Análises

Prince of Persia

Um clássico que brilhou no Super Nintendo 

Em 2010 “Prince of Persia” (versão moderna) ganhou uma adaptação para as telas do cinema que fez um sucesso razoável, agradando a uns e desagradando outros. Por isso, vamos relembrar de um dos melhores jogos do herói criado por Jordan Mechner em 1989. Mas não estamos falando dos últimos títulos lançados, e sim claro da versão para Super Nintendo, lançada em 1992.

Nunca ouviu falar de “Prince of Persia“? Ou se ouviu foi apenas dos jogos mais recentes e não faz a mínima ideia do valor histórico deste game? Vergonhoso, mas não se preocupe, faremos um breve resumo para você ficar por dentro. Como já dito, foi lançado em 1989  originalmente para o computador Apple II e logo de cara teve um grande impacto e repercussão no mundo dos games, por apresentar uma animação graciosa e realista dos personagens e uma ambientação cinematográfica nunca antes vista em um game.

Prince of Persia: The Sands of Time é uma adaptação do game para as telas do cinema bancada pela Disney e filmada no Marrocos. A super produção é estrelada por Jake Gyllenhaal e Gemma Arteton, dirigido por Mike Newell (Harry Potter e o Cálice de Fogo) e o produtor Jerry Bruckheimer (trilogia Piratas do Caribe).

Para conseguir esse realismo, Mechner estudou filmes de seu irmão mais novo, David, correndo e pulando com roupas brancas, para assegurar que todos os movimentos parecessem reais. Antes de Prince, Mechner já havia lançado o game “Karateka“, que utilizava princípios dessas técnicas para captar os movimentos. Rapidamente Prince of Persia ganhou versões para diversas plataformas da época e foi um grande sucesso, que prendia o jogador em um labirinto com diversos “quebra-cabeças” e armadilhas mortais ao longo do caminho para salvar a princesa, com o tempo limitado de uma hora, passando por 12 fases. Prince of Persia era um game inovador, diferente de tudo que existia na época. O personagem principal não tinha super poderes e não usava armas ou bombas para salvar o dia, mas apenas uma espada velha que encontra pelo caminho. É você e seu personagem numa superação de obstáculos e desafios no tempo real de uma hora para encontrar a princesa.

Assim era a versão original de Prince of Persia e basicamente a mesma versão que outros consoles ganharam, com pequenas diferenças. Mas em 1992 foi lançada a versão para Super Nintendo, totalmente reformulada, agora com vinte fases, gráficos e cenários mais refinados e uma dificuldade insana, ótima para testar sua paciência. A boa noticia é que agora ao invés de uma hora, você tem duas horas para quebrar a cabeça.

Prince of Persia ficou conhecido pela sua alta dificuldade, a precisão de movimentos e claro, uma santa paciência dos jogadores. Quer saber mais? Continue conosco nessa retro-análise das arábias.

óh bela princesa, espere por mim

As 1001 Noites

Nossa aventura começa na Antiga Pérsia (hoje mais conhecida como Irã) em que o Sultão parte para uma guerra e deixa seu reinado aos cuidados do Grã-Vizir Jaffar, seu braço-direito. Sedento por poder, Jaffar aproveita a situação para assumir o lugar do soberano e corromper o reino com suas ambições. Para sacramentar sua posição como soberano, ele decide se casar com a filha do Sultão, a bela e solitária Princesa.

Porém a Princesa rejeita o Vizir, que não fica nada feliz e descobre que a mocinha na verdade está apaixonada por um jovem aventureiro e pobretão. Jaffar ao saber disso, captura o infeliz e o joga nas profundezas da masmorra de seu palácio e lança um ultimato para a Princesa: “Case-se comigo ou morra“, tendo o prazo de duas horas para se decidir.

Enquanto isso nosso herói terá duas horas para percorrer um longo e tortuoso caminho até a princesa, enfrentando guardas, passando por armadilhas e vários desafios e ameças que irão dar muito trabalho ao jogador de primeira viagem e um verdadeiro desafio para os jogadores hardcore.

A história parece familiar ? Pois deveria, ela foi baseada no clássico da literatura persa “As Mil e Uma Noites” (e não na animação Aladdin da Disney!). A versão americana tem a parte da abertura em que o herói é torturado pelos guardas do palácio censurada, mas que pode ser conferida na versão japonesa.

“casa comigo ou te mato!”

O Game

Um dos grandes destaques de Prince of Persia para o console de 16 Bits da Nintendo são as animações do nosso herói, muito bem fluídas e variadas como no original, e os gráficos e cenários totalmente remodelados, que captam muito bem o clima das Aventuras das 1001 Noites. Já na primeira fase podemos notar a evolução do jogo se comparado com o original, agora apresentando um visual muito mais sobrio e detalhado. Todas as outras fases receberam esse acabamento mais refinado, e algumas apresentam áreas externas do castelo, para quebrar um pouco a rotina de tantos corredores.

A trilha sonora é muito boa, aproveitando bem as capacidades sonoras do Super Nintendo e apresentando melodias com aquela atmosfera árabe que se encaixam como uma luva com todo o restante do game. Melhor que isso só se tivesse uma gata dançando a dança do ventre ao som das músicas. O jogo também apresenta muitos efeitos sonoros competentes, como as guilhotinas, saltos, som das espadas e passos.

360409

Quanto a jogabilidade, em uma primeira vista parece meio “entruncado“, mas nada que um pouco de treino não ajude você a dominar todos os comandos do personagem. Aproveite a primeira fase, ou jogue no modo de treino para praticar e evitar dores de cabeça em fases mais avançadas. Você pode estar pensando “Ah, duas horas pra terminar um game, vai ser moleza“, não se iluda, você morrerá várias vezes até descobrir a saída de cada fase. Pode acreditar é pedreira pura que vai requisitar muito da sua dedicação e paciência. Se você estiver jogando no console mesmo, sem as mamatas de saves do emulador, prepare-se para um desafio dobrado, pois ao morrer terá que recomeçar TUDO de novo no nível que morreu.

Sabe o que isso significa? Que você terá que matar novamente todos aqueles guardas chatos pelo caminho, dar aqueles saltos arriscados naqueles precipícios, fendas e espetos pelo chão, terá que manter a calma para passar aquelas malditas guilhotinas e tudo o mais que havia feito antes de morrer. Ah os bons e velhos tempos da época dos jogos desafiadores dos 16 Bits…

O game possui algumas cutscenes para ajudar a desenvolver a história, com um certo apelo cinematográfico, que não possuem diálogos, textos e nem nada. Em vez disso temos um cenário com retoques visuais e musicais e com os personagens fazendo gestos delicados ou bruscos, de tal maneira que não é necessário ouvir ou ler uma simples palavra para se entender o que está passando.

A ação do jogo se desenrola de maneira lenta, mesmo as partes em que você luta contra seus inimigos tem uma ação bastante limitada. Falando em combates, a maioria deles será contra os guardas do palácio e esqueletos, que além de te matar, servem também para atrasa-lo em sua busca. Durante suas lutas, você pode usar o cenário ao seu favor, empurrando seu oponente contra abismos, guilhotinas, espetos ou matá-lo em cima de um piso falso para acionar permanentemente alguma passagem.

Algumas fases são curtas, outras são bem longas, haverá momentos que você não saberá o que fazer, por isso explore todos os cantos, pisos e tetos, procure por passagens secretas e atalhos. Passar por 20 fases em menos de míseras duas horas pode parecer fácil para quem está acostumado com jogos lineares ou de plataformas, mas as incontáveis mortes que você sofrerá pelo caminho vão te fazer mudar de ideia rapidamente.

Algumas fases são verdadeiros labirintos complexos com vários quebra-cabeças que vão fazer você desejar que tivesse mais de duas horas para chegar até o fim. Como se não bastasse, você ainda irá encontrar vários chefões pelo caminho, como o velho conhecido da versão original, o espadachim Gordão e o seu próprio Reflexo, ou ainda caras novas como o Cavaleiro de Armadura e a Estátua de Seis Braços. Provavelmente em suas primeiras jogadas você irá extrapolar o tempo de duas horas, mas não se preocupe, você poderá continuar jogando, claro que quando chegar até onde a Princesa está, você não a encontrará, pois ela já foi executada. Você irá encontrar pelo caminho garrafas que podem recuperar sua energia ou aumentar seu medidor de energia, mas também há aquelas envenenadas, que invertem os comandos, que o fazem planar no ar e outros efeitos que podem ou não te ajudar.

“one hour to decide: marry me or die!”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!