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Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4

Ao ser “escalado” para fazer o review de Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4, inicialmente me senti em um pequenino dilema. Gosto de games baseados em animes, mas verdadeiramente não gosto de Naruto. Por muito pouco não me recusei a fazer essa análise. Entretanto, percebi que justamente por não conhecer muito sobre o universo de Naruto e por não ser um fã, eu seria a pessoa ideal para fazer esse review, afinal de contas poderia analisar o jogo com um olhar o mais neutro e técnico o possível. Com isso dito, continuemos.

Muito foi prometido pela equipe de produção, a CyberConnect2, com relação a Ultimate Ninja Storm 4. Dentre as principais promessas, um visual muito melhor, um sistema de combate renovado, um modo de história epopeico e localização completa para o Brasil. Fico feliz em dizer que grande parte dessas promessas foi cumprida e que realmente houve o comprometimento da CyberConnect2 de cumprir com todas.

Por certo o que mais se destaca no game é o modo história. Ele trata dos eventos já conhecidos pelos fãs do mangá, partindo do meio da Quarta Grande Guerra até o final da história. Como o usual em games baseados em animes e afins, Ultimate Ninja Storm 4 não se preocupa em dar um background histórico acerca dos eventos ocorridos logo ao início, se focando claramente no jogador já iniciado ao universo da obra. Se por um lado isso faz sentido, uma vez que o jogo realmente é voltado para os fãs, por outro impede o não conhecedor da obra original de investir e imergir no jogo.

Existe uma clara falta de conteúdo da própria história, refletida na falta de ritmo ao longo do storytelling do jogo. A primeira metade do modo história é muito mais lenta, mais arrastada e sem grandes momentos, quando comparada com a claramente superior metade final. Possivelmente isso reflete a falta de conteúdo com a qual a equipe de produção tinha para trabalhar, afinal a história segue de onde o game anterior parou e de lá para cá pouca coisa realmente válida rolou. De qualquer forma isso não justifica a monotonia da primeira metade da história apresentada em Ultimate Ninja Storm 4.

O storytelling é tecnicamente dividida em dois momentos distintos. O jogo usa tanto de imagens estáticas, quanto se animações se utilizando a própria engine do game para tal.

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A primeira das opções é, como se pode pressupor, monótona e preguiçosa. Basicamente apresentações de slides com trilha sonora e dublagem antes e / ou depois das batalhas. É o método mais utilizado ao longo da primeira metade do modo história, o que somado a falta um enredo verdadeiramente novo e interessante, ajuda a fazer essa metade do modo história absurdamente inferior a segunda.

Quando o game resolve se utilizar de seu próprio motor gráfico para transmitir a história, o jogo brilha sem igual. Normalmente essa técnica é destinada para as principais revelações e os principais momentos da história. As animações são empolgantes e interativas, se utilizando, sem exageros, dos famosos QTEs.

Graças ao maravilhoso motor gráfico e extrema competência da CyberConnect2 de captar o que de melhor o anime possui, as cenas que se utilizam desse recurso são somente comparáveis ao apresentado em Asura´s Wrath. Aliás, o uso dos QTEs em Ultimate Ninja Storm 4 se assemelha muito ao que vimos em Asura´s. E sim, isso é um senhor elogio.

Apesar da inconsistência de ritmo e conteúdo, com certeza o modo história do game trará momentos memoráveis ao fã de Naruto. Por certo esse é o melhor modo de jogo que Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 proporciona ao jogador.

O gameplay de Ultimate Ninja Storm 4 quando comparado aos jogos anteriores da série, realmente possui um maior refinamento e variedade. As poderosas transformações dos personagens que as possuem durante as batalhas agora possuem mais regras para que possam ocorrer, o que garante um maior equilíbrio ao combate nesse sentido. Agora também é possível se utilizar de dois companheiros para auxiliar o jogador ao longo da batalha, sendo possível também mudar o líder do trio, ou seja, quem estará em campo de combate primordialmente.

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Também foram melhor equilibradas algumas regras relacionadas a utilização dos Justsus e da barra de Chakra, tudo em prol de evitar que alguns personagens sejam escandalosamente mais poderosos que outros, coisa que aconteceu em todos os outros jogos da franquia.

Se por um lado realmente um maior equilíbrio entre os personagens foi alcançado, não dá para verdadeiramente assumir que Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 possui um gameplay complexo.

Tudo é de execução muito simplória, o que não chega a ser um demérito, afinal esse tipo de jogo não é feito para fighting gamers dedicados, ainda assim dadas as pretensões da CyberConeect2, esperava-se algo mais profundo.

Isolando as mecânicas de luta desse Naruto e comparando-as a de outros games da própria Namco-Bandai como Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados por exemplo, percebesse que seria possível algo mais robusto.

O modo história proporciona combates bem interessantes que fogem do usual, colocando o jogador para combater hordas de inimigos e até mesmo monstros enormes. Mesmo que alguns dos chefes gigantescos proporcionem batalhas desinteressantes, fáceis e até mesmo tediosas, cada uma delas tem o poder de empolgar o fã de Naruto, seja pelo impacto que aquela luta tem dentro do enredo, ou mesmo pela fidelidade visual do combate.

Naruto Shippuden Ultimate Ninja Storm 4 Character Roster List

Por falar em visual, Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 é com certeza o game mais belo dentre todos os já lançados para a atual geração baseado em animes. A saga Shippuden, que possui traços belíssimos e uma ótima animação, foi fielmente representada e nesse sentido consegue empolgar qualquer jogador, seja ele fã de Naruto ou não. O game é realmente um deslumbre visual.

Outro ponto superlativo de Ultimate Ninja Storm 4 é a lista de seleção de personagens. É possível selecionar personagens de toda a série Naruto, o que possibilitou uma contagem de mais de 100 lutadores disponíveis. Isso mesmo, mais de cem!

Infelizmente, como já é de costume com games baseados em animes, existem muitas versões de mesmos personagens que contam como chars diferentes, bem como alguns chars que são basicamente clones de outros. Ademais, como a mecânica de jogo não é tão robusta, mesmo com tantos chars disponíveis, o básico de o como jogar com absolutamente todos é o mesmo, sobrando pouco espaço para estudo e inventividade nas batalhas.

Novamente: entendo que isso é algo bem normal em games baseados em animes, mas fica aí uma oportunidade de melhora em eventuais jogos futuros.

Outra coisa muito comum que ocorre em franquias de jogos baseados em games é o reaproveitamento de animações dos personagens e isso também está presente em Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4.

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Apesar da criação de novos ataques especiais para os personagens principais dessa fase da história, muito do que vemos em Ultimate Ninja Storm 4 já foi visto pelo menos nos dois games anteriores de Naruto. Apesar de não ser algo que comprometa o gameplay e a fluidez dos combates, pode incomodar os mais atentos.

A trilha sonora é muito boa e se encaixa perfeitamente a todo momento que o game propõe, entretanto fico com “a pulga atrás da orelha” de o porquê a Namco-Bandai não se utilizar das trilhas dos animes em seus jogos. Aconteceu com os dois últimos games dos Cavaleiros do Zodíaco e acontece em Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4. Nos três casos a trilha dos jogos é muito boa, mas porque não usar também as músicas dos animes, algo que faria a imersão do fã muito maior?

Tão bons ou melhores que as músicas, os efeitos sonoros do game são de primeira linha, com o bônus de que são exatamente os mesmos que os fãs conhecem dos animes. Cada pequeno efeito sonoro do qual o jogo lança mão representa exatamente o mesmo som que seria ouvido caso o fosse utilizado no anime.

Quanto aos outros modos de jogo, Ultimate Ninja Storm 4 possui além do que já é usual em games do gênero, o interessante, mas mal executado, modo Aventura.

Liberado após a finalização do modo História, o modo Aventura é basicamente um adventure que levará o jogador a explorar o universo de Naruto em um hipotético futuro após os eventos regulares do mangá.

Se por um lado esse modo é interessante por apresentar fatos do passado por meios de flashbacks e afins, bem como apresentar ao fã algo a mais além do que ele já conhece do mangá, por outro continua a falhar em ambientar o não iniciado a Naruto a seu universo, bem como a execução do todo é falho.

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O gameplay ao longo da exploração das vilas é travado, os diálogos se resumem a caixas de texto e ainda há a obrigatoriedade de passarmos por esse modo integralmente caso queiramos obter tudo o que o jogo tem a oferecer. É um modo não opcional para quem quer adquirir tudo no jogo e não é nem de perto interessante e excitante quanto o modo história o é.

O modo online é bem básico e tão somente funcional. Nas batalhas que travei não foram poucas as vezes que atrasos de resposta ocorreram. Mesmo que o game não demande uma grande precisão em tempo de execução de seus comandos, isso faz da experiência algo desengonçado e potencialmente decepcionante.

Deixando o melhor para o final, a localização de Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 é fenomenal.

Assim como o trabalho realizado em Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados, Naruto Shippuden: Ultimate Ninja Storm 4 foi completamente dublado, se utilizando de todo o elenco original da animação. São dubladores que a anos encarnam esses personagens e que os compreendem enquanto atores melhor do que ninguém. Isso faz com que a interpretação de cada um seja o mais fiel o possível, além de levar os fãs a loucura.

Como não somente da dublagem vive uma localização, todos os menus e legendas também estão presentes em nosso idioma. Mesmo que possuam uma pequena falha aqui e outra acolá, cumprem muito bem o seu papel.

Para fechar o pacote, caso o jogador não goste da dublagem nacional, o que me é incompreensível mas pode acontecer, é possível escolher as dublagens americana e japonesa, mantendo os menus e legendas em nosso idioma.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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