O universo de jogos multiplayer é cada vez mais competitivo. Jogos de todos os gêneros e modelos de negócio disputam o tempo dos jogadores, que cada vez mais têm menos espaços para novas experiências. Entrar no mercado e fazer sucesso é cada vez mais raro e exige novidades interessantes e chamativas em alguma frente, o que não parece ser o caso de Crash Team Rumble.
Jogabilidade simples e intuitiva
A Toys for Bob não tentou reinventar a roda aqui e as regras para se dar bem nas batalhas entre os principais personagens da saga de Crash são bem simples e intuitivas. Dois times de quatro jogadores são posicionados em lados opostos de arenas pequenas e que forçam os confrontos. O objetivo é coletar mais frutas que os adversários e retorná-las em um ponto específico do mapa, atingindo a pontuação de duas mil frutas primeiro. Obviamente cada personagem tem poderes próprios e pode jogar coletando frutas, atrapalhando os adversários ou mesmo dando suporte para os outros membros do time.
Durante esse beta fechado, o acesso imediato era a três personagens: Crash, Coco e Dingodile. Crash é um coletor de frutas, tem bons ataques e é bem ligeiro. Coco oferece suporte ao time e Dingodile atrapalha os adversários a entregar suas frutas, com muita vida para aguentar ataques de vários inimigos ao mesmo tempo. Com as moedas ganhas nas partidas, era possível liberar ainda Neo Cortex e Tawna. Segundo os desenvolvedores, mais heróis e vilões estarão disponíveis no lançamento.
A jogabilidade é até bem divertidinha nas primeiras partidas, mesmo que o trabalho em equipe ainda não seja o forte dos jogadores no momento, que tentam ainda entender o funcionamento dos seus heróis. Mesmo assim, dá para participar de batalhas caóticas e fazer algumas jogadas criativas, especialmente ao utilizar os itens que podem ser conseguidos no cenário ou os equipáveis antes das batalhas. Um jogador bloqueou nosso ponto de entrega com um gigante que aplica dano elétrico no chão, impedindo quem estava com pouca vida de fazer a entrega antes de matá-lo, por exemplo, enquanto seu time entregava frutas de montão.
Em partidas com bons times se enfrentando, dominar partes da arena e garantir maior recompensa pelas frutas se torna primordial também, o que abre um leque de opções táticas maiores. Por várias vezes o jogador se pergunta se é melhor lutar por um ponto de bônus da arena ou focar em pegar mais frutas. Fica a expectativa por como a composição dos times vai funcionar com mais opções de escolha e se esse ar mais competitivo das mecânicas vai atrair o nicho de jogadores que gosta de um desafio.
Pouco incentivo para jogar mais
O problema aqui acaba sendo o mesmo que assolou Bleeding Edge, o jogo PvP da Ninja Theory que fracassou mesmo estando disponível no Game Pass e que contava com uma dinâmica bem parecida: as partidas são muito repetitivas pela simplicidade do jogo e as recompensas por jogar mais não prendem o suficiente. Mudar de herói não deve segurar os jogadores por muito tempo e coletar cosméticos bobos aqui e ali por quantias elevadas de moedas, muito menos.
Outras decisões também jogam contra o sucesso do jogo. Embora tenha toda a pinta de título Free to Play, ele não só é pago mas também custa um valor bem salgado. Por mais que Crash tenha seu carisma de mascote lendário, essa nova empreitada do marsupial vai depender de muita boa vontade do jogador médio para desembolsar um valor antecipado por um PvP simples e com foco no conteúdo como serviço, com tantas outras opções no mercado já mais estabelecidas. Também há a necessidade de se jogar apenas online, sem opção de tela dividida local, o que aniquila a opção de ser um “party game” como o próprio Crash Team Racing, o que ampliaria consideravelmente o número de jogadores que se interessariam pelo jogo.
No fim, o veredito é que embora divertido, o beta mostrou um título que certamente terá muitas dificuldades de encontrar uma comunidade no mercado atual. Esperamos, para o bem dos desenvolvedores, que as expectativas da Activision não sejam tão altas, porque a nossa definitivamente está de morna para fria.
