Análises

Gone Home

 

Quando se pensa em um jogo com perspectiva em primeira pessoa, a maioria dos jogadores imediatamente associa esse tipo de visão a jogos de tiros, principalmente a atual geração que cresceu jogando Call of Duty e Battlefield. Porém alguns estúdios mostraram que há muito mais do que simplesmente tiros e explosões, a Valve com seu genial Portal foi um bom exemplo disso. Gone Home é outro título que mostra que a visão em primeira pessoa pode ser usada de outras formas, como acontece aqui, em um jogo pensado exclusivamente para seu roteiro, que deve agradar aos amantes de Adventures e Point and Click.

História e jogabilidade unidos

Em Gone Home o jogador controla Kaitlin Greenbriar que acaba de voltar de sua viagem a Europa. Katie, como é chamada por seus parentes, chega logo após o início de uma grande tempestade e acaba encontrando sua casa vazia. É assim que começa a aventura, que se passa toda no lar dos Greenbriar.

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O início de Gone Home nos deixa completamente sem saber o que esperar do título e talvez isso seja um dos maiores trunfos, pois a partir desse momento os jogadores abrem suas mentes e fica o sentimento de “ok, me surpreendam”, tarefa que com toda certeza será concluída com sucesso.

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Nos momentos iniciais vamos nos acostumando com a jogabilidade e nos maravilhando com a possibilidade de interagir com praticamente todos elementos do cenário. Você pega objetos e os observa de perto, gira para ver os rótulos de produtos de limpeza, abre gavetas, aperta interruptores para ligar as luzes e até mesmo lê as capas de revistas, datadas de 1995, ano em que se passa o jogo, mais precisamente 7 de Junho.

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E tudo é novidade até o jogador encontrar as primeiras anotações, os recados de seus parentes espalhados pela casa, recibos de compras, folhas de garantias de serviços prestados pelo eletricista, recados não ouvidos na secretária eletrônica e ai as coisas começam a ficar interessantes.

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Você passa a ler alguns recados comuns do dia-a-dia e outros sobre conversas mais especificas e pouco a pouco vai conhecendo mais sobre o local, sobre sua família e as pessoas que ali frequentavam. Como não há ninguém, nenhum personagem para dialogar, essas anotações ganham em importância, tudo que liga você a Katie e seus parentes são esses pequenos rabiscos que nos esforçamos a ler devido à letra relaxada, que é exatamente o que fazemos quando queremos deixar recados para nossos familiares ou quando estamos com preguiça de escrever.

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É um jeito totalmente novo de conhecer sua própria família, você descobre mais sobre seu pai e sua profissão, o amor de seu avô pela casa que seus pais herdaram, as dificuldades vividas por sua irmã Samantha, carinhosamente apelidada de Sam como também o baita trabalho que dá a sua mãe, devido a sua fase rebelde.

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Quanto mais pistas você encontra mais vontade dá de vasculhar os cômodos de sua enorme casa. Cada cômodo da casa parece contar uma história diferente, alguns apresentam até continuações dessas histórias o fazendo viver diferentes experiências em cada novo local que explora. Os cenários também parecem conversar com o jogador, cada cômodo apresenta algumas peculiaridades, como fitas de rádio jogadas por todo canto, caixas de pizzas sem seu saboroso conteúdo além da bagunça encontrada aqui e ali.

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O jogador vai acompanhando tudo isso com atenção e a cada nova descoberta as coisas vão ficando mais misteriosas e intrigantes, como por que essa fita de rádio está escondida na gaveta? Por que há caixas de pizza espalhadas por todos os cantos da casa vazias? E esse bilhete amassado jogado bem no canto para ninguém ver? Cada nova descoberta envolve o jogador ainda mais nesse mundo criado pelos desenvolvedores.

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Conforme vai avançando o jogador começa a perceber alguns assuntos pertinentes, fora dos assuntos triviais e que vão ganhando cada vez mais detalhes e a curiosidade começa a ganhar toques de drama e nesse momento tudo começa a fazer mais sentido.

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A compreensão dessas descobertas é complementada com os “Diários de Sam” (Sam’s Journal), que apresentam pequenos monólogos de sua irmã mais nova Sam, quase como se ela estivesse lendo seu diário pessoal. Cada novo trecho do monólogo de sua irmã acrescenta e complementa a pista que o jogador achou e o deixa ainda mais intrigado para saber mais sobre Sam.

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O jogo traz uma experiência nova, incrível e falar mais do que já citei sobre o enredo seria cometer o crime de tirar de vocês leitores a oportunidade de viverem essa experiência. Jogar Gone Home é uma experiência tão imersiva que você só irá conseguir parar após finalizar o game, que infelizmente deverá durar no máximo 3 horas, curto mas talvez na medida certa para não tornar as coisas arrastada demais.

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Após essas 3 maravilhosas horas e com o sentimento de “quero muito mais”, acabamos nos sentindo como cachorros abandonados dada a escassez de trabalhos competentes como esse se comparados as enxurradas de jogos do gênero FPS, cada vez mais genéricos, faltando somente a letra G estampada na capa; é obvio que isso não é uma regra absoluta e temos sim bons/ótimos/excelentes títulos de tiro em primeira pessoa todo ano, mas os genéricos atacam em quantidade massiva.

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Gone Home finaliza o pacote com ótimos gráficos, fazendo a casa de Katie e sua família uma das mais realistas já vista nos games, não no que diz respeito à qualidade gráfica próxima ao fotorrealismo, mas pelo cuidado aos detalhes. Um exemplo banal mas que comprova o que foi dito é ver que os abajures realmente estão ligados na tomada e que a casa realmente têm tomadas.

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Cada cômodo da casa foi feito com cuidado, entregando uma arquitetura de uma casa antiga, provavelmente construída entre os anos 60 e 70, porém com pequenas mudanças feitas durante os anos para aconchegar e suprir as necessidades das novidades tecnológicas, que na época do jogo tinha o Vídeo Cassete como uma revolução.

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Além da atenção aos detalhes os desenvolvedores presentearam os jogadores não só com pistas cuidadosamente plantadas, mas com vários elementos para fazê-lo sentir saudades dos anos 90, como as fitas de Super Nintendo que encontramos aqui e ali ou o pôster de dar inveja no quarto de Sam, nos fazendo relembrar da clássica série Arquivo X. Há outras referências, mas essa é uma das outras atividades de Gone Home que merece ser apreciada pessoalmente.

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A trilha sonora, por outro lado, varia entre pequenas melodias calmas e aconchegantes a momentos de silêncio, onde seus passos e o barulho dos trovões da tempestade tomam lugar e a combinação parece sempre casar com perfeição. Há também algumas músicas com estilo Grunge e Riot Girls, que deve aumentar o saudosismo de algumas pessoas mais seletas não crucifiquem esse pobre redator caso o mesmo tenha errado o estilo das músicas. Com exceção das músicas que ouvimos ao colocar as fitas no rádio que atingem mais um público alvo específico, as demais faixas da trilha sonora de Gone Home deve agradar e muito os jogadores e entram na lista das mais belas já feitas para um jogo Indie.

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