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Primeiras Impressões: Marvel’s Avengers ainda está longe do ideal

Desde a primeira demonstração de Marvel’s Avengers na E3 2019, a recepção do público não tem sido das mais homogêneas. Como se trata de um jogo como serviço e vários elementos de multiplayer, suas mecânicas tem um foco bem incisivo em cosméticos, loot e melhoria de equipamentos, o que para muitos não casa muito bem com a estética de super-heróis.

Como nenhuma explicação é melhor que testar com o próprio controle nas mãos, a Square Enix está disponibilizando um Beta para que todos possam conhecer melhor a jogabilidade e entender a proposta. Testamos todo o conteúdo disponível e te contamos agora o que esperar!

Multiplayer com história

Quando pensamos em jogo como serviço e foco no multiplayer, logo descartamos o foco narrativo, que em poucos jogos desse gênero se destacam. Marvel’s Avengers vai tentar estar no grupo dos que oferecem uma boa história para o jogador acompanhar.

A premissa, à primeira vista, parece bastante com a temática clássica dos X-Men. Uma tecnologia inovadora e pouco testada pelos Avengers, um cristal, explodiu em um ataque, como você já deve ter visto no primeiro trailer do jogo. O resultado foi a devastação de São Francisco, o desaparecimento do Capitão América, que é dado como morto, e uma nuvem tóxica que acabou dando poderes para alguns sobreviventes.

Como é de costume nos quadrinhos, essas pessoas não são bem vistas pela sociedade e logo alguém aparece propondo a cura.  O que parece ser o vilão do jogo é um cientista que utiliza exatamente o mesmo cristal que os Avengers, agora debandados, usavam em sua nave. Com ele foram criados robôs e uma série de benfeitorias para a sociedade. Mas como também é costume dessas obras, o benfeitor logo vai se mostrar um opressor e será combatido pelos heróis.

No Beta isso isso ficou bem explicado. Foi possível ver como os Avengers foram de salvadores da humanidade para um grupo desbandado após o desastre neste atentado que vitimou a cidade americana. Uma das heroínas do grupo, a Ms. Marvel ou Kamala Khan, recebeu os seus poderes justamente nesse evento e agora busca juntar os vingadores anos depois do ocorrido.

Minha expectativa era de um arco mais único do que esse, que já foi trabalhado com exaustão tanto em jogos, cinema e HQs, mas ainda é muito cedo para criticar essa parte.

Jogabilidade decepcionante

O mais importante para um jogo desse tipo é ter uma jogabilidade robusta e que te motive a voltar mais tarde, mas isso foi justamente o oposto do que vimos no Beta.

Primeiro tivemos a oportunidade de jogar com cada um dos heróis que faziam parte do Avengers naquele dia do atentado. O tutorial é bem linear, mas deu para perceber como funciona cada um deles. Embora visualmente eles tenham ataques bem diferentes, na prática há um arquétipo padrão. Golpes de perto com combos parecidos, um ataque à distância e três poderes especiais que tem um tempo de recarga. O que diferencia um herói do outro são algumas individualidades, como poder voar e a árvore de habilidades, que permite uma progressão diferente para o endgame.

A parte chata é que o mostrado não faz frente ao que já vimos na geração. O combate tem seus pontos altos, mas no geral não é fluido e a progressão não ajuda. Em um jogo para um jogador, tendo em vista a variedade de heróis, talvez isso passaria desapercebido, mas estamos falando de um jogo que vai utilizar esse combate insaciavelmente em missões que também vão ser repetir bastante.

O agravante é que as missões que não são de história, que tem um pouco mais de polimento. No geral, elas tem um design de nível pouco atrativo, muitas vezes linear e bobo, com missões totalmente descartáveis. Em uma delas, que são liberadas após terminar a parte inicial do conteúdo do beta, enfrentei inimigos em três ou quatro corredores e cheguei em uma área maior. O objetivo era destruir alguns geradores. Nela vários inimigos vieram em ondas e antes que eu percebesse, a fase já havia acabado. Foram cerca de vinte minutos, nada empolgante aconteceu e a única motivação para o tempo gasto foram alguns recursos e itens ganhos no final da fase. Em algumas dessas incursões, aliás, eu relembrei meus piores momentos com Anthem.

Já que estamos falando de itens, outra coisa que decepciona bastante é o sistema de loot. Você consegue equipamentos em praticamente todos os lugares, quase sempre guardado em pequenos tesouros. No menu eles significam apenas mais números para o seu personagem. Vários desses espaços nem fazem sentido. Tem um espaço de equipamento para as costas do Hulk que ainda estou tentando entender, algo como se mudasse a sua composição óssea para ganhar atributos. Todos os heróis possuem o mesmo número de espaços para balanceamento, então é preciso inventar essas saídas.

Na parte visual, o que é ainda mais decepcionante, nenhum desses equipamentos mudam nada. Você parece estar sempre caçando apenas mais números para a tela de menu. Será algo do Beta e no jogo final veremos alterações visuais? Ainda é possível utilizar outros recursos confusos para adicionar ainda mais níveis para esses equipamentos, o que polui mais ainda a tela de inventário e torna seu principal objetivo ser sempre a busca por mais pontos de equipamento.

Eu não tenho nenhum problema com looters, amo vários deles, mas aqui a fórmula está apenas tentando juntar o que viu em outros jogos com os heróis do Avengers, o que deixa a mistura indigesta e tosca.

Já os cosméticos são variações dos uniformes dos heróis, algumas com uma pegada cômica, como o Hulk Havaiano, todas obtidas através de pontos que você tem que ralar muito para conseguir. Há uma espécie de passe de batalha para cada herói, o que não me incentivou a jogar com outros. Todo o sistema de recompensas desse jogo não me fez querer voltar para mais.

Problemas técnicos

O gráfico do Avengers é competente, em alguns momentos brilha. Além dos modelos de personagens bem detalhados, o cenário conta com uma boa leva de potencial de destruição dos objetos e alguns efeitos de habilidades são bem impressionantes. O problema é que o custo disso tudo parece alto demais.

No PS4 base, o jogo roda com limite de 30 fps, mas parece ficar quase sempre abaixo. Mesmo nas missões mais lineares, a todo o momento é possível perceber lentidões que atrapalham e muito no combate.

No PC, o jogo teoricamente não tem limite de quadros, mas mesmo as melhores placas do mercado estão sofrendo para conseguir manter os 60 quadros por segundo em resoluções maiores. Um problema e tanto para se otimizar faltando praticamente um mês para o lançamento.

Fora isso, há uma quantidade considerável de bugs e problemas de conexão. No modo multiplayer foi comum ser desconectado ou ter dificuldades para iniciar partidas.

Nota adicional por Giuseppe Carrino: Curioso é que esses problemas de desempenho no PC ocorrem apenas se você tenta jogar em 60 fps. Caso foque em 30 fps, a experiência é muito boa no que diz respeito à performance e estabilidade, sendo possível até mesmo encarar gráficos no Ultra se você tiver um bom computador e, com isso, obterá uma qualidade visual que provavelmente será a mesma entregue pelo jogo no PS5 e Xbox Series X.

Conclusão

A história de Marvel’s Avengers pode até funcionar, mas o principal problema está na parte mais complicada de consertar, especialmente faltando pouco mais de um mês para o lançamento: a repetitividade do jogo e a jogabilidade.

Com problemas tanto no sistema de loot quanto no design dos níveis, vamos ver como tudo se amarra na versão final e especialmente nos meses seguintes após o lançamento no dia 4 de setembro no PC, PS4, Xbox One e Stadia, e no final do ano para PS5 e Xbox Series X, porque o que foi mostrado até aqui deve decepcionar muitos os fãs.

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