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Jogos de Luta: Um sinônimo de dedicação

por Manoel Roberto Soares

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Muitas atividades do nosso cotidiano requerem prática para seu aperfeiçoamento. Um jogador irá jogar melhor se treinar muito. Um chef de cozinha irá preparar pratos elaborados e mais saborosos se cozinhar mais. Nos videogames se quisermos jogar bem, também precisamos de treino e principalmente dedicação. Um dos gêneros que exige muito do jogador são os jogos de luta. Entretanto, se você não quiser dedicar-se para aperfeiçoar suas técnicas e só deseja uma jogatina para entretê-lo por algumas horas, sem problemas: isto pode ser feito normalmente.

Mas se existe algo que não podemos fazer é chamar o outro jogador de apelão só porque ele consegue aplicar combos, conhece a área de espaço do seu personagem e os pontos fracos do personagem adversário. Mesmo porque não existe jogador ou jogo de luta mais apelão. O que existe de fato são jogadores que treinaram e se dedicaram para obter o tão sonhado desempenho nas competições e aqueles que não treinaram. Mas se mesmo assim você ainda achar que existem jogos e jogadores apelativos, definitivamente este gênero não é para você.

Costumo dizer que pratico (não treino o suficiente como queria) ao invés de falar “eu jogo” desde o boom chamado Street Fighter II em 1991. Quando vi o arcade pela primeira vez aos 11 anos, achei aquilo simplesmente incrível, mesmos sem entender porque a ficha dos jogadores mais assíduos (aqueles que terminavam Double Dragon e Final Fight com apenas um crédito) durava apenas uma luta.  Naquele momento percebi que não se tratava de mais um fliperama (vamos ser sinceros, poucos frequentadores falavam arcade no início da década de 90) como outros que já tinham passado pela a padaria perto da minha residência onde passei minha infância e parte da adolescência. Muitas fichas seriam necessárias para entender aquele carismático jogo.

Para vocês terem uma ideia, nunca consegui aplicar um Hadouken ou Shoryuken de modo sensato, digo sem quebrar o controle ou algum botão da máquina. Claro que eu não era o único que não conseguia aplicar tais golpes sem deixar algumas sequelas no gabinete no qual estava alojado o precursor do sucesso nos jogos de luta. Porém, enquanto muitos voltaram para Final Fight, Double Dragon e afins, eu continuei jogando SF II. Já que eu não conseguia aplicar os famosos golpes de Ryu e Ken, parti para os personagens com comandos menos complexos como Guile, E. Honda, Blanka e Chun-li. Com bastante treino, consegui aplicar os golpes especiais de todos os personagens sem quebrar algum botão ou alavanca e além disso, fui o primeiro jogador do bairro a finalizar o game com a mulher mais forte do mundo.

Na era arcade de SF II, depois do domínio dos outros personagens, tentei jogar mais algumas vezes com Ryu e Ken, mas sem sucesso. Quando estava quase desistindo dos principais personagens da franquia, surge então SF II para Super Nintendo e foi nesta conversão do sucesso dos bares para as residências onde consegui aplicar meus primeiros Hadoukens e Shoryukens.

Percebi também que nos controles do console 16 bits da Nintendo meu desempenho era muito, mas muito melhor do que nos arcades (na época do SNES alguns jogadores, inclusive eu já chamavam de arcades o que até então era conhecido como fliperama). Desde então me dediquei somente aos controles sem alavanca para meu aperfeiçoamento neste gênero que amo tanto. Da minha turma, fui o primeiro a aplicar a sequênciavoadora, rasteira média e magia”. Sim, sequência, pois ainda não era conhecido como combo.

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Depois de SF II vieram Fatal Fury (minha série preferida), Samurai Shodown, a série KOF, Killer Instinct entre outros títulos, e sempre continuei treinando com a mesma dedicação para conseguir o melhor resultado nos combates nesses mais de 20 anos nos octógonos virtuais.

Muita coisa mudou e para melhor desde aquela época. Hoje temos a internet com sites especializados e vídeos de tutoriais com informações, táticas, combos entre outras estratégias que ajudam e muito nos treinos. Com pouquíssimos lugares para jogar fisicamente, podemos treinar nossas habilidades em batalhas online com adversários de qualquer lugar do mundo, experiência enriquecedora para quem deseja se aperfeiçoar cada vez mais.

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Não tenho tempo nem saco para me dedicar aos jogos de luta, só jogo por jogar mesmo”. Sei disso e não tenho nada contra as jogatinas casuais (algo que eu também adoro). Mas da próxima vez, caso você jogue com alguém que treinou mais do que você, ao invés de falar “apelão” ou “seu viciado” diga “Parabéns por sua dedicação”. Não importa se é videogame, treino é treino em qualquer lugar e seus resultados devem ser prestigiados.

Uma música veio a minha cabeça e acho que ela caiu como uma luva para finalizar este post. Confiram:

Mano Beto é fundador do Grupo Game Sênior e um verdadeiro amante dos jogos de lutas. Ainda em fase de treinamento.

Sammy Anderson

Fundador do GameHall e produtor do programa Versus.

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