Análises

Need for Speed™ Carbon

Need for Speed™ Carbon

Seguindo a cartilha de algumas séries da EA, Carbon (2006) é mais um título que é lançado com pouco tempo de diferença para com seu antecessor (Most Wanted – 2005) e assim como acontece com outros títulos da gigante empresa norte-americana, apesar do bom trabalho o título da Black Box comete alguns equívocos, deixando novamente a clara sensação de que um pouco mais de tempo no desenvolvimento deixaria o jogo bem melhor.

Campanha divertida, história desprezível

O modo campanha de Carbon é bem divertido e traz logo de cara uma das novidades do novo jogo da franquia, as corridas nos Canyons, uma clara influência do filme Velozes e Furiosos 3 que estreou no mesmo ano do game da EA – 2006. A campanha toda gira em torno de uma guerra de gangues pelo controle de Palmont City, onde há quatro grandes regiões controladas por grupos diferentes e cabe ao jogador vencer as corridas para conseguir tomar o controle de cada região, que são dividas, a grosso modo, em Norte, Sul, Leste e Oeste, cada qual com suas características próprias.

Cada território possuí uma vasta gama de corridas das mais variadas, como as clássicas Circuits e Sprints até a nova modalidade Canyon, destacando também a modalidade Checkpoint, que retorna de Most Wanted. Ao vencer a maioria das corridas de determinado território o jogador precisará enfrentar e vencer o atual chefe do grupo que controla a região, que normalmente são duas corridas, uma no formato Circuit e a outra nas montanhas da região; ambas as corridas são disputadas no mano-a-mano. Vencer os chefes além do controle da região garante outros benefícios, como a possibilidade de escolher alguns “cards” que garantem benefícios diversos, como peças de performance, dinheiro, passes livres para sair da prisão e até mesmo o carro do chefe.
 
Se por um lado a campanha é divertida e traz bons desafios em uma dificuldade razoável, o mesmo não pode ser dito da história, que como de praxe dos jogos de NFS, é ruim, cheia de clichês e com muita enrolação, falhando miseravelmente em qualquer tentativa para tentar passar o clima de superprodução. No geral, basta ignorar a história para conseguir se divertir bastante com a campanha de Carbon.

Gameplay com boas novidades e alguns incômodos novos também

NFS Carbon trouxe em sua época algumas novidades bacanas, como uma nova modalidade de corrida – Canyon – e trouxe novamente a tona os famosos Muscle Cars, que fizeram muito sucesso nas décadas de 60, 70 e começo dos anos 80 nos EUA e Brasil, antes da crise do petróleo em 1973/74. Infelizmente o jogo também trouxe alguns novos problemas passando da mecânica mais “travada” e alguns momentos de lentidão sem motivo aparente.

Começando pelas boas novidades, podemos destacar a grande variedade de corridas e desafios, que contam com as já citadas tradicionais corridas de Circuit, Sprint e Drift além de outras duas vindas de Most Wanted, a Checkpoint, onde o jogador precisa completar um determinado trajeto em um tempo limitado e Speedtrap, que para vencer é preciso alcançar a maior velocidade possível nos radares espalhados pelo trajeto. A grande novidade mesmo fica por conta das corridas nos Canyons, que conseguem pegar bem a essência de Velozes e Furiosos 3 e suas corridas nas montanhas, trazendo um bom desafio e pistas bem sinuosas, com muitas curvas fechadas e alguns trechos onde seu carro pode cair morro abaixo.
A nova cidade Palmont City consegue abrigar bem todos esses estilos distintos de corrida, com um bom design que sempre privilegia corridas disputadas e muitos cortas-caminhos, além de proporcionar eletrizantes fugas contra a polícia, que retorna tão agressiva quanto no game anterior, ainda mais quando seu nível do “heat” estiver em níveis altos, com muitas viaturas em sua cola e várias barreiras para tentar impedi-lo. Ainda é muito divertido causar caos e custos ao estado enquanto foge da policia ou até mesmo ter de lidar com as aleatórias interferências dos homens da lei em algumas corridas, trazendo um elemento novo e que da um saudável ar de variedade.

A lista de boas novidades conta ainda com a volta do Speedbraker, que faz a ação ficar em câmera lenta e ajuda o jogador a fazer curvas fechadas, apesar de tirar o desafio das corridas e fecha com chave de ouro na seleção de veículos, agora divididos em três categorias: Tuning, Exotic e Muscle. Cada categoria possui um bom número de carros que possuem suas vantagens e desvantagens, os Muscle Cars são velozes e com muita potência garantindo arrancadas violentas, mas são mais difíceis de fazer curvas, esse último aspecto é uma das vantagens dos carros Tunings, que acabam pecando no quesito da velocidade final, enquanto que os Exotic Cars ficam no meio termo, nem muito velozes e nem muito difíceis de fazer curvas.

Os bólidos também foram bem selecionados, com cada categoria tendo candidatos de peso, só para citar alguns temos os já clássicos da franquia Nissan 350Z e Toyota Supra na categoria Tuning, Porsche Cayman S e Lamborghini Gallardo para os Exotics Cars ao passo que os Muscles Cars estão muito bem representados com os famosos Shelby Mustang GT 500 1967 (60 Segundos) e o Dodge Charger R/T 1969 (Dukes of Hazzard).

Para fazer a alegria da galera há ainda uma vasta gama de opções para customizar seu carro, apesar da seleção de peças diversas e pinturas ser mais limitada, se comparadas com os games anteriores Most Wanted e Underground 2. O destaque fica por conta da sessão AutoSculpt, que permite personalizar a seu gosto determinadas partes das novas peças que você instala em seu carro, por exemplo, aumentar o tamanho da roda e pneus, personalizar as dimensões dos aerofólios entre muitas outras alternativas.

Para aumentar a vida útil do jogo há ainda um modo multiplayer competente, com destaque para duas modalidades bem divertidas para brincar de polícia e ladrão, além de muitos desafios para o modo single player, com os Rewards Cards, que estipulam determinadas tarefas que o jogador precisa cumprir para liberar novos carros e peças para customizar suas máquinas.

Novos incômodos

Infelizmente Carbon também traz uma lista generosas de problemas, a começar com os “Crew Member”, que são amigos que supostamente deveriam ajuda-lo nas corridas, com suas diferentes habilidades, desde a bloquear um adversário ou mostrar os cortas caminhos dos trajetos. Infelizmente, a inteligência artificial mostra suas deficiências o que impede que seu companheiro consiga realizar suas tarefas de modo proveitoso, muitas vezes se tornando inútil durante as corridas ou até mesmo atrapalhando o jogador. Um caso clássico desse problema é quando seu amigo está liderando a corrida e você vai ultrapassá-lo, nesse momento, o jogo não consegue definir uma prioridade para seu companheiro, que fica na dúvida se deixa o jogador passar na frente ou tenta manter a liderança, porém o que acaba acontecendo normalmente é que seu amigo acaba não fazendo nem um nem outro, atrapalhando e fechando o jogador, fazendo com que ambos percam posições, algo bem frustrante já que seu amigo supostamente deveria ajuda-lo! No final das contas, sua opção na hora de escolher um companheiro para as corridas é tentar pegar um que atrapalhe o mínimo possível.

Outro demérito na produção da Black Box está em alguns aspectos técnicos, como uma inexplicável queda nos quadros (fps) em determinados momentos da jogatina e, acredite, isso será recorrente não importando o quão poderoso seu computador seja; não sei dizer se o problema acontece também nos consoles. O jogo também costuma travar muito nos PC’s e em dados momentos realmente cansará e testará a paciência dos jogadores, que se verá obrigado em deixar a opção Autosave ativa para não perder todo o progresso porque o jogo travou.

Para lista ainda adicionamos alguns filtros gráficos usados em demasia para tentar dar uma sensação maior de velocidade e potência aos carros, que infelizmente comprometem a apresentação do jogo, com alguns efeitos que acabam ficando feios como o efeito de “vácuo” que seu carro cria ao atingir altas velocidades. Outro ponto negativo do uso exagerado desses efeitos é uma câmera que treme muito para simular a força com que os carros arrancam, porém o mesmo mais incomoda que adiciona e deixa a sensação que os carros estão “pregados” no chão, tirando parte da graça de ver seus carros fritando pneus e fazendo derrapagens (drifts e powerslide) nas corridas.

Há outros problemas, como carros dos inimigos que parecem “tanques de guerra”, já que mesmo que você bata com toda velocidade do seu carro no adversário não o fará com que ele se mova nem mesmo um centímetro de seu trajeto, algo bem comum nas modalidades Canyon Duel, ao passo que basta um leve toque de seus inimigos em seu bólido para que você perca o controle e bata. Outro incômodo problema é quando você bate em um carro da barreira policial e seu carro fica em cima do mesmo, impedindo que você consiga acelerar ou dar ré, o que resulta na prisão do jogador sem que ele possa tomar qualquer atitude para reagir.

São problemas que podem ser relevados, mas comprometem o trabalho final e poderiam ter sido facilmente resolvidos com um tempo maior no desenvolvimento, aliás, esses tipos de problemas são comuns em jogos anuais, que ou têm muitos bugs ou ficam anos sem apresentar boas novidades.

Bons gráficos com efeitos exagerados

Os gráficos de Carbon seriam nota 10 se não fosse o exagero dos produtores nos filtros gráficos e sonoros, como o já citado e feio efeito de vácuo que se forma atrás de seu carro quando o mesmo atinge altas velocidades. Se há exagero nos efeitos de Blur entre outros, a modelagem dos veículos é uma das melhores se comparada com os títulos anteriores, com todos os carros minuciosamente representados, destaque para os Muscle Cars, que possuem muitos detalhes como os frisos presentes nas janelas e para-lamas. As texturas em alta definição completam o bom trabalho nos veículos e também ajudam a dar vida a Palmont City, que apesar de não ser tão carismática como as cidades vistas em Most Wanted e Underground, consegue ter seu charme próprio e servir como um bom local para os mais diversos rachas.

O jogo ainda conta com bons efeitos sonoros, como os roncos dos carros que foram bem representados, apesar de ainda haver espaço para deixa-los mais fiéis a suas contrapartes reais. Porém aqui também podemos sentir o excesso de efeitos, como o barulho de pneus cantando, que veem a tona mesmo quando você faz curvas bem leves, o que depois de um tempo começa a incomodar. A trilha sonora deve agradar os jogadores, com trilhas de hip hop, música eletrônica e rock, focando mais em um estilo musical durante as corridas dependendo do tipo de carro que você estiver dirigindo.

Dica para ajudar nos travamentos constantes

Para os que tiverem jogando Carbon para PC e não aguentam mais ver o jogo travando toda hora, vale uma dica que vi na internet e funcionou comigo. Como a EA não irá lançar mais nenhuma atualização para corrigir o problema, uma solução paliativa é excluir a pasta “MOVIES” presente no diretório onde o jogo foi instalado – normalmente fica na pasta “Arquivos e Programas”. Como disse antes, essa é uma solução paliativa e pode não funcionar com todos, como também pode acarretar outros problemas, portanto sempre deixe uma cópia de segurança da pasta antes de removê-la por completo.

 

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