Análises

Muramasa: The Demon Blade

Um belíssimo game plataforma 2D sobre a cultura e tradições orientais 

E atenção fãs do Nintendo Wii e nostálgicos dos jogos 2D, acaba de ser lançado um JOGAÇO exclusivo para a plataforma que irá agradar a maioria dos gamers. Da mesma produtora do belo Odin Sphere para PS2, chega ao mercado “Muramasa: The Demon Blade“. Jogos em 2D são coisa rara hoje em dia, e jogos em 2D BONS são mais raros ainda, e felizmente é no segundo grupo que Murasama se enquadra. Você gamer que gastou várias horas da sua vida jogando o bom e clássico Shinobi (não conhece? não lembra? leia aqui nossas análise: The Revenge of Shinobi) no Mega Drive ou Master System, poderá matar as saudades dos ninjas.

A Vanilla Ware, produtora do jogo, fez o que a Sega nunca conseguiu fazer com a sua (então) famosa franquia: criar um BOM jogo de ninjas (ou samurais) para a atual geração de videogames. Lançado em abril no Japão, Murasama ficou entre os títulos mais vendidos na época, mas só agora chega aos lares do gamers do ocidente. Os quatro anos de produção do jogo valeram a pena, pois ELE apresenta um visual maravilhoso 2D desenhado à mão, e ação intensa no melhor estilo clássico, além de apresentar aspectos da cultura, arte, mitologia e tradições nipônicas. Considerado como o sucessor espiritual de Odin Sphere e do Princess Crown (lançado em 1997 para Saturn), você pode joga-lo com o Wii Remote, o controle clássico ou ainda com o controle do Game Cube se você o tiver.

Momohime contra um espetacular chefe de fase

História

A ambientação do game ocorre na era Genroku, durante o shogunato Tokugawa em Honshu, uma ilha do Japão. Trocando em miúdos, você está no Japão feudal de regime militar, na época da ascensão dos samurais, ninjas e da rica mitologia japonesa sobre deuses, demônios, espíritos, etc. Já deu pra sentir o que te aguarda né? É neste contexto que ocorre um conflito pelo poder das espadas mágicas, as Demon Blades. Dizem que essas espadas são amaldiçoadas e que só trazem mortes terríveis, tragédias e loucura. São elas também as responsáveis pela invocação de demônios que infestam o Japão. Aliás, um puxão de orelha na Vanilla Ware, que poderia ter focado um pouco mais na história e desenvolvido melhor as motivações dos personagens, o enredo é pobre, quase inexistente. Umas cutscneses espalhadas pelas fases não faria mal a ninguém.

Personagens

O jogo apresenta vários personagens, mas apenas dois são jogáveis, sendo que cada um possui habilidades e modos de jogo diferente. São eles:

Kisuke: um jovem fugitivo que perdeu a memória e não consegue se lembrar de um crime que cometeu. Seu único desejo é encontrar uma certa Katana.

Momohime: uma jovem princesa que foi possuída pelo espírito de um ninja. Ela é forçada a obedecer aos desejos do espírito que possuí um plano secreto.

Jinkuro Izuna: o espírito que possuiu Momohime

Kongiku: uma kitsune (espírito da raposa) que mostra afeição por Jinkuru, que vê nela uma ferramenta para alcançar seus próprios objetivos.

Yuzuruha: outra kitsune que ajuda Kisuke e passa a guia-lo, movida pela perda do controle da Demon Blade, que sela seu inimigo mortal.

Torahime: irmã mais velha de Momohime, ela é feiticeira e tem o poder de invocar espíritos, era guardiã da Demon Blade que continha selado o espírito maligno do demônio Kuzuryu. Ela foi assassinada pois Tokugawa queria a posse da Demon Blade. Ela voltou à vida por um breve período de tempo como um espírito da vingança, que acaba se encontrando com  Kisuke pelo caminho.

Yukinojo Yagyuu: terceiro filho da família Yagyuu (um clã que realmente existiu no Japão, famoso por ter um escola de samurais na era Tokugawa). Ele planejava se casar com Momohime, mas seus planos acabaram quando Jinkuro a possuiu, sendo que era Yagyuu quem Jinkuru queria possuir originalmente.

Sayo: uma jovem eremita que usa seus vários de luta para combater demônios durante sua jornada.

Rankai: um monge que persegue o espírito de Jinkuro no corpo de Momohime.

Tsunayoshi Tokugawa: o shogun, o responsável pelo conflito das Demon Blades e que ordenou Yukinojo a exterminar Torahime e sua família.

Kuzuryu: um inugami (espécie de Deus Cachorro), um espírito maligno de grande poder que estava selado na Demon Sword guardada por Torahime e agora está nas mãos de Tokugawa.

batalhas incríveis nos campos…

nas montanhas…

e florestas

O Game

Apesar de ser da mesma produtora de “Odin Sphere” e ter algumas similariedades, especialmente no visual, pode esperar por uma experiência totalmente diferente. Ele não é complexo e não tem os elementos de RPG de “Odin Sphere”. Muramasa tem ação frenética em 2D, nada daquelas conversas dramáticas entre personagens ou cutscenes longas mostrando a profundidade dos protagonistas. Na verdade é até rápido demais, eu mesmo não acharia ruim algumas cutscenes mais elaboradas pelo caminho.

Você pode escolher entre três katanas, que podem ser trocadas a qualquer momento no jogo, mas ao todo você pode adquirir mais de 100 tipos de espadas, seja pegando pelo caminho, comprando ou forjando. Cada uma delas possui ataques e movimentos diferentes, oferecendo uma variedade de golpes impressionantes. Você pode escolher entre as katanas maiores, que são mais pesadas e lentas, mas também são  mais fortes. Há as menores, que são mais ágeis e rápidas, ótimas para combos, mas são mais fracas. E o terceiro tipo que é um equilíbrio entre essas duas.

Cada espada possui uma barra de energia, que vai diminuindo toda vez que você as usa, seja para atacar, defender, usar especial, qualquer coisa gasta energia, e quando ela acaba sua espada já era. Você recupera essa barra matando inimigos. O jogo ainda te oferece a opção de evoluir as katanas e também de evoluir o seu personagem, ganhando mais HP, Power e Vigor.

Lembra um pouco o “Strider 2” para Playstation (lançado em 2000), mas com um sistema de ataque muito mais profundo e cheio de recursos. Como já dito, a ação é intensa, apesar de usar apenas um botão para ataque, você possui milhares de combinação com os direcionais, isso sem falar dos golpes especiais, carregados e os combos, que podem chegar até incríveis 999 hits.

Gráficos suaves e um visual arrebatador de encher os olhos. É uma obra de arte em movimento na tela da sua televisão, tudo soberbamente desenhado à mão pela equipe da Vanilla Ware, inclusive os enormes e memoráveis chefes de fase, que apesar de grandes, não são difíceis. Fases como campos dourados, montanhas de neve, florestas verdejantes e tempestades no oceano são alguns dos belos cenários que você irá passar durante sua jornada. E falando nas fases, elas são totalmente lineares, ou seja,  você anda para os lados até trocar de tela, inimigos aparecem, você os mata, muda de tela, e assim por diante. Depois de um tempo, podemos perceber algumas repetições nos cenários de fundo (lembre-se, tudo foi feito a mão, algo  mais diversificado exigiria mais tempo de produção), mas eles são tão belos que você não vai se incomodar de  vê-los novamente.

A trilha sonora não fica atrás e apresenta composições orquestradas de qualidade impressionante, com uma sólida performance nas dublagens japonesas. Porém, o game possui algumas ressalvas. Por apresentar um estilo retro 2D, ele acaba tendo os mesmos problemas. O primeiro deles é que o jogo se limita a batalhas e mais batalhas, depois de um certo tempo você vai automaticamente apertar os botões, não oferecendo muito desafio ou estratégia, ficando até meio repetitivo. O jogo é muito fácil e não oferece um grande desafio, podendo ser terminado em algumas horas. Mas se jogar buscando todos os itens e explorando os mapas e jogando as várias sidequests espalhadas pelo caminho, pode levar a uma jogatina de mais de 15 horas para cada personagem.

Trailer

“The way of the warrior: the someone´s life is limited. The honor and respect lasts forever” – Miyamoto Musashi

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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