Análises

God of War III

A terceira e conclusiva saga de Kratos, em busca de vingança

Nos últimos anos Kratos conseguiu ganhar uma grande e merecida reputação no mundo dos games, virando não apenas influência para inúmeros outros jogos, mas sendo também o carro-chefe e ícone da Sony e da marca PlayStation. Se a Sega tem o Sonic, a Nintendo o bigodudo, a Sony tem o Kratos.

A popularidade do herói é facilmente comprovada através do sucesso de seus dois primeiros títulos, que figuram entre os mais vendidos do PlayStation 2, e pela longa fila com mais de 300 pessoas à espera do game para o PS3, no Shopping Eldorado, em São Paulo.

Provavelmente GoW3 é o primeiro título no Brasil a juntar tantas pessoas em seu lançamento, coisa que é bastante normal lá no Japão ou nos EUA. E isso que o game custa R$200, um preço bastante salgado para um “joguinho de videogame“. E será que ele vale todo esse investimento? Ah, vale sim! Leia abaixo porque.

Como não poderia deixar de ser, GoW3 ganhou a sua versão “vamos ganhar mais dinheiro”, chamada God of War III Ultimate Edition. No pacote especial, além do jogo, temos também a trilha sonora da trilogia, um documentário sobre a franquia GoW, um livro com ilustração artítiscas, acesso a uma arena com 7 desafios e uma roupa especial para Kratos, exclusiva do pacote. Além disso ele também conta com um pequeno álbum de Heavy Metal inspirado no jogo, contendo cinco músicas com as bandas Killswitch Engage, Trivium, Opeth, Taking Dawn e Dream Theater. O preço? 100 verdinhas, lançamento exclusivo nos EUA.

No fim, só haverá caos

Um dos pontos forte de GoW3 é a sua história, que fecha as pontas dos outros dois games de forma épica e fenomenal, digna de superproduções do cinema. Farei um pequeno resumo da narrativa, sem spoilers, para não estragar a diversão de quem ainda não jogou, e matar a curiosidade daqueles que não tem um PS3.

O título começa imediatamente após o segundo game, com Kratos e sua tropa de Titãs escalando o Monte Olimpo para encarar os deuses. O uso das câmeras, do zoom e das escalas gigantescas dos titãs é algo impressionante na tela. A mitologia grega é a base do jogo e de todo enredo, criando uma ambientação fascinante, que neste terceiro capítulo está construída de forma bastante fluída e cativante. Todas as personagens que aparecem no decorrer da aventura possuem personalidades próprias que dão vida e força à narrativa.

Você com certeza não vai se decepcionar com a busca de vingança do espartano contra o seu pai, especialmente nos momentos iniciais do jogo, que são bastante intensos. Mais do que isso, os primeiros 30 minutos do game são provavelmente os mais incríveis que já vi em um videogame, sem exagero nenhum. É um show audiovisual do naipe das melhores produções bilionárias do cinema, que com certeza deixará qualquer um com o bocão aberto e fará pensar “porra, valeu a pena gastar 200 pila nessa belezinha”.

O primeiro oponente de Kratos será o deus dos mares, Poseidon, que vai tentar impedir a escalada dos titãs no Olimpo. A batalha é colossal e nos já dá ideia do que podemos esperar daqui para frente.

Se a narrativa é o primeiro ponto de destaque, o segundo fica para os gráficos, que simplesmente quebram os limites alcançados por outros gigantes como “Uncharted 2“, Heavy Rain” e “Final Fantasy XIII“. O uso das capacidades do consoles são muito bem aproveitadas, nos apresentando um titã visual da melhor qualidade nesta geração. Cenários majestosos com uma direção artística impecável vai encher os seus olhos através da tela da TV.

Design das personagens extremamente detalhadas e cheias de vidas, texturas e animações admiráveis que apenas confirmam a grandiosidade dos eventos. Dezenas de inimigos muito bem elaborados, com designs criativos e ataques diferenciados. E os mínimos detalhes não foram esquecidos, como o sangue cobrindo o corpo de Kratos durante os combates, o vapor quente que sai das narinas dos minotauros antes de Kratos atravessar suas gargantas com a sua lâmina, entre outras coisas são brilhantemente visíveis. O design dos cenários são bastante distintas e detalhadas, cheios de armadilhas e com a ação acontecendo não apenas no plano principal, mas também ao fundo, com combates, lutas, harpias voando, como uma história paralela.

A jogabilidade e sua mecânica em geral é muito familiar aos outros games, mas temos algumas novidades e refinamentos que conseguem manter a aventura de Kratos fresca e atrativa. Os combos devastadores e sangrentos estão de volta e você pode usar novas armas, alternando entre golpes normais e fortes. Cada arma é usada de uma determinada forma e empenham um papel importante no sistema de combate do jogo, cada uma com os seus combos e magias próprios. Certos inimigos só poderão ser derrotados com determinadas armas, especialmente as lutas contra os deuses, que são bastante intensas e violentas, a ponto de impressionar quem não está acostumado com tanto sangue e brutalidade.

Todas as armas são conquistadas por Kratos em sequências da narrativa, que darão acesso a novas áreas, novos inimigos, novos golpes. Uma boa novidade é que as armas agora podem ser trocadas durante as lutas, dando mais estratégia e combos mais devastadores. A violência sempre um fator presente nos títulos de GoW, e neste terceiro episódio não podia ser diferente. Você vai arrancar as vísceras dos seus inimigos, cortar pescoços, arrancar cabeças, esmagar crânios com os pés, tudo isso regado a muito sangue jorrando pela tela.

Seguindo a tendência dos atuais games, GoW3 também apresenta os Quick Time Events (QTE), que são comandos que devem ser pressionados em certos momentos para aplicar ataques devastadores com incríveis visuais. As lutas contra os chefes de fases, os deuses do Olimpo, são com certeza as melhores que já apareceram em um game deste gênero. Elas são colossais, apresentam um alto nível de desafio e são um espetáculo visual.

Os combates em geral são fluídos, com um bom sistema de física nos movimentos do personagem sem apresentar qualquer tipo de problema no frame rate, que dispõe de combos, ataques especiais, esquivas e magias. Mas o melhor de tudo é que sua jogabilidade nunca se torna repetitiva ou entediante, você tem diversas opções de ataques, combinações e possibilidades como agarrar um inimigo abrir caminho com o seu corpo através de uma multidão. Os inimigos são todos muito criativos e interessantes, cada qual com a sua maneira de combater, uns são mais fracos, outros são extremamente fortes, o que vai exigir sequências de golpes superior à dos títulos anteriores.

Mas não é apenas de batalhas e sangue que GoW3 é feito, assim como nos jogos anteriores, teremos puzzles para resolver, alguns mais simples, outros mais complexos que exigirão dedicação e tempo para a sua resolução. São excelentes como um ponto de equilíbrio entre a ação intensa e momentos mais calmos, com desafios diferentes para o jogador além de ser um esmagador de botões, como em outros jogos do gênero. Você irá empurrar objetos, puxar alavancas, abrir e fechar portões, acionar plataformas, acender tochas, escalar paredes e montanhas, entre outras coisas, que diversificam a jogabilidade e aumentam exponencialmente a diversão do game. Também temos alguns minigames, inclusive um muito similar à mecânica de jogos musicais como “Guitar Hero” ou “Rock Band” ou ainda outro similar ao jogo “Echochrome”, puzzle da própria Sony que inverte as perspectivas de câmeras (bem chatinho, mas bem bolado). E o minigame de sexo? Sim, ele está lá também, não se preocupem, Kratos poderá dar uma relaxada em sua jornada sangrenta.

A trilha sonora orquestrada, assim como todo o jogo, é grandiosa e épica, que se encaixa perfeitamente durante o jogo, seja nos momentos de ação, na luta contra os chefes, nas belas cutscenes (que utilizam gráficos in-game). Destaque também para o excelente trabalho nos efeitos sonoros. Praticamente tudo tem o seu som, desde o som dos cascos dos minotauros aos sons das lâminas em combate. Simplesmente espetacular. E para complementar a sonoplastia temos as dublagens, extremamente competentes e de alta qualidade. O elenco de dubladores, a maioria já profissional atuando em outros games ou animações, consegue dar vida aos personagens da forma que eles merecem e que irá satisfazer os jogadores mais exigentes.  Para aqueles que quiserem a dublagem e textos de português de Portugal, devem procurar a versão europeia, já que é a única ter essa opção, mas pelo que pudemos ver por aí, não chega a ter o mesmo brilho da dublagem original, mas  é um esforço admirável da Sony que deve ser reconhecido.

GoW3 não é um jogo muito longo, tem em média umas 15 horas de jogo, se você explorar todos os cantos possíveis, colecionar todos os itens e melhorias para o personagem. O fator replay é bom, com missões adicionais e uma arena de combate e algumas novidades para Kratos, como uma roupa especial e videos de making-of mas nada muito essencial. Mas mesmo que não tivesse nada, você certamente irá jogar novamente GoW3 diversas vezes. Ah sim, preparem-se para um final trágico que certamente vai dividir opiniões entre os fãs.

“I will have my revenge!”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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