aos já batidos e “insultantes cerebrais” puzzles da série.

Por falar em poderes de Kratos, importante destacar o quanto o gameplay de Ascension é melhor do que o de seus antecessores.

Durante as batalhas agora é possível usar uma das “Blades of Chaos” para segurar um dos inimigos e continuar a batalhar com a outra lâmina. Partindo daí é possível arremessar o inimigo preso em outro, arremessá-lo no chão para causar-lhe dano ou mesmo bater no próprio com a outra lâmina sem que o inimigo possa revidar.

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Uma das fúrias aprendendo o que é “fúria” de verdade!

Outra adição interessante é a possibilidade de bater no inimigo com as mãos, o que garante seu desarme, deixando-o menos agressivo e fazendo com que seus ataques tenham menores danos. Aliado a isso temos mais uma adição, agora é possível coletar armas dos inimigos desarmados para utilização, o que aumenta bastante as possibilidades em campo de batalha. Ademais, essas armas secundárias possuem normalmente alto dano e podem causar na maioria dos inimigos “stun” instantâneo caso sejam arremessadas.

As batalhas continuam contanto com toda a agressividade de Kratos, possuindo inclusive algumas das finalizações mais cruéis, sanguinárias, nojentas e “motherfuckers” de todos os games da série. Matar medusas, “elefantes” e minotauros nunca foi tão reconfortante.

Um ponto negativo de Ascension que muitos apontaram é o fato de não haver nenhuma outra arma principal que não a “Blades of Chaos”. No lugar de mais armas, o game oferece magias e características diferenciadas para cada “estilo” de lâminas escolhido. Particularmente não me senti incomodado, uma vez que cada “estilo” escolhido tem seus momentos mais propícios de serem usados e cada magia tem suas vantagens e desvantagens. Entretanto muita gente se sentiu desconfortável com essa característica, então fica aqui apontado tal fator de desapontamento.

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É assim que Kratos começa o game…

Um problema no que cerne o gameplay de Ascension se dá dada a ambição da equipe de desenvolvimento demonstrar o quão grandiosos são os cenários do game. Pelo menos em dois momentos a câmera dá um “zoom out” tão grande para mostrar toda a grandiosidade do cenário que “se esquece” que o jogador ainda está enfrentando inimigos no momento. Resultado: é difícil, para não dizer impossível, ter a certeza de o que está acontecendo no campo de batalha, o que pode garantir alguma morte sem que o jogador tivesse total controle da situação.

Por fim, agora o game possui uma barra de raiva, que vai se enchendo à medida que Kratos acerta ataques, mas que decresce quando é acertado. Uma vez cheia permite combos maiores, mais fortes e exclusivos para cada estilo de lâmina escolhido. Ademais, permite um ataque especial, que faz com que a barra esvazie por completo caso seja assertivo.

A trilha sonora de Ascension continua com a mesma qualidade com o qual os jogadores já estão acostumados. Algumas velhas conhecidas estão de volta, casando muito bem com as novas trilhas compostas exclusivamente para Ascension. Assim sendo, nota 10 para a OST desse game, que de quebra vêm junto com o game para que possamos contemplá-la a bel prazer.

A campanha single-player tem um tempo de duração padrão similar ao do terceiro game da série, o que é o ideal para um game do gênero, em especial considerando o seu fraco enredo.

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Imagem conceitual de Ascension: Pé da Estátua de Apolo.

A grande novidade de Ascension por certo é a introdução de um bem-vindo modo multiplayer, que se não revoluciona é bom o suficiente para manter os jogadores presos no game por muito tempo.

Dentre os modos disponíveis, todos baseados em “descer a mão” no adversário online, por certo o melhor deles, assim como o era no “Beta Multiplayer” é o “Favor of the Gods”. Existem ainda mais dois modos de jogo: o “Deathmatch” e o “Capture the Flag” dispensam apresentações e, em resumo, são uma versão violenta dos já clássicos modos de jogos referentes em outros games. O Quarto modo de jogo online, o “Trial of the Gods” se resume em o jogador e seu time enfrentar e derrotar hordas de inimigos, que vão aumentando de dificuldade a cada nova rodada, a fim de ganhar mais experiência.

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Esse é o começo de muitas horas de gameplay no multiplayer de Ascension!

Como considerações finais, é importante frisar que alguns bugs atormentam o jogador, bugs aliás já “clássicos” da série, como atraso eventual de som, trilha sonora parar de tocar do nada para voltar somente após um “loading”, entre outros. Nada sério, mas que já deviam não mais existir nos games da franquia. Um patch foi lançado para resolver tais problemas, mas eles ainda eventualmente ocorrem.

Ademais, como em God of War 3, não existe instalação do game no HD, o que faz com que o game force bem mais o canhão óptico do Playstation 3. Isso gerou problemas para com jogadores que possuiam um console “mais rodado”, pois eventualmente o jogo travava, entrava em “looping infinito” de refresh de inimigos, entre outros. Não compreendo o porquê a essa altura do campeonato um game ainda é lançado sem possibilidade de instalação do mesmo no HD.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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