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Opinião: O que faz um bom jogo? Não é tão óbvio quanto parece!

Nas saudosas revistas de videogame dos anos noventa, os redatores analisavam um game dando uma nota para os principais pontos (gráficos, história, trilha sonora e jogabilidade) e depois a média geral era uma soma deles dividida por quatro. O pensamento é meio óbvio: se o jogo tem bons gráficos, boa trilha sonora, boa história e boa jogabilidade, logo ele é um bom jogo, certo? Nem sempre! 

É claro que um game que aposta na qualidade “em todos os pontos” tem maiores chances de ser bom, mas não necessariamente. O melhor exemplo de um ótimo jogo que não depende desses fatores é o indie Undertale, lançado em 2015 para PC. Desenvolvido quase que inteiramente pelo Toby Fox, ele possui esses gráficos:

Opinião: O que faz um bom jogo? Não é tão óbvio quanto parece!
Undertale: o que tem de simples tem de viciante (Reprodução)

Uma pessoa leiga olharia para estes visuais e diria “ou o jogo é muito antigo ou ele é muito mal feito”. Além disso, o game também tem um sistema de batalha bem antiquado, semelhante ao Earthbound lançado em 1994 para o Super Nintendo, que os analistas da época já consideravam ultrapassados, mesmo sendo um clássico do console. Some isso a animações pobres, level design simplório (bem simplório!), e a princípio o game só teria a trilha sonora para salvá-lo.

No entanto, Undertale pega recursos escassos e entrega uma experiência de excelência ao jogador e inova dentro do seu estilo “arcaico”. Tanto que foi aclamado pela crítica (pontuação média de 92 pontos de 100 baseado em 43 análises) e a maioria das pessoas que jogam falam muito bem dele, elogiando o roteiro e o carisma dos personagens.

É um game que merece nota 10, mesmo que não tenha “milhões de polígonos”, nem rode a “120FPS” e nem precise de um computador de última geração. É como se fosse a série Chaves do mundo dos games, que nunca precisou de uma boa produção para divertir as pessoas. Ao contrário: a graça, às vezes, está na simplicidade mesmo.

No outro extremo temos o game The Order: 1886, exclusivo do PlayStation 4. Com altíssimo nível de produção, ele é ótimo para demonstrar o que o console é capaz de fazer e parece até um filme: excelentes visuais, com “toneladas” de polígonos, cenários detalhadíssimos, músicas orquestradas dando um clima épico e ótima dublagem. Por que ele não é tão bom? Pelo jogo em si.

Ele tem baixa duração para os games de hoje (cerca de 6 horas), e ainda sim, muitos não vão querer chegar ao final dele. Linear demais, história que parece boa, mas não foi bem executada, jogabilidade nem um pouco criativa e lotada de Quick Time Events, personagens mal desenvolvidos e diversos outros pontos. É um game que impressiona nos primeiros minutos e não é de todo mal (dá pra se divertir), mas acabou caindo no esquecimento.

Agora voltamos ao título deste artigo: O que faz um bom jogo? Na minha humilde opinião, é quando ele acessa as emoções do jogador. A qualidade técnica pode ajudar o jogo a “transmitir a mensagem”, mas não adianta nada ter só qualidade técnica se não há um bom conteúdo. A pior coisa para um jogador é “não achar nada”.

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