Análises

QuackShot

A época dos 16 bits tinha algo que nunca mais foi igual: Games da Disney verdadeiramente bons. Da época 32 e 128 bits não me recordo de nenhum game envolvendo a Disney que realmente me fizesse delirar, com a exceção da séria Kingdom Hearts.

Essa realidade promete mudar com o lançamento do aguardado Epic Mickey. Com esse espírito esperançoso de que as franquias Disney voltem a brilhar em grandes games, dou inicio aqui a uma série de análises de games Old School dedicados a games da Disney do glorioso período 16 bits do mundo dos games.

Darei inicio a essa série de análises com um game que é um de meus favoritos games Old School. Na verdade deverei me sentir nostálgico como nunca escrevendo essa análise. Se caírem algumas lágrimas de meus olhos aqui vou assumi-las, pois esse é um game que me marcou demais.

Vamos dar início a analise de QuackShot para Mega Drive.

Aproveitando uma soneca do Tio Patinhas, Donald vai futricar nos livros de seu tio. Entre eles Donald vê algo interessante no livro “King Garuzia´s Great Duck”. O que o pato com a voz mais única do mundo lê no livro é a história do tesouro lendário do rei Garuzia´s escondido em um local secreto. O livro continha um mapa, ainda que incompleto, do tesouro.

Querendo o tesouro para si e ser mais rico até mesmo do que Tio Patinhas, Donald e seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luizinho, partem para à caça ao tesouro no avião bimotor de Donald.

O que Donald ainda não sabe é que o Bafo de Onça, bisbilhotando pela janela da casa do Tio Patinhas, viu Donald encontrando o livro e o mapa e irá fazer de tudo para tomá-lo para si.

E depois dessa introdução simplória e simpática da história, bem ao estilo dos cartoons mesmo, tem-se início ao game.

QuackShot é um game de aventura de plataforma, no estilo da maioria dos games da Disney da época. Assim como os games da Disney da época é belo, divertido e imersivo, se utilizando do vasto “mundo dos patos Disney” com a habitual competência com o que esse mundo era utilizado nos quadrinhos e nos cartoons.

Logo de cara a primeira coisa que chama a atenção é a música do jogo.

Assim que a história termina de ser apresentada, o mapa do game é apresentado e com ele uma das músicas mais marcantes de minha vida como jogador. Nunca me esqueci dessa música e por certo não sou o único.

Nesse mapa podemos escolher a localidade para onde iremos, sendo que cada localidade apresentada no mapa é uma fase. Inicialmente temos somente três à disposição, mas esse número aumenta quando conseguimos o mapa completo do tesouro na Transilvânia e com o decorrer do game.

Ao selecionar uma fase, o avião deixa Donald na localidade e vai embora com seus sobrinhos. A partir daí começa a diversão.

A estrutura geral do game é bem ortodoxa, caminhar eliminando todos os obstáculos, ou desviando dos que não puderem ser eliminados. Cada fase tem seu hall de inimigos e obstáculos a serem contornados. Para auxiliar Donald a progredir, temos um atirador de desentupidores de privadas. Lendo e não conhecendo o game podem até pensar que isso é algo besta, mas acredite, é extremamente divertido “desentupir” os inimigos em detrimento a qualquer outra coisa. Ora, não imaginou que em um game da Disney iríamos sair matando todo mundo…

Ao atirar o desentupidor no inimigo, esse é paralisado por alguns instantes, permitindo que o jogador passe por ele e prossiga na fase. Cada fase tem seus inimigos bem caracterizados, desde vikings em um navio que há fantasmas e morcegos na Transilvânia. O único inimigo em comum em praticamente todas as fases é o Bafo de Onça, que apesar de ser o antagonista principal do game, nada mais é do que um inimigo comum ao longo de quase toda a aventura.

Cada uma das fases é extremamente bem caracterizada. O México é um ambiente arenoso, com um sol de “rachar coco”, com suas areias movediças e tudo mais; A Transilvânia é um ambiente noturno e misterioso com seus morcegos e música mais calma e amedrontadora.

Ao contrário da maioria dos games de aventura da época, cada fase de QuackShot é interligada, por dependência de itens, a outra fase. No começo do game, em Patópolis, ao chegarmos a determinado ponto, encontramos um personagem que informa da necessidade de se ter algo para conseguir continuar a fase, no caso e Patópolis, termos de encontrar uma forma de subir em uma parede muito alta, para prosseguirmos. Nesse ponto, temos de voltar ao mapa, selecionar outra região e verificar se ali encontraremos o item desejado, ou se, teremos de encontrar um item em especial para passar por ali também. São bem estruturadas as fases como podem ver, um padrão quase inquebrável de “pegue um item para passar por aquele ponto daquela fase”, mas isso dá ao game um tom de exploração, mesmo que em pequena escala.

Outra coisa importante é a variação de ambientes dentro da mesma fase. Normalmente, quando voltamos a uma fase com o item adequado para prosseguir, nos deparamos um cenário bem diferenciado, com várias novas nuances que afetam tanto o visual quanto a jogabilidade da mesma, o que faz da possível monotonia da estrutura de fases do game, algo amenizado.

Alguns dos pontos de certas fases são verdadeiramente geniais, vide o trecho de fase dentro do castelo na Transilvânia em que temos de nos esconder de um fantasma gigantesco, para que ele não nos ataque. Nessa fase, até que não façamos o que se deve fazer para prosseguirmos, ficamos presos temporalmente na sala. O que deve ser feito é simples, mas no ímpeto de sempre se esconder do fantasma, deixamos o óbvio escapar de nossos olhos. Esse foi um momento muito marcante desse game, pelo menos para que vos escreve. Aliás, durante todo o game, a interação com o cenário, além de interessante e divertida, é vital para o prosseguimento no game.

Além da arma de atirador de desentupidores de privada, que recebe upgrades ao longo do game aliás, temos também uma arma de bolhas capazes de destruir certos blocos e construções, e também um atirador de milho, que possui um tiro mais aberto, abarcando maior área da tela. Tanto o tiro de bolhas, quanto o tiro de milho, eliminam o inimigo permanentemente do cenário, ao contrário do desentupidor de pia, que como já dito anteriormente, somente paralisa por um pequeno tempo o inimigo.

A jobabilidade do game, apesar de se limitar ao padrão obrigatório do que um game de aventura / plataforma deve apresentar, é o conhecido “arroz com feijão” bem feito. Apresentando uma resposta perfeita para o que se pretende fazer, o controle nunca lhe deixará na mão, assim como não deverá ser utilizado como desculpa válida para sua eventual morte.

O game conta com um botão para o tiro, um para o salto e um para correr mais rápido, o que garante também um impulso maior para pular. Como adições ao corriqueiro, temos um contador de pimentas na barra de informações que contem cinco desenhos de Donald de bochechas vermelhas, caso o jogador consiga comer cinco pimentas ao longo do game, Donald fica louco e invencível por um tempo. Nada demais, mas é algo “bunitinho” de ver: Donald todo desesperado pela pimenta e gritando com aquela voz única dele.

As músicas do game como um todo são boas de ouvir e dão o clima necessário para o game, contando com alguns destaques com pitadas de genialidade, como a música de Patópolis, do México, do Polo Sul e em especial, a música do mapa geral do game que é extremamente marcante, é quase mágica! QuackShot, por certo, foi um dos games que melhor se utilizou do fraco chip de som do Mega Drive.

Aliás, o chip de som de Mega é uma das desculpas mais esfarrapadas que existem para um game com músicas ruins, afinal a melhor trilha sonora, pessoalmente falando, de um game dessa época é justamente do Mega Drive, ou alguém ai não acha a trilha de Streets of Rage 2 coisa de louco? Mas deixemos essa discussão para depois…

QuackShot é um dos motivos por eu ainda possuir meu Mega Drive, um verdadeiro clássico Old School que, por algum motivo obscuro a mim, não tem tanta relevância quando o assunto é a época SNES / Genesis, mas que independente disso deve ser apreciado e considerado um dos games supra-sumo do Mega Drive, do período 16 bits do mundo dos games e com certeza, um dos melhores games dentre tantos que a Disney por proporcionou. Se ainda não conhece, experimente e seja feliz!

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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