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Sega Saturn faz 25 anos: relembre a história do cancelamento de Streets of Rage 4

Assim como em qualquer outra área da humanidade, o mundo dos games possui uma infinidade de “histórias de pescador” acerca de vários assuntos. Algumas dessas histórias se tornam verdadeiros mitos, como a possibilidade de capturar Mew em Pokémon Red / Blue por exemplo.

Entretanto, por mais inacreditáveis que sejam, algumas são reais. Retratam fatos verídicos que podem ser realizados em algum game, ou mesmo alguma situação que é tão absurda que inicialmente negamos que sejam verdade.

Apresentarei aqui uma dessas histórias que entra na segunda categoria acima apresentada: o cancelamento do projeto do quarto Streets of Rage.

Concebido pela Sega para o Mega Drive em resposta à popularidade do gênero Beat´n Up na época e à exclusividade de Final Fight para o Super Nintendo, Streets of Rage imediatamente conquistou o coração dos gamers.

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Com a possibilidade de se jogar com um amigo e sair descendo a mão na vagabundada em dupla, opção inexplicavelmente capada na versão de Final Fight do Super Nintendo, a Sega saiu na frente na batalha dos Beat´n Up nos consoles de mesa e começou ali uma das mais queridas franquias dos games dos anos 90.

Começou ali também a popularização do maior nome do game music dos anos 90, Yuzo Koshiro.

A franquia ganhou ainda mais dois games, ambos lançados para o Mega Drive.

Streets of Rage 2, considerado por 10 a cada 10 pessoas um dos melhores, se não o melhor game do 16 bits da Sega. Tudo foi melhorado drasticamente quando comparado ao game anterior: gráficos, gameplay, duração do game e a sonoplastia.

Por falar em som, esse é considerado o melhor trabalho de Yuzo Koshiro em sua carreira. Streets of Rage 2 tem uma das mais idolatradas trilhas sonoras da história do entretenimento eletrônico. Koshiro literalmente tirou “leite de pedra” do fraco chip de som do Mega Drive.

Streets of Rage 3, apesar de ser um jogo muito divertido e até mais variado, passa longe de ser a unanimidade que foi seu antecessor. As maiores críticas se focam na trilha sonora conturbada e na falta de inovação visual.

A franquia é tão conhecida e amada pela comunidade gamer que em 2011 ganhou uma verdadeira prova de amor conhecida como Streets of Rage Remake, jogo desenvolvido ao longo de oito anos pelo grupo Bomber Games, absolutamente sem fins lucrativos, que possui qualidade de jogo oficial.

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Infelizmente a Sega mandou o grupo tirar o game do ar, mas uma vez que já havia sido lançado, ainda hoje é muito fácil encontra-lo para download. Recomendo veementemente que o façam.

É claro que para grande maioria dos fãs esse rápido retrospecto sobre Street of Rage é absolutamente desnecessário. Afinal de contas é uma adorada e conhecida franquia certo? Aparentemente, no período em que o Dreamcast tentava se estabelecer, a Sega of America não compartilhava desse amor e/ou conhecimento para com a franquia.

Durante esse período a Sega estava a revitalizar algumas de suas franquias mais conhecidas para ajudar a elevar as vendas do novo console. Sob essa política vieram games como Sonic Adventure, Rent a Hero e Ecco the Dolphin, por exemplo.

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Pensando sob essa ótica a Sega of Japan iniciou um projeto para revitalizar Streets of Rage, previamente chamado de Streets of Rage 4. Tudo estava em processo muito embrionário ainda, não havendo sequer um demo jogável, apenas um Tech Demo conceitual. Um vídeo desse Tech Demo pode ser encontrado facilmente hoje no YouTube.

Infelizmente o projeto foi rejeitado mais do que depressa pela Sega of America.

Presidida na época pelo infame Bernie Stolar, a justificativa mais difundida acerca da rejeição do projeto de retorno de Streets of Rage pela Sega of America é que a franquia não teria mais grande apelo para com o público que justificasse o investimento.

Pior do que isso, dizem as más línguas que o próprio Bernie Stolar sequer tinha real conhecimento acerca de o que era Streets of Rage e do quanto a franquia foi importante no passado da Sega.

Como é possível que o homem à frente da Sega of America pode ter tão pouco conhecimento acerca da própria Sega e de seu passado, me é inexplicável. Infelizmente não acho impossível.

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Foi o próprio Stolar quem disse que o público americano não se interessaria em JRPGs na época em que o console do momento da Sega era o Saturn, demonstrando um nulo conhecimento de mercado e uma completa falta de feeling do negócio. Imagino que ele tenha pesadelos até hoje somente ao ouvir o nome Final Fantasy VII.

Tempos depois saiu da boca de Bernie Stolar a famosa frase “The Saturn is not our future” em um momento extremamente complicado do 32-bits da Sega em terras americanas. Um verdadeiro gênio do marketing.

Em verdade qualquer fã da Sega tem verdadeiro ódio de Stolar e acho que eu coloquei um pouco mais desse sentimento no coração de alguns com esse texto. Basicamente, graças a ele e a Sega of America não tivemos uma nova versão de Streets of Rage nos tempos áureos dos videogames.

Só agora, depois de muitos anos, a franquia Streets of Rage finalmente ganhará sua merecida sequência, com gráficos em alta definição e jogatina online.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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