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J-Stars Victory Vs+

J-Stars Victory Vs foi anunciado em 2012, somente para o público oriental, em comemoração aos 45 anos da revista Weekly Shonen Jump, lar de alguns dos maiores mangás shonen ao longo desse quase meio século de existência. Não se sabia se o game seria trazido para o ocidente, em especial devido a problemas de licenciamento de personagens. Felizmente em 2015 J-Stars Victory Vs+ foi finalmente disponibilizado para “o lado de cá” do planeta.

O conceito do jogo é simples e funcional: reunir alguns dos maiores nomes dentre as obras da Jump e colocar todos para brigarem.

O meio de escolha desses personagens foi um tanto inusitado. Com exceção de Goku (Dragon Ball), Toriko (Toriko) e Luffy (One Piece) todos os outros chars foram escolhidos através de voto popular. Dessa forma se garantiu que os mais populares dentre as inúmeras obras disponíveis estariam presentes.

Se teria esse crossover de grandes nomes da Jump rendido um bom game é o que analisaremos aqui.

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Apesar de a versão “plus” (única disponível no ocidente) do game ter saído somente em 2015 para Playstation 3 e Playstation 4, o jogo base ainda é o lançado no Japão no ano de 2012. Com isso o visual do game é sim um pouco datado quando comparado com outros games de gênero similar lançados no mesmo período da versão “plus”.

Apesar de o visual não incomodar muito em sua versão para Playstation 3, a versão para Playstation 4 visualmente se aproxima do inaceitável. E sim, a versão para o console de atual geração da Sony não passa de um port do game para PS3, ou seja, não se utiliza adequadamente das vantagens do hardware do videogame.

Em J-Stars a Namco-Bandai resolveu não se utilizar da técnica Cel-Shading, que faz com que um game tridimensional possua um aspecto de desenho animado. Se por um lado essa decisão é questionável, dado o gênero do game, por outro acaba destacando-o nesse próprio nicho de seu gênero. De qualquer forma, dada a alta fidelidade com que cada personagem foi construído para o jogo em comparação com sua contraparte em anime, o não uso do Cel-Shading não chega a incomodar.

Os cenários em que as batalhas ocorrem são todos temáticos e muito fiéis a suas contrapartes nas obras originais. Quem conhece o mangá / anime correspondente por certo sente aquela pontada de nostalgia ao contemplá-los.

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Muitos dos cenários possuem muitos elementos destrutíveis, mesmo que fisicamente questionáveis e muito simplórios. Como nesse tipo de jogo é a farra que vale, ninguém está ligando com realismo e física mesmo.

O gameplay não muda muito o “beabá” desse tipo de jogo. É simplório mas funcional. Basicamente todos os personagens possuem as mesmas mecânicas de jogo, com pequenas alterações em execução de combos ali e acolá. As maiores diferenças aqui se dão nas animações dos poderes de cada char e não na execução dos mesmos.

Como era de se esperar, cada personagem possui seus movimentos mais icônicos, o que envolvem poderes de destruição massiva, transformações, entre outros. Estranho é constatar que apesar de jogarmos com todos esses personagens absolutamente ágeis e super poderosos, os controles não consigam retratar isso a contento.

Infelizmente, apesar de responsivos, são duros e não ornam com a zona rolando na tela ao longo das furiosas batalhas. Outro problema é a câmera, que em muitos momentos não se posicionam adequadamente, em especial em cenários que não são totalmente abertos.

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Ademais, como podemos esperar de um jogo desse gênero, o equilíbrio dos personagens não é uma das grandes preocupações da equipe de produção. Isso cria um elenco desequilibrado, com alguns personagens muito melhores de a esmagadora maioria, e alguns absolutamente inúteis. O sistema de cartas, que garante melhorias de status para os personagens faz com que esse desequilíbrio se torne ainda mais acentuado.

As lutas rolam regularmente em 3 x 3. Dois personagens são os lutadores principais do trio e um é o suporte. O suporte é chamado por um dos dois principais para realizar um ataque ou movimento pré-definido tão somente. Ao longo do combate um personagem principal é controlado pelo jogador e o outro pela I.A.

A maioria dos personagens podem ser selecionados tanto como principais quanto para suporte, entretanto existem personagens que podem somente ser selecionados como suporte.

Apesar de ótima abertura que possui além de uma bela animação em CGI e uma música cantada inédita, na vibe das aberturas dos animes mesmo, a trilha sonora do game é bem fraca. Não consigo compreender o porquê não se utilizaram de músicas dos próprios animes. Para compensar isso é possível se utilizar de músicas próprias, disponíveis no console, para serem executadas pelo jogo.

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A dublagem conta com todos os dubladores originais japoneses de cada um dos personagens presentes, o que garante uma boa interpretação a todos eles.

Felizmente o jogo é parcialmente localizado no Brasil, contando com tradução completa dos menus e com legendas em português das falas de todos os personagens. Apesar de ser um trabalho aceitável, algumas traduções não fazem sentido isoladamente, bem como alguns textos não foram traduzidos, sendo apresentadas legendas em inglês.

Quanto ao conteúdo de jogo, esse é possivelmente o ponto mais fraco de J-Stars Victory Vs+.

O modo história, maior e mais robusto modo de jogo, é uma lástima. Nele, por algum motivo, todos os personagens da Jump estão no chamado “mundo Jump” e devem entrar em um torneio. Para tal devem adquirir alguns itens que validem a inscrição. Depois disso a história passa para o bom e velho “salvar o univeroso”.

O core desse modo tenta possuir uma vibe de RPG, possibilitando a navegação ao redor desse mundo Jump para a coleta de informações e dos itens. Infelizmente essa exploração é rasa e a coleta de informações e itens se resumem em lutas localizadas em pontos específicos e mostrados no mapa. Em resumo, o jogador irá de um ponto a outro no mapa, lutará, receberá alguma informações e repetirá o processo.

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A equipe produtora não se preocupou sequer em criar inimigos próprios. São seres que se transformam em personagens da própria Jump para lutar. Nem mesmo o chefe final desse modo foge desse modo. Absolutamente anticlimático.

Para fechar o caixão desse modo, existem pouquíssimas falas que não sejam somente texto e toda a história é contato por intermédio de desenhos estáticos.

Fica pior: caso queira fechar esse modo em 100% terá passar por ele 4 vezes, uma vez com cada uma das equipes principais. Não importa qual seja a equipe escolhida a história não muda, ou seja, são basicamente 4 vezes da mesmíssima má experiência.

O modo arcade é a melhor opção para o single-player, mas não segura o game por muito tempo.

O modo online, apesar de surpreendentemente estável, proporcionando pouquíssimos problemas de conexão, não apresenta nada de inovador e não permite total customização das batalhas. Por exemplo, não é possível enfrentar um amigo online em um 1×1, algo absolutamente possível nos modos livres de jogo single-player. Porque?

O eterno modo ranqueado de combate online lá está, mas é muito difícil encontrar alguém jogando a essa altura do campeonato.

Caso você seja um jogador que procure aquele “algo a mais” em seus jogos, J-Stars Victory Vs+ não é para você. Se trata de um jogo absolutamente mediano em sua execução. Caso seja um grande fã de animes em geral e queira somente se divertir colocando em campo de batalha personagens de diferentes universos, o game pode trazer algum entretenimento e diversão, mesmo que limitados.

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Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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