Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo

Uma das melhores adaptações de games para a telona – pode assistir sem medo
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo (Prince of Persia: The Sands of Time, EUA, 2010)

Gênero: Ação

Direção: Mike Newell

Duração: 116 minutos

Atores: Jake Gyllenhaal, Ben Kingsley, Gemma Arterton, Alfred Molina

Censura:

Trailer: Clique aqui

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Na crítica de filmes temos hoje em pauta “Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo”, baseado no jogo homônimo de grande sucesso lançado em 2003 para o PlayStation 2. Para quem é jogador veterano, deve se lembrar da primeira versão para computador, lançado em 1989 – e se não lembra, leia aqui nossa resenha da versão para o Super Nintendo para conhecer as origens do jogo e de seu famoso criador, Jordan Mechner, que colaborou no roteiro do filme, inclusive.

Como qualquer adaptação para cinema de um game, eu já pensei de imediato que seria outra bomba, mas mordo a minha língua. O filme pode não ser uma grande maravilha da sétima arte, mas certamente está com uma qualidade muito acima do que estamos acostumados a ver nas adaptações de games, revelando ser um bom filme de ação despretensioso, com boas doses de humor e o mais importante, respeitando as ideias centrais do jogo. Resumindo, um bom filme “pipoca”, como dizem por aí.

Jake Gyllenhall no papel de Princípe da Pérsia… apesar da cara de “mané bonzinho”, o ator ficou bem no papel

Mas antes de falar sobre a longa-metragem, vamos ver os envolvidos em sua produção. Na produção temos o nome de Jerry Bruckheimer, famoso produtor que conta em seu currículo com a trilogia “Piratas do Caribe”, “A Lenda do Tesouro Perdido”, “Falcão Negro em Perigo”, “Armageddon”, entre vários outros sucessos de ação e adrenalina pura. O cara é bom para fazer sequências de ação e foi um dos mais importantes fatores para a boa qualidade de Príncipe da Pérsia, sem dúvida nenhuma.

Na direção temos o nome de Mike Newell, que não tem um currículo tão notável quando o de Bruckheimer (dirigiu os filmes “O Sorriso de Mona Lisa”, “Harry Potter e o Cálice de Fogo” ou “Quatro Casamentos e um Funeral”), mas fez um trabalho bem competente. Claro que é impossível não notar o toque de Bruckheimer pelo filme todo.

No elenco temos o ator Jake Gyllenhaal (o cowboy “biba” de “O Segredo de Brokeback Mountain”), a bela atriz Gemma Arterton, e os veteranos Ben Kingsley e Alfred Molina (o Doutor Octopus de Homem-Aranha 2). Vale dizer que assim como a produção do filme, o elenco é composto por talentosos e competentíssimos atores que fizeram bem o seu trabalho na tela.

a bela Gemma Arterton não agradou fãs gamers exigentes… e chatos…

Assim sendo, podemos passar para a história do filme, que mostra o protagonista Dastan (Gyllenhaal – vale lembrar que no game o Prince não possui nome), um órfão bastante ágil do antigo reino persa, que em um belo dia é adotado por um bondoso rei que acredita que a união entre irmãos é a chave de um reino forte. Dastan possui outros dois irmãos, todos príncipes da Pérsia, que agora adultos, invadem o reino de Alamut, um local sagrado onde reside a Adaga do Tempo, que é protegida pela Princesa Tamina (Arterton). Após uma série de acontecimentos, Dastan é subitamente acusado de traição ao Rei/Reino e acaba se juntando à Tamina numa jornada cheia de aventuras para proteger a Adaga Sagrada, que possui o poder de controlar o tempo.

Se você jogou o game, deve ter percebido que a história está bem próxima ao original, claro que com algumas adaptações e mudanças bem-vindas. Os personagens estão bem adaptados, com Gyllenhaal fazendo um príncipe que impressiona pelas suas habilidades acrobáticas, pulando e escalando paredes o tempo todo no melhor estilo parkour, assim como sua contraparte nos games.

Alfred Molina em um cômico papel no filme

A atriz Gemma Arterton, que recebeu queixas de fãs dizendo que ela não era a ideal para o papel, ficou muito bem como a princesa Tamina (que no game é conhecida como Farah), com um personalidade de mulher durona e cheia de atitude (por vezes até mais que o protagonista do filme) e que forma um belo par romântico (e briguento) com o príncipe.

Completando as atuações, temos o excelente Ben Kingsley no papel de Nizam, o braço direito do rei e tio de Dastan, assim como os dois irmãos do jovem acrobata, também bem interpretados. Destaque também para Alfred Molina (praticamente irreconhecível) e o seu cômico personagem adorador de avestruzes.

O filme é recheado de cenas de ação de ótima qualidade, que entretêm o espectador com batalhas épicas, cenários gloriosos e doses de humor bem inseridas, sem se tornar um pastelão. O diretor foi feliz em fazer a alegria do público gamer e inserir elementos como armadilhas e quebra-cabeças nas cenas de ação, pontos que são consagrados nos games Prince of Persia e que o público entendido vai captar as sutilizas. Destaco aqui o momento em que Dastan precisa derrubar um caldeirão de óleo sobre o exército inimigo, uma cena com a marca registrada de Bruckheimer, ágil, agrádavel de se assistir e cheia de detalhes.

A direção de fotografia, assinada por John Seale, é muito bem feita e conta com belíssimos cenários marroquinos, com ambientes e figurinos que complementam de forma agradável a ilusão de estar em uma Pérsia antiga. Além disso conta com efeitos especiais e cenários criados em computação gráfica que conseguem manter o realismo de forma primorosa.

Apesar de as vezes o filme apresentar um tom quase infantil (dá a impressão que a adaptação do filme é mais do game Alladin do que Prince of Persia), eles são poucos e estão longe de estragar o desenrolar do filme, pelo contrário, servem para elevar o tom de humor quando necessário e aumentar o carisma pelos personagens.

No filme não há os zumbis de areia existentes no game, mas temos os violentos e sombrios Hassassin, que funcionam bem melhor do que os inimigos de areia.

Para completar, temos uma trilha sonora assinada pelo famoso compositor Harry Gregson-Williams, que já trabalhou em vários filmes, alguns inclusive ao lado de Bruckheimer. E se você é fã da série Metal Gear Solid, já deve ter sacado que é o mesmo compositor (junto com Norihiko Hibino) dos jogos MSG 2 ao 4, e também contribuiu para a trilha sonora do game Call of Duty 4: Modern Warfare. Então saiba que os temas da Pérsia Antiga estão muito bem compostos e de acordo com todo o filme.

Mas é claro, o filme não é perfeito e possui os seus pontos fracos, que felizmente não são muitos. A narrativa despretensiosa faz com que o filme seja previsível  e simples, faltando mais atenção na edição e roteiro, que não explicam certos pontos e algumas transições de cenas ocorrem de forma brusca e descuidada, sem explicar como as coisas acontecem. Provavelmente alguns fãs gamers mais chatos reclamem que faltou mais referências aos games, como algumas armadilhas consagradas do jogo, mas certamente a falta deles não estragará a diversão.

Resumindo, “Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo” é uma das melhores adaptações de games para as telas do cinema que você vai encontrar no mercado (junto com o primeiro filme de Mortal Kombat e Terror em Silent Hill), que consegue ser fiel ao espírito e universo do game e ainda expandi-lo de forma aceitável para o universo do cinema. Seja você fã dos games, ou nunca tenha jogado um jogo da série, o filme facilmente cativa a quem assiste como um bom filme de ação, e  que certamente deve contar com uma sequência em um futuro próximo. Esperamos que Jerry Bruckheimer esteja novamento envolvido no projeto, e inclusive podem chamar o cara para fazer outras adaptações de games.

Para terminar, confira o trailer do filme abaixo, e se você ainda não o assistiu, fica aí a nossa dica que você não vai se arrepender de assistir.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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