Análises

Parasite Eve II

Parasite Eve II

A finada Square, que juntou-se a Enix em 2003, era e ainda é conhecida como uma das melhores companhias de jogos de RPG/JRPG do mundo, tendo em seu currículo séries de muito sucesso e que garimpou milhares de fãs, sendo algumas delas a franquia Final Fantasy, Chrono Cross, Vagrant Story além, é claro, de Parasite Eve e muitas outras séries de sucesso; a Square também leva a fama de ser uma das melhores no que diz respeito a cenas em CG. Parasite Eve II é uma continuação do ótimo jogo da SquareSoft, que apesar da mudança de diretor e produtor, continua contando com o renomado artista Tetsuya Nomura, que entre outros jogos, participou da produção de Final Fantasy VII, além de muitas outras mão habilidosas como Naoshi Mizuta e Kenichi Iwao.

História madura, bem produzida, porém sem muito tempo

Após a destruição de Eve e sua cria, em Parasite Eve, a protagonista Aya Brea deixa o NYPD e se transfere para uma recém-criada divisão do FBI, a MIST (Mitochondrion Investigation and Suppression Team), responsável pela localização, controle e supressão dos monstros criados pela influência de novas mitocôndrias, apelidadas de NMC (Neo-Mitochondrion Creatures), além, é claro, de encobrir os fatos para não gerar pânico ou tragédias parecidas com a que ocorreu em Nova York, em 1997; apesar dos esforços da MIST, algumas criaturas são vistas por pessoas e tornam-se famosas, sendo um bom exemplo o Pé-Grande, citado no jogo por Aya. Três anos depois do incidente em Nova York, Aya é enviada a Los Angeles em uma missão urgente para investigar uma possível infestação de NMC na Akropolis Tower, dando início a nova aventura de nossa bela e sensual protagonista.

O trecho acima é explicado no início do jogo, enquanto Aya está treinando disparos na base central da MIST. Apesar de ter uma breve explicação dos eventos do game anterior, é extremamente recomendável ter se aventurado no primeiro jogo da série, não apenas por ser um clássico, mas para ter um melhor entendimento da história; inclusive, temos uma excelente análise do primeiro jogo no site.

A primeira coisa importante a se destacar na história de Parasite Eve II é que, o jogo é uma verdadeira continuação, porém em momento algum se mostra dependente do jogo anterior, ou seja, o contexto geral da história sai da tragédia incontrolável que se alastrou em Nova York e passa para novos moldes, com fatos isolados que dão pistas mínimas ao jogador e se conectando somente no final da aventura, apresentando algumas boas surpresas.

A trama do jogo não tem pressa em jogar as informações ou pistas muito claras do que está acontecendo e, muitas vezes, o jogador terá apenas as dicas e pistas que a própria Aya achar ou supor, em seus diversos comentários que faz durante a jogatina, seja examinando itens ou partes do cenário, além dos diálogos com os demais personagens. Não se trata de uma progressão lenta, mas sim de uma jogatina agradável e com informações aparecendo na medida certa apesar de serem escassas, afinal de contas Aya Brea é uma agente da Mist, uma das divisões do FBI e entre suas atribuições está a de coletar pistas e encaixa-las em um contexto maior para conseguir chegar a uma conclusão, e nisso o roteiro de PE II (na condição de continuação) se sai muito bem, inclusive de uma forma muito melhor e mais madura que em Resident Evil 2 e 3, sem falhas e pontas soltas no roteiro e alheio à necessidade de voltar a eventos passados o tempo inteiro para satisfazer a história e ao jogador.

Se por um lado a história de Parasite Eve II é mais madura, menos dependente e melhor resolvida que em Resident Evil 2 por exemplo, o mesmo não se aplica aos personagens, que tirando Aya Brea, a carismática e memorável protagonista da série, os demais integrantes da trama do jogo não são lá muito bem trabalhados. É difícil se apegar aos poucos amigos de Aya e mesmo que esse sentimento solitário de Aya que a acompanha durante a aventura tenha uma explicação no contexto do jogo, os demais personagens deveriam ter tido um trabalho melhor ou pelo menos mais cuidadoso. Um exemplo clássico é ter de engolir Kyle Madigan, por quem a protagonista acaba tendo uma grande atração e incitando um possível romance entre os dois, já que o mesmo é praticamente um desconhecido para os jogadores e em todas suas aparições, mesmo que em número razoável, não consegue cativar nem ganhar a afeição dos fãs. Esse romance entre Aya e Kyle acaba trazendo ao jogador um sentimento oposto do que pretendiam os roteiristas de Parasite Eve II e acaba por ser um de seus maiores erros, já que a situação mais aborrece o jogador do que consegue cativar, deixando o sentimento de, “ei, pare de dar em cima da Aya!”. É realmente incomodo ver um cara chato, sem carisma nenhum dando em cima de nossa querida protagonista, com quem simpatizamos por dois ótimos jogos.

Esses defeitos poderiam ter sido resolvidos se a equipe de desenvolvimento tivesse tido a simples percepção que, apesar de ter elementos de um Survivor Horror, Parasite Eve II ainda é um RPG que adota elementos de ação, e a fórmula básica para todo bom RPG é tempo, tempo para explorar e definir muito bem os personagens e a história em si, algo que falta em Parasite Eve II. Na falta dele, os roteiristas preferiram explorar apenas Aya e o roteiro e teriam se saído muito bem se não fosse a forçada de barra com alguns personagens, o que é uma pena, pois tinha tudo para ser uma das melhores aventuras já criadas pela companhia; a série Parasite Eve é uma sequência baseada e adaptada do Light Novel de mesmo nome escrita por Hideaki Sena.

Refinado, divertido e curto

A mecânica de Parasite Eve II foi muito bem refinada, garantindo uma jogabilidade muito mais agradável e divertida. Os controles ainda mantém a base vista no game passado, com visão em terceira pessoa e cenários pré-renderizados, porém com melhorias, principalmente no sistema de batalhas. Os controles no modo de exploração são muito mais precisos e confortáveis, principalmente pela melhoria nos cenários com melhores ângulos de câmera, sem contar a maior interatividade, já que Aya tece vários comentários ao investigar os diversos cenários com o botão de ação X, sendo alguns relevantes a história e outros apenas situacionais e com pitadas de bom humor; é bom checar mais de uma vez todos os elementos do cenário, já que Aya possuí vários comentários distintos a fazer sobre a mesma coisa ou lugar.

Agora não existe mais os confrontos aleatórios, uma vez que as criaturas ficam expostas no cenário e é possível ter conhecimento em quais locais as criaturas estão; conforme você for abrindo o mapa das fases aparecerão áreas vermelhas que são chamadas de “Hot Zones”, que são locais onde existe a presença de NMCs. Esse tipo de situação, além de possibilitar novas estratégias não deixa o jogo sem graça, já que Aya, como uma agente do MIST tem a obrigação de caçar e exterminar o maior número possível de NMCs; por vezes eles surpreendem Aya em locais que deveriam estar limpos. Ao confrontar as criaturas, a tela pisca em um efeito em preto-e-branco com um som de fundo de uma batida de coração, e os controles mudam para a configuração de batalha e outra das grandes melhorias aparece aqui, nos confrontos contra chefes e quaisquer tipos de inimigos.

Não existe mais a barra de ATB, logo o jogador tem livre escolha para agir como bem entender. A movimentação melhorou muito e agora você pode circular livremente pelo cenário enquanto enfrenta e desvia dos ataques dos NMCs, não tendo que se preocupar com a limitação do campo de batalha a um único ângulo de câmera. O jogador continua tendo um botão para travar a mira no inimigo, podendo circular através de todos eles com um simples toque do botão quadrado, além dos botões de ombro que ficarão responsáveis por disparar as armas, sendo que muitas delas possuem tiros secundários, como a pistola inicial que pode disparar rajadas de três tiros ou apenas um único disparo. As armas do jogo também estão em boa quantidade, apesar de o número ser bem inferior ao do game anterior, porém compensando pela grande melhoria visual e na própria jogabilidade, com cada arma tendo suas características próprias, como recoil, força, distância que as balas conseguem percorrer, diferentes munições entre outras.

As PE (Parasite Energy) voltam e agora bem mais organizadas, dividas em quatro elementos distintos, que são elas: água, terra, fogo e vento. Cada classe possuí dois poderes que podem ser evoluídos até o nível 3, sendo que se evoluir os dois poderes de cada classe um novo poder bem mais poderoso abre para as mesmas, porém custando um valor muito mais alto de EXP (experiência) para reviver; os poderes de Aya estão adormecidos em Parasite Eve II, e é preciso revivê-los com a experiência adquirida nas batalhas. Para usar os poderes de nossa protagonista basta um simples toque no botão triângulo, que congelará a ação e um menu circular no canto inferior direito da tela aparecerá, com todos os poderes que você liberou, além de apresentar na tela um gráfico mostrando a distância e raio que o poder atinge.

A cada batalha vencida, são contabilizados ao jogador pontos extras de EXP (experiência), BP (Bouty Points, usados para adquirir armas e itens em geral), MP (que agora não carrega automaticamente durante as batalhas), em alguns casos o jogador ganha itens extras e uma pequena quantidade de HP (barra de vida da personagem). Você também tem a possibilidade de fugir das batalhas, porém além de não ganhar nada você será penalizado, perdendo dinheiro e experiência.

O menu também foi reformulado e agora é muito mais organizado e bem mais fácil de gerenciar. Você tem vários sub-menus com itens e opções próprias, como por exemplos as chaves e itens necessários para resolução dos puzzles que ficam separadamente de outros itens como armas. Dentro do sub-menu onde você equipa armas e itens de cura em geral, também existe uma sessão chamada Attachments, onde você coloca todos itens que pretende usar durante as batalhas, já que não é possível acessar os menus durante os confrontos com os NMCs. Também temos a adição de alguns itens de defesa pessoal e suporte, como a mochila que adiciona slots extras no attachments ou itens que atordoam inimigos ou curam status de anomalia, como envenenamento, cegueira e outros. Vale ressaltar que Aya não têm os baús mágicos de Resident Evil e ela só consegue carregar consigo 20 itens (excluídos os da sessão Keys Itens, que são usados somentes para abrir portas e em puzzles), logo sempre deixe o excesso em locais específicos para tal, determinados como um B no mapa; nunca se esqueça de pegar esses itens novamente antes de prosseguir nas fases ou ficará sem eles!

Além da melhoria nos controles e jogabilidade, que deixou a aventura bem mais agradável e divertida, os puzzles estão bem mais exigentes e inteligentes, obrigando o jogador a botar a cabeça para funcionar, sempre seguindo uma linha de raciocínio lógico, que se alternam na dificuldade, ou seja, você não vai precisar adivinhar que é necessário colocar pedras em estátuas, nem fazer suposições como ter de queimar uma lareira para pegar um item específico escondido em um quadro, mas precisará reunir todas as dicas espalhadas pelas fases nos cenários para descobrir senhas e resoluções de outros puzzles, alguns importantes para prosseguir na missão e outros para garantir itens extras.

As lutas contra chefes também são muito divertidas e cada um deles exige abordagens diferenciadas, sendo que e por vezes os cenários apresentam vantagens, como cabos de alta tensão que podem ser usados para eletrocutar o chefe e desvantagens, como um chefe que destrói parte do cenário limitando seu campo de ação. O êxito nessas batalhas depende não só da habilidade do jogador, mas também na combinação de itens usados, tornando as batalhas mais ou menos difíceis contra os chefes dependendo da combinação usada.

No geral, a aventura é muito divertida, com momentos de exploração, resolução de puzzles, cenas de corte e muitas batalhas, mas sofre do mesmo problema do jogo anterior e de Resident Evil 2, já que é muito curto. A história não é a única que sofre pelo tempo e os jogadores podem chegar a zerar o jogo em 4 a 6 horas sem muito esforço e, mesmo os jogadores mais atenciosos que acompanham a aventura em todos os mínimos detalhes, alcançará no máximo 10 a 11 horas de jogatina, muito pouco para um Action role-playing (RPG com elementos de ação).

Gráficos excelentes

Parasite Eve II evoluiu muito graficamente, a começar pelos cenários pré-renderizados lindos, com texturas em alta qualidade e muitos detalhes, como cômodos bem mobilhados, vários elementos que enriquecem os cenários, como paredes com escritas em tinta, o ferro velho em Mojave entre outros. Os personagens estão bem modelados e possuem texturas bem definidas além de muitos detalhes nas roupas, assim como os inimigos, que são muito bem caracterizados e em grande quantidade, evitando a sensação de repetição vista no primeiro game, onde muitos variavam apenas na cor e tamanho.

As animações estão excelentes, bem convincentes e tirando a sensação de personagens robóticos ou de estar controlando um manequim, que era bem comum em Resident Evil 2. Aya é mais flexível, se move com maior naturalidade, mesmo nas quedas, assim como os inimigos; algo muito bacana é ver que Aya consegue mover a cabeça, um detalhe pequeno, mas que faz muita diferença no trabalho final. As armas receberam uma atenção especial, agora todas elas são muito bem modeladas e possuem animações bem polidas e, os itens com os quais o jogador interage nos cenários pré-renderizados não sofrem do mesmo mal de Resident Evil, casando perfeitamente com tudo a sua volta.

O jogo ainda conta com muitos efeitos bacanas, como poeira que sobe ao andar nas áreas áridas de Mojave ou os respingos de água ao andar nos esgotos. Há um bom sistema de luz e sombra, que mesmo sendo estáticos passam uma sensação bem fiel ao que deveria acontecer, inclusive com a luz oscilando no personagem, conforme o jogador passa de cenários escuros a mais claros; mesmo que seja de uma forma discreta. Outro ponto que teve bastante cuidado foram os poderes de Aya, que dessa vez são bem trabalhados e transmitem um impacto bem maior do que foi visto anteriormente. Não tem como não falar das cenas em CGs, belíssimas e uma das melhores da geração, gerando expectativa no jogador para quando será a próxima cena em computação gráfica a aparecer.

Aya também era fã dos carros americanos da década de 70

Infelizmente, o competente trabalho da equipe de desenvolvimento cobra seu preço no hardware do Playstation, com muito serrilhado tanto nos personagens quanto em alguns pontos do cenário e, volta à mente a recorrente questão do tempo; será que com mais tempo de desenvolvimento a equipe poderia amenizar ou eliminar completamente esse problema? Quem tiver um PS3 pode ativar um filtro para diminuir consideravelmente os serrilhados, deixando o jogo muito mais bonito. A parte sonora mantém o alto nível, com as armas reproduzindo bons e convincentes efeitos sonoros. Os inimigos possuem barulhos característicos e os efeitos sonoros diversos que pontuam as ações do jogo são bons, desde a abrir portas ou o andar de Aya nos diferentes tipos de pisos e lugares, produzindo ecos quando estes devem existir e mudando o som dos passos conforme o tipo de piso. Um fato que pode desanimar ou incomodar alguns jogadores é o jogo não ter dublagem, o que é comum em RPGs japoneses. A trilha sonora é de excelente qualidade, mantendo o altíssimo nível visto no jogo anterior, com muitas trilhas marcantes, como a música tema de Aya Forbbiden Power, entre muitas outras que variam em estilos, misturando batidas de rock eletrônico e algumas batidas mais calmas, a estilos mais clássicos com piano.

Muito conteúdo extra

Ao finalizar o jogo, é feito uma conta que premia a jogatina do jogador com notas, que vão de L a S e variam conforme o rendimento durante toda a aventura. Os pontos servem para abrir novas armas, itens e armaduras além de novos modos de jogo, que são eles:

Replay Mode: Você começa com boa parte do dinheiro e experiência adquirida na partida normal, além de ter novas armas, armaduras e itens liberados na loja para comprar. Também custa menos experiência reviver todos os poderes que conseguiu liberar durante a aventura e é possível até compra-los com os BP.

Bounty Mode: Liberado após zerar o jogo uma vez, assim como o Replay Mode, você começará com parte do EXP e BP adquiridos durante a campanha, porém em menor número que no modo replay. A principal diferença é que você já terá de lidar com os GOLEMS logo no início da aventura, que são os inimigos mais fortes do jogo, tirando os chefes.

Scavenger Mode: Esse modo de jogo é liberado após conseguir atingir 69001 de EXP. Aqui a dificuldade dobra, pois somente estará liberado na loja do jogo para comprar itens bem caros e escassos. Aya também se cansa muito mais rápido se usar muito suas habilidades especiais, tornando-a vulnerável nesses momentos, sem contar que os inimigos são mais resistentes e causam muito mais dano, podendo matar a protagonista com apenas dois ou três golpes.

Nightmare Mode: Essa modalidade foi pensada para os jogadores hardcore e é extremamente difícil. O jogador começa apenas com 50 de HP e 30 de MP e a GOLEMS escondidos em todos os cantos do mapa, sendo que seus ataques tiram o triplo de dano do que o normal. Aya também inflige 20% a menos de dano e os inimigos são mais resistentes.

Além dos modos de jogo, o jogo libera nos telefones (que são usados para salvar o progresso) quatro opções com estáticas, tais como quais armas mais usou, os poderes, entre outros os de dados gerais, um em especial é a porcentagem de inimigos que matou durante a campanha; atingir 100% aqui é bem difícil, já que alguns inimigos ficam escondidos e não aparecem demarcados nas Hot Zones. Há também alguns itens específicos que o jogador só pode usar no Modo Replay, como a Hipervelocity liberada ao alcançar rank A, uma arma extremamente poderosa, porém muito difícil de usar, a Gunblade (Rank S) que é uma cópia exata da arma usada em Final Fantasy VIII e a Monk Robe, uma armadura que já conta com 10 slots no attachments e outras vantagens, porém, só é possível libera-la fazendo pontuação total ou menor que 14510 EXP, garantindo rank L, mais baixo possível. É um desafio interessante, já que você terá que fazer a pior partida possível, fazendo de tudo para receber penalidades e o menor número possível de pontos bônus.

Além dos itens especiais, modos de jogos e tudo mais, Parasite Eve II conta com três finais distintos, separados em Normal Ending, Sad Ending e True Ending, com o último sendo o mais recompensador e mostrando o “verdadeiro” final, com cenas e muitos diálogos a mais. Para conseguir ver os três finais distintos, é preciso tomar uma série de decisões diferentes durante a jogatina ou atingir certos objetivos, como permitir que o cachorro Flint sobreviva ou morra em uma das lutas contra um chefe em Mojave

Vale aproveitar a oportunidade para destacar também o pequeno fanservice da SquareSoft aos amantes da protagonista Aya, com uma belíssima cena em computação gráfica (CG) onde Aya toma um banho, nada muito explícito, mas que arrancará “muitos suspiros” dos fãs da loirinha; os fãs mais lúcidos conseguirão enxergar também um outro motivo da cena existir, que vai além do simples fanservice.

Uma das cenas da famosa CG do banho de Aya

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