Análises

OutRun

Um clássico dos fliperamas e do Mega Drive

Você gamer que frequentava as saudosas casas de fliperamas (lembram delas? Tinha uma em cada esquina, bons tempos…) e curtia jogos de corrida, certamente deve se lembrar deste clássico da Sega: Out Run.  Conquistou grande popularidade na época, merecidamente, pois era muito gostoso sentar na cabine e dirigir pelas estradas despreocupado, ouvindo uma música no rádio, curtindo as paisagens e com uma bela loira ao lado.

O jogo ganhou uma conversão para o Mega Drive, que também foi muito bem recebida pelos fãs. A análise abaixo é para ambas as versões, espero que curtam conhecer, ou relembrar, deste grande clássico!

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a cabine de OutRun

Podemos começar descrevendo que o jogo foi idealizado pelo genial game designer Yu Suzuki, que talvez você até não reconheça pelo nome (sacrilégio!), já que ele anda meio sumido, mas certamente você já ouviu falar ou jogou algumas de suas obras, seja nos fliperamas ou em conversões caseiras: Hang On, Virtua Fighter, Virtua Racing, Virtua Cop, Shenmue são algumas dessas obras, e claro, OutRun, um dos maiores clássicos dos games de corrida arcade da história.

Suzuki, grande fã dos carros Ferrari, decidiu criar um jogo inovador e de muito sucesso, lançado para os fliperamas em 1986, que brilhou pela sua mecânica simples e viciante, com belos gráficos, trilha sonora e a possibilidade de se escolher as rotas durante as “corridas” (está mais para um jogo de “direção”, como disse o seu próprio criador), que tinham diferentes níveis de dificuldade.

Sente só power: o jogador entra em sua Ferrari Testarossa vermelha e conversível (apesar de oficialmente não ter patrocínio da Ferrari, todo mundo sabe que é ela), com uma bela loirassa peituda e gostosona ao lado e vários motoristas para serem humilhados durante o percurso. Tudo o que um moleque e marmanjos dos anos 80 gostaria de fazer (e até nos dias atuais).

O percurso tem ao todo cinco cenários, do começo ao fim da corrida. Porém o jogador pode escolher diferentes trajetos, num total de 15 áreas diferentes, que variam de dificuldade, alguns com trajetos mais longos e com maior número de veículos na estrada, alguns bem barbeiros. As pistas do lado esquerdo são as mais fáceis, com a dificuldade crescente para as pistas da direita.

escolha o seu trajeto para passear com a loira

O grande barato do fliperama era você sentar naquela enorme cabine vermelha em formato de carro (que mexia e chacoalhava de acordo com a ação na tela – o volante também tremia quando se batia) e curtir o momento. Como o jogo oferecia vários trajetos (o que era bem revolucionário na época), o fator replay era altíssimo, pois sempre incentiva o povo a jogá-lo novamente só para ver as outras pistas e os seus desafios, além de possuir cinco finais diferentes (bem ao estilo das animações engraçadinhas de Road Rash).

Os cenários são super variados, passando por paisagens tropicais, praias, desertos, campos verdes e floridos, cidades, montanhas e vários outros. Os gráficos são bem detalhados (para a época) e a sensação de velocidade é excelente. Suzuki para fazer o design dos cenários, viajou por toda a Europa para buscar inspiração e passar para o game. O resultado não poderia ser melhor.

uma galera está lá para te ver partir

Diferente de uma corrida normal, aqui você não possui adversários, a não ser pelo tempo que vai diminuindo, até você chegar em um checkpoint e ganhar um tempo extra para continuar acelerando até a linha de chegada, onde uma galera te espera. Há outros quatro tipos de carros (um Fuscão 1972 – o mais pobrezinho, um Corvette 1971, um Porsche 911 1985 e uma BMW 1985) e um caminhão que estão lá só para atrapalhar a sua vida.

Outra inovação de OutRun era a possibilidade de se escolher a música que iria tocar durante seu passeio com a Ferrari (e a loira peituda gostosona, é claro). Eram três músicas no estilo beach music (um tipo de jazz dos anos 50, 60): Splash Wave (minha favorita), Magical Sound Shower e Passing Breeze. Havia uma quarta música, chamada Last Wave, que tocava na tabela de pontuação.

A versão para Mega Drive

O console da Sega ganhou sua adaptação de OutRun em 1991, mas antes disso o jogo já havia sido lançado para Master System (em uma ótima conversão) em 1987, inclusive com uma versão com suporte aos óculos 3D do console, lançado em 1989. Computadores da época como o Zx Spectrum, MSX, Amiga e o videogame PC-Engine também receberam conversões, mas a do Mega Drive é considerada a melhor e mais conhecida (não vamos contar versões do Saturn e consoles posteriores por motivos óbvios), devido à popularidade do console na época.

OutRun para Mega Drive sem dúvida é um dos melhores games de corrida para o console, ele pode ser considerado o Top Gear do sistema.

a tela de saída da versão Mega Drive

O clima descontraído e de diversão do fliperama foi perfeitamente convertido para o Mega Drive, com gráficos e visuais que se aproximam muito do original, com cenários ricamente detalhados e coloridos. Todos os 15 cenários, finais alternativos e níveis de dificuldade estão lá.

Algo extremamente importante em um jogo de corrida é a sensação de velocidade, e isso graças ao poderoso chip de processamento do Mega Drive, foi feito tranquilamente , permitindo corridas velozes com aquela sensação do carro estar em alta velocidade, graças principalmente ao movimento intenso dos cenários ao lado da pista e de nuvens e outros elementos em efeito parallax.

adaptação fiel para o MD

A trilha sonora foi perfeitamente convertida, lógico que nas limitações do chip de som do console, mas as composições são as mesmas e algumas parecem até estar melhores no Mega Drive. As músicas são muito bem compostas, e quem jogava OutRun no Meguinha naquela época, certamente deve se lembar delas, pois são os tipos de  temas que ficam gravados na memória. O jogo ainda possui uma música extra, chamada Step on Beat, igualmente boa. Ouça aqui as outras músicas da versão console: Splash Wave, Magical Sound Shower e Passing Breeze.

Porém, os efeitos sonoros não são lá grande coisa, com sons de derrapagem e batidas bem simples. Algo que eu sempre senti falta, foi o som do motor da Ferrari (que se não me engano, existia na versão fliperama), mas antes sem som nenhum do que algum barulho irritante (como era o caso da versão de PC-Engine). O jogo possui algumas vozes digitalizadas, que estão numa qualidade muito boa, bem nítidas e audíveis (coisa que nem sempre acontecia nos jogos de Mega Drive).

um dos finais, no meio do deserto cercado por odaliscas – pobre loira

Minha única reclamação é a Sega não ter colocado um modo extra para dois jogadores simultâneos, o que deixaria o título ainda melhor e mais completo.

O game contou com algumas sequências, como Turbo Out Run, OutRunners, OutRun Europa, Battle OutRun e OutRun 2019 lançados para fliperamas, Master System e Mega Drive. Apesar de a maioria possuir uma boa qualidade como jogos de corrida (e alguns bem ruins), nenhum deles jamais terá o mesmo carisma e status do OutRun original.

Sua verdadeira sequência, OutRun 2, foi lançada em 2003, depois tivemos OutRun 2006 e mais recentemente OutRun Online Arcade, para PSN e XBL.

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Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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