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Pokémon Go e Nintendo: uma relação menor do que se imagina

Indo direto ao ponto já na primeira frase desse texto: Pokémon Go e Nintendo não possuem nenhuma direta relação.

A ideia da confecção desse texto veio da quantidade de informações incorretas e crenças mal fundamentadas acerca de Pokémon Go e da Nintendo no mundo dos games mobile. Assim sendo, espero que ao final desse humilde artigo o leitor entenda melhor o “qualé” de Pokémon Go.

A grosso modo, Pokémon Go, o novo absoluto sucesso do entretenimento eletrônico do mercado, possui um inovador gameplay, que se utiliza do conceito de realidade aumentada. Um conceito nunca antes visto e executado com tanto esmero e originalidade.

O parágrafo acima seria muito belo, se não estivesse absolutamente errado.

Bem antes de Pokémon Go, um jogo com características similares já fazia o jogador sair de casa em busca de aventura. Na verdade, o jogo em questão é até mais complexo e completo do que Pokémon Go atualmente o é, mesmo que não possua o apelo que as criaturinhas mais fofas dos games possuem. O jogo em questão é Ingress.

Ingress_logo_title_horizontalSer ou não um game absolutamente original não significa que o mesmo não seja bom, não é essa a questão. Trouxe esse rápido retrospecto para fazer um paralelo entre os dois games, Pokémon Go e Ingress. Eles são tão parecidos conceitualmente porque provém da mesma equipe de desenvolvimento, a produtora Niantic.

Já possuindo a expertise no desenvolvimento em games de realidade aumentada, bem como a franquia Pokémon tendo todo o apelo necessário para um game desse gênero, a Niantic somou ambas as características e criou o conceito do que viria a ser Pokémon Go. Uma vez com esse conceito em mãos, levou a ideia à Pokémon Company, empresa que detém os direitos da franquia Pokémon, e conseguiu venda-la. A partir daí se iniciou o desenvolvimento do game.

Nesse pequeno resumo da história da concepção de Pokémon Go note que em nenhum momento a palavra “Nintendo” foi mencionada. Isso ocorre porque a Nintendo não teve absolutamente nada a ver com a criação do conceito ou desenvolvimento de Pokémon Go.

Antes que retruquem que a Pokémon Company é da Nintendo, permita-me explicar que a gigante japonesa é apenas uma das três empresas integrantes desse conglomerado responsável por tudo que envolve o licenciamento de produtos Pokémon, que também incluem a Game Freaks e a Creatures Inc.

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Mesmo que a Pokémon Company fosse somente da Nintendo, isso significaria que tudo o que a Nintendo, sozinha, teria feito no processo de criação de Pokémon Go, teria sido dar o aceite de prosseguimento à Niantic para o desenvolvimento do game.

É claro que isso não significa que a Nintendo não mereça os ganhos financeiros e a positiva visualização que está tendo desde o lançamento de Pokémon Go. Mesmo que a gigante japonesa não tenha diretamente nenhuma influência no produto final, ela merece os méritos por ter, junto com as outras empresas integrantes da Pokémon Company, apostado no conceito da Niantic.

A questão aqui é compreender que a Nintendo não “aprendeu como se faz”, ou “criou o melhor game mobile já visto”, entre outras hipérboles comumente disparadas por usuários de Pokémon Go, por nintendistas ou mesmo por alguns veículos sérios de jornalismo gamer.

Para entender melhor a atual real mentalidade da Nintendo para com games mobile, basta analisar os games lançados por ela até o momento, os games que estão para ser lançados e os outros inúmeros jogos que a sua empresa parceira nesse ramo, a DeNA, já disponibilizou no mercado. Infelizmente, após essa análise, perceberá o abismo de qualidade e de inteligência de mercado que existem nesses projetos quando comparados a Pokémon Go, bem como verá que uma palavra é corriqueira em todos eles: Freemium.

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Então não, a Nintendo não entrou com força total no mundo dos games mobile, Pokémon Go entrou com força total nesse mundo. A Nintendo ainda tenta emplacar um grande sucesso mobile e vêm fracassando miseravelmente diga-se de passagem.

Espero que a Nintendo, vendo o sucesso em que Pokémon Go se tornou, repense sua mentalidade sobre o como trabalhar games mobile. A partir desse momento será possível acreditar em bons games da Nintendo para celular e afins. Um bom primeiro passo seria se desvincular da forma da DeNA de se produzir conteúdo mobile.

O como Pokémon Go pode continuamente evoluir, se o mesmo vai continuar a ser um sucesso ao longo do tempo, entre outros assuntos que possam envolver Pokémon Go e mesmo a própria Nintendo e sua relação com a DeNA, ficam para outros textos.

Antes de me despedir, até que Pokémon Go seja disponibilizado no Brasil, recomendo os usuários de Android e iOS façam o download de Ingress. O jogo não possui mais a quantidade de jogadores de outrora, mas ainda possui uma comunidade fiel e poderá ser uma boa experiência acerca de o que é um game de realidade aumentada.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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