Análises

Lost Planet: Extreme Condition

Clima frio

Foi-se o tempo em que a CAPCOM apenas fazia jogos com o tema STREET FIGHTER. Depois que eles resolveram adentrar ao mundo 3D, fizeram vários sucessos com jogos como RESIDENT EVIL e DEVIL MAY CRY, consolidando sua posição de destaque no mercado de games com mais de uma série de sucesso. Os anos passaram e a CAPCOM mudou um pouco o foco de algumas séries, a mudança mais drástica foi no queridinho RESIDENT EVIL 4 que foi transformado em um jogo de ação, perdendo o formato antigo e apelando para um estilo mais ocidental de jogo, porém ainda focando a história do modo japonês de ser.

Vou ser sincero: fazia muito tempo que eu não jogava um jogo da CAPCOM, ou que seja um jogo Japonês. Eu joguei o ONIMUSHA 3, mas esse é “OLD SCHOOL” ainda nos formatos da série clássica.

Em LOST PLANET: EXTREME CONDITION tivemos a promessa de um grande jogo, e a comunidade X360 estava alvoroçada com o lançamento do mesmo. O demo foi considerado por muitos uma das melhores amostras de jogos do X360, ainda mais sendo da CAPCOM, o HYPE em cima foi muito grande. Agora, aos olhos deste simples colaborador do site, que não ganha nada para escrever, vamos ver as impressões que LOST PLANET me causou em mais ou menos 10 horas de jogo.

O planeta natal da humanidade entrou em crise, e a alternativa encontrada foi tentar colonizar o gelado planeta chamado E.D.N III. Com a expansão da colonização no planeta, uma raça nativa foi encontrada, chamada “AKRID”. Os “AKRID” são uma espécie de insetos gigantes que possuem uma energia térmica muito poderosa, e além disso, são hostis e querem acabar com os invasores humanos. Os humanos resolveram lutar contra os AKRID e para isso desenvolveram uma arma chamada V.S (VITAL SUITS) , que não passam de MECHAS equipados com poder de fogo superior. Vinte e dois anos se passaram e ainda não foi encontrada um forma de coletar essa energia. Eis que em uma base humana sob ataque do monstro “GREEN EYE” , conhecemos WAYNE, que irá mudar o destino de E.D.N III.

LOST PLANET é um jogo de ação em terceira pessoa, focando na grandiosidade dos cenários, ação com veículos, tiroteio non stop e exploração de mapas. Existem muitos jogos nesse estilo, então, sendo da CAPCOM todos esperavam um “diferencial” pois como todos conhecem, eles são bons em reinventar estilos, como fizeram com RESIDENT EVIL, com o estilo do ALONE IN THE DARK. O jogo adota um estilo linear de jogabilidade, cutscenes após missões, não é possível escolher caminhos ou rotas alternativas pelos mapas (que passem por cenários diferentes) chegando a um destino comum. Nesse percurso você encontra diferentes desafios, desde as formas mais variadas de AKRID e humanos. Os AKRIDS vem de todos os tamanhos e formas, desde terrestres a aéreos, sempre deixando quando morrem um pouco de energia térmica repondo a sua. Esse é a “MARIO SINDROME” do jogo, ficar tendo que pegar “moedas” para sobreviver. Devido ao clima frio do local, a sua energia térmica vai diminuindo gradualmente. Sem ela você congela até a morte, não recupera a barra de life e não vai pode usar os Vital Suit´s. Em algumas parte, seu personagem precisa usar um gancho para subir em áreas mais altas e ele ajuda a você não cair em buracos e desfiladeiros, podendo subir ou descer em segurança. Durante os mapas, você encontra checkpoints que fornecem informação de localização nos mapas, e dão um boost de T-ENG.

Sim, as ferramentas de combate são as mais variadas e padrões possíveis. Assault Rifle, shotguns, lança foguetes, snipers rifles, plasma rifles e laser rifles. Essas são as armas de mão que você pode equipar, levando no máximo duas armas. Os V.S. tem um armamento específico, que pode-se equipar mesmo a pé, porém perdendo mobilidade. Cada V.S. geralmente levam 2 tipos de armas que podem ser acionadas simultâneamente, permitindo combinações das mais variadas formas. As armas possuem como sempre uma vantagem e desvantagem. Armas baseadas em energia tem munição infinita, porém demoram para recarregar, e sd armas de projéteis (exceto lançadores de foguetes) tem uma cadência maior de disparos com menor dano. Para trocar as armas do seu V.S. apenas chegue perto, espere aparecer a indicação e troque/recarregue a arma desejada do lado desejado, fazendo a sua combinação. É comum encontrar V.S. destruídos e você pode remover suas armas e utiliza em outro operacional. A mobilidade de cada um depende do modelo. Alguns modelos podem se transformar tendo 2 formas distintas como tanques ou snow bike, sendo que cada um deles tem uma habilidade especial. Existem modelos lentos e mais rápidos, de acordo com a situação é melhor ir a pé do que com veículos. Não há um V.S. com capacidades de vôo constante, sendo que pra isso você depende da barra de “DASH” do mesmo. Não é possível reparar os mechas, e quando eles estão para explodir, você terá que ejetar, senão perde-se muita energia. Ao explodir, o V.S. deixa uma boa leva de T-ENG para que você recupere e não congele.

Como todo bom jogo japonês, temos os personagens que todos gostam de afirmar que são bem trabalhados e bem desenvolvidos na história, porém esse jogo é uma exceção. O herói, Wayne, é um pau mandado sem personalidade, que apenas vai onde mandam; seu objetivo é se vingar do GREEN EYE que matou seu pai, e ele se alia a um pequeno grupo de piratas da neve Luka e seu irmão Rick liderados por Yuri. Ao longo do jogo, mais personagens vão aparecendo, tão desinteressantes como os personagens principais. Luka seria o par romântico de Wayne e durante o jogo deveriam ocorrer insinuações românticas entre os dois, mas os escritores afetados pelo clima frio do jogo nem colocaram nada para animar o local. Rick, o irmão de Luka é um 0 a esquerda, não faz nada, e não influencia em nada no jogo, se não existisse, nem faria falta. Yuri é o chefe, envolvido com um projeto secreto desaparece, e você nem liga. Mesmo depois aparece Basil , uma pirata misteriosa que seria o oposto de Luka, que a princípio luta contra você, mas depois se alia a sua causa, como todo boa história japonesa na qual o inimigo vira amigo e etc. Isso poderia ter mais ramificações e até gerar um triângulo amoroso, com possibilidades de desenvolvimento da história. Após tudo isso aparece um personagem que promete, chamado JOE e que tem potencial, mas infelizmente é apenas outro pau mandado sem personalidade. O interessante é que o vilão do jogo, o Dr. Sokolov se revela para você sem mais nem menos contando toda a verdade, assim do nada. Sem sentido algum…

Geralmente eu não ligo para esse tipo de coisa, porém em LOST PLANET perde-se muito tempo de jogo com cutscenes intermináveis dos personagens conversando sobre briefings das missões seguintes, usando o mesmo cenário sempre. Em determinada parte do jogo, os personagens se separam e quando se reencontram, é a mesma coisa. Estão exatamente do mesmo jeito, sendo que é utilizada de maneira errada a técnica de warp, pois isso só funciona se um grande cataclisma que causou mudanças drásticas nos personagens mostrando qual caminho cada um seguiu e depois as consequências disto. O jogo peca por uma história desinteressante sem personagens carismáticos e sem iniciativa. Não são todas as cutscenes que são assim, tem algumas com bastante ação, mas não se anime muito, espere para escutar um falatório sem fim. Não sei se isso é para “contrabalancear a ação non stop” mas muitas vezes nas cutscenes quase dormi.

Sim, falando de nova geração, temos que citar a parte excelente parte gráfica. Sim, LOST PLANET é um jogo com um alto fator EYE CANDY. As texturas estão bem mais caprichadas que o comum, e os detalhes dos mechas como painéis de controle (visto de fora do V.S) estão lá, e podemos dizer, esse tipo de detalhe é bem caprichado. Os modelos são bem feitos, contagem de polígonos é boa, e o jogo não apresenta bugs ou glitches gráficos. Não há efeitos bem trabalhados de HDR ou Normal Mapping, luzes projetadas ou posicionais. Os efeitos de fumaça mesmo volumétrica, explosões são uma parte que impressionam a primeira vista, mas o efeito é sempre o mesmo, parece carimbo, qualquer coisa que exploda e gere fumaça, é sempre o mesmo efeito. A Física é bem básica, mas para um jogo japonês a adição de alguns efeitos de partículas é um progresso imenso em um mercado já acostumado com parte técnica mais refinada e caprichada. O jogo comete um pecado terrível que é ser “aberto” mas impedir que você alcance certos locais visivelmente possíveis chega a ser ridículo, para um jogo com esse tipo de liberdade. Mesmo tendo cenários abertos, o jogo conta com paredes invisíveis em que você simplesmente bate e cai, porquê a construção do cenário não deixa. Jogos como GTA existem lugares inúteis, que você pode ir, não há nada lá porém o jogo permite que o jogador explore aqui e ali. Isso mostra a liberdade que o jogo permite, e qual a razão de lhe fornecer um gancho que não permite que você suba onde quiser?

Outra coisa que LOST PLANET peca: Inteligência artificial. A inteligência dos inimigos, principalmente humanos é pífia. Os caras ficam parados na sua frente atirando, e nem se mexem, apenas algumas vezes saem correndo para o lado, mesmo assim ficam parados atirando quase sempre no mesmo lugar. Os AKRIDS vem para cima de você, devido a sua natureza selvagem e são mais difíceis de matar apenas pela quantidade de tiros, pois eles não são aquela esperteza toda. Enche o saco em locais fechados com mais de 3 monstros grandes correndo atrás de seu personagem, mas nada que escapar não resolva. O jogo fica maçante, pois além de repetitivo, os monstros e inimigos não oferecem muita combatividade. Sim uma coisa que é BEM legal: enfrentar monstros gigantes como as minhocas da terceira fase ou o Green Eye, e são os monstros mais bem feitos do jogo.

Os controles são lentos, não pela respostas, mas Wayne é lento. Não é por causa do terreno que é neve, mas a sua velocidade é sempre a mesma, tanto na neve quanto fora dela, seu personagem não possui nenhum movimento de evasão como “rolar” e isso faz muita falta quando você está enfrentando mostros em locais fechados. Quando Wayne cai no chão, demora para levantar, simulando um efeito “realista” mesmo quando ele perde o equilíbrio, sem sentido em um jogo que é considerado de “ação pura”.

Eu abomino jogos com “mira automática”. Pelo menos no jogo os caras tiveram a boa vontade de colocar essa opção, para dificultar mais, e tornar o HARD mais HARD, porém como sou escolado em FPS e jogos de ação o nível de dificuldade aumentou muito pouco, isso devido a falta de movimentação dos personagens e previsibilidade de movimentos. Uma coisa que não entendo: Wayne não pára para recarregar a arma, mas para para trocar de arma. Para trocar de armas você precisa parar em cima da mesma e apertar um botão, e aí o cara faz um movimento de agachar e pega a arma, sendo que isso leva uns 2 segundos, mas é suficiente para morrer. Seria mais simples apenas passar em cima e pegar a munição, o jogo não tem sentido de ser realista, e isso é uma coisa que esfria o jogo, pois muitas vezes você leva um tiro de foguete, cai , demora uma semana para levantar e ao no mesmo tempo vem um monstro e passar por cima de você, ficando sem reação, até morrer. Mesmo com os V.S. a movimentação não melhora, os movimentos continuam lentos, apenas permitem pulos mais altos e alguns dashs curtos. Lutar contra os V.S. inimigos é um pouco mais dificil, eles se mexem, mas como são lentos a dificuldade é um pouco maior, porém nada de surpreendente.

Jogar ele no HARD apenas faz com que você corra que nem um desesperado para enfrentar o chefe, pois a T-ENG cai tão rápido que é mais coerente fugir dos monstros do que matá-los. A energia gasta não compensa a ganha. Ridículo. A lista de conquistas inclui achar desde objetos no cenário, até uma que vale 150 pontos no qual o objetivo é terminar o jogo na dificuldade EXTREME, que é liberada após terminar o jogo, porém se já é chato terminar o jogo uma vez no modo normal, imagina passar por tudo de novo na dificuldade mais alta. Triste.

O som. Sim, o som. O jogo apresenta música nos chefes, mas não é boa o suficiente para empolgar. Durante as fases praticamente não há música, apenas o som dos passos do seu personagem. Os sons de tiros e explosões são caprichados, bem feitos, mas a ausência de uma música incidental realmente afeta o clima do jogo.

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