Análises

Red Dead Redemption

Um GTA no Velho Oeste – “Red Dead Redemption” é a continuação, ou como dizem por aí, sucessor espiritual de “Red Dead Revolver“. O primeiro game, que começou a ser feito pela Capcom e depois entregue à Rockstar, era um ótimo exemplar de tiro e aventura, ambientado no Velho Oeste. Cheio de clichês na história, inclusive bem rasinha, sem muita profundidade, onde seu personagem vingava a morte de seu pai de políticos e homens malvados no Velho Oeste, com a ajuda de outros colegas no decorrer da história, como uma mulher bonita, porém pistoleira (no bom sentido), um índio bonzinho, um cowboy inglês cheio de sotaque, e um soldado afro-americano. Ou seja, a velha história do ‘bem’ contra o ‘mal’, bem polarizada com ricos ‘brancos’ contra o proletariado (comunistas?). Apesar dos pesares, era um belo jogo para o PS2/Xbox original, e ainda contava com um ótimo modo multiplayer local.

A Rockstar então resolveu ‘GTAlizar‘ a ambientação de “Red Dead“, com uma nova história que se passa também no Velho Oeste, porém, aqui você verá o final dessa época, em plenos 1911. Você verá trens de ferro por toda a parte, indicando desenvolvimento, além de postes de telefone (ou telégrafos), e até mesmo os primeiros carros dos EUA, que são pouquíssimos, mas logo no começo você vê um sendo transportado via trem. Ou seja, conseguiram quebrar aquele estigma de faroeste povoado apenas por cavalos e madeira, pois aqui temos um Velho Oeste em pleno desenvolvimento, inclusive talvez o primeiro retratado assim nos videogames. Mas isso não quer dizer que você vá usar algum desses apetrechos ‘tecnológicos‘, muito menos embarcar na onda steampunk. O bom e velho cavalo, e a pistola ‘Colt’ continuam mandando em tudo por aqui.

A história é centrada em John Marston, que inclusive é a cara do antigo protagonista, Red Harlow. John é um daqueles típicos forasteiros misteriosos, que chegam na cidadezinha de trem em busca de um objetivo nem sempre belo. Aqui ele está incumbido da captura de um antigo companheiro, porém é logo baleado no começo pelo dito cujo. Então recebe a ajuda de uma fazendeira da região, muito solícita inclusive, que o ajuda a dar os primeiros passos no jogo. Uma espécie de primo do Nico Bellic de GTA em versão feminina. Não se empolgue muito, pois ela é feia bagarai.

Então temos o desenvolvimento da história. É sabido que John está em uma missão do governo americano, para capturar seu antigo bando que se refugiou nesse fim de mundo americano, que ainda não conhece muito a lei. Ao que tudo indica, ele o faz obrigado, pois senão… Bem isso você vai descobrir no jogo. Então o negócio é ficar do lado da lei e ajudar os agentes locais (xerifes) a encontrar bandos de arruaceiros, prender malucos psicopatas, resgatar mocinhas e por aí vai. Até reforma agrária você vai ter a chance de implementar por aqueles lados (deve ser resquícios do plot comunista de Red Dead Revolver, o roteirista deve ser leitor de Karl Marx). Ao menos os personagens secundários e o próprio John são mais desenvolvidos, com mais resquícios de humanidade (e não é exatamente a parte boa que estou falando), ao contrário do primeiro game, raso como um pires em se tratando de enredo.

Chamar “Red Dead Redemption” de um GTA no Velho Oeste, não é exagero. O jogo foi totalmente desenvolvido com o motor de “GTA IV”. Não foram só os gráficos, toda estrutura clássica de GTA está lá. Você pode comprar propriedades (algumas inclusive, tomando à força), poderá destravar novas roupas, inúmeros minigames como jogos de azar, o característico mundo totalmente aberto, além de muita coisa acontecendo no meio do nada. Por exemplo, bandidos se enfrentando no meio do deserto, mulheres sendo violentadas, e por aí vai. E você escolhe se vai interferir ou não. Até mesmo pra salvar é igual, você vai pro seu quarto e usa a cama pra dormir e consequentemente salvar o progresso.

A novidade é um sistema de honra e fama. Você será recompensado de acordo com suas ações no jogo. Saia dando tiros na cidade e você se transformará em um fora da lei. Terá que pagar cadeia ou tributos e sua fama vai cair lá embaixo. Ajude o povo em missões paralelas, e ganhe fama pra destravar outras recompensas, e por aí vai. O jogo possibilita essa liberdade de escolha, mas na verdade, não vale a pena sair atirando e matando inocentes como em GTA. O esquema é cumprir as missões e prender o máximo de bandidos que conseguir, pra destravar novas armas, missões e etc…

O jogo é incrivelmente bem acabado e detalhado. O Velho Oeste tem todo aquele aspecto sujo, e o motor gráfico de GTA ajuda muito. O clima muda, às vezes do nada e chove torrencialmente, e no deserto é lindo ver quando o sol se põe.A vegetação é a mais bela já retratada do Velho Oeste, chegando a ser mais bonita que o belo “Call of Juarez“. A ambientação é absurda, às vezes você está no meio do nada, e um grupo de coiotes te ataca. Prepare-se para literalmente tirar a pele deles e vender na cidade, que conta inclusive com diferentes tipos de lojas, com vários ítens diferentes disponíveis.

Você pode usar vários tipos de cavalos pra cumprir as missões, mas o jogo te premia caso você utilize só um cavalo. Ou seja, a fidelização de um companheiro animal. É que, como na vida real, seu cavalo se acostuma com você. No começo você pode matá-lo de canseira, caso abuse do pobre coitado. Depois com o tempo, ele aguenta mais tempo levando chibatadas no lombo.

O sistema de mira herdou de “Red Dead Revolver” uma espécie de ‘bullet time‘. Você ativa esse modo, e pode matar vários inimigos de uma vez, ativando uma câmera lenta e mirando nas partes mais fracas dos oponentes (pernas, cabeça, etc). Com o tempo você vai ganhando mais experiência com o sistema, podendo usar várias vezes e aumentando o tempo da câmera lenta. Dá pra treinar matando os pássaros por exemplo, ou bandidos.

O jogo conta também com os famosos duelos no Velho Oeste. Prepare-se para enfrentar tipos perigosos que se renovam de tempos em tempos, ficando mais espertos. Quem for mais rápido no gatilho vence. O jogo também conta com um modo multiplayer para até 15 jogadores em competições e missões cooperativas. Além do mais há possibilidades de futuros ‘add-ons‘, gratuitos ou pagos.

O jogo é extremamente viciante, como qualquer GTA. Com a possibilidade de mundo aberto (e enorme) cheio de missões paralelas, sistemas de recompensas que variam sua experiência, além de coisas para se destravar, é fácil se pegar ficando horas brincando de pistoleiro no oeste, sem ao menos fazer as missões da campanha. Sobre esta, você vai experimentar tanta coisa que honra mais uma vez o legado de GTA. Participar de guerras entre clãs e caça à bandidos perigosos, missões na Guerra Civil do México, laçar e domar cavalos selvagens, e por aí vai. Muita coisa pra se fazer mesmo, espere por pelo menos umas 30 horas de diversão pura.

Sammy Anderson

Fundador do GameHall e produtor do programa Versus.

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