Análises

Ristar

Uma simpática estrelinha em um jogo fantástico no Mega Drive

Ah, nada como fazer a análise de um clássico dos 16 bits, ainda mais de um dos games mais bonitos e carregado de carisma que já apareceu no Mega Drive. “Ristar é o game oldschool escolhido para a análise de hoje (o último foi “ToeJam & Earl). Lançado em 1995, o título mostrava como personagem principal uma simpática estrela humanoide, que usa os seus longos braços para se locomover e combater os seus inimigos.

Um jogo de plataforma sensacional, com gráficos lindos e coloridos, personagens charmosos e cenários com um design ao melhor estilo dos jogos 2D de plataforma. Se você o achar meio parecido com os jogos antigos de um certo ouriço azul, não vai ser a toa, pois o jogo foi produzido pela Sonic Team, que naquela época estava no seu auge de criatividade.

Yuji Naka, o “pai” do Sonic,  foi quem concebeu a ideia do personagem de Ristar, ainda na época em que a Sega procurava uma mascote, cargo que seria então preenchido por Sonic The Hedgehog (leia análise do game aqui).

Primeiramente, bolamos uma personagem que se parecia com um coelho, com orelhas que podiam se estender e pegar objetos. Na medida em que o jogo ia ficando cada vez mais veloz, nós precisávamos de uma característica especial para nosso personagem sobre os seus inimigos. Eu então me lembrei de uma personagem que eu havia pensado anos atrás, que podia se transformar em uma bola e passar por cima dos seus adversários. Ouriços podem rolar, então decidimos ir de um coelho para um ouriço“, relembra Naka.

Alguns anos depois, o tal game do coelho foi sendo produzido separadamente de Sonic, até que um dia se transformou em um protótipo chamado “Feel“. O personagem principal sofreu mudanças no visual, já não lembrando mais um coelho, agora para atacar ele usava os seus braços e não mais as orelhas. Depois de  mais algumas mudanças, inclusive no nome (quase sendo batizado de Dextar), o game se tornou como o Ristar que nós conhecemos hoje. Então, por muito pouco, ao invés do ouriço azul, a Sega não teve como mascote um coelho orelhudo ou uma estrelinha amarela, que apesar de ser concebido na mesma época de Sonic, só teve sua estreia quatro anos depois.

Infelizmente essa demora no lançamento custou a Ristar um reconhecimento maior, pois em 1995 os consoles de 32 bits já estavam no mercado, deixando pra trás a era 16 bits. Ristar não vendeu tão bem para ser tornar um sucesso comercial, mas vendeu o suficiente para se tornar relativamente popular.

As versões japonesa e americana sofreram algumas mudanças no storyline, nome de planetas, um chefe de fase que era um gato grande e virou um monstro de gelo e algumas animações que foram cortadas na versão americana.

É um daqueles games que você começa a jogar e não para mais, e certamente merecia um remake para os atuais consoles, particularmente acho que ficaria muito bem no Wii U, em um estilo 2D tipo o “Murasama: The Demon Blade“. Infelizmente, como Alex Kidd, é outro grande personagem que ficará engavetado nos armários da Sega.

Yuji Naka ficou mundialmente conhecido por criar Sonic The Hedgehog. Além do ouriço azul, também trabalhou na série Phantasy Star, Sega SuperStars e Nights. Foi um dos fundadores da Sonic Team em 1990, saindo em 2006 para montar sua própria empresa, o Prope (e que até agora não fez nada de bom). Foi graças à sua liderança no Sonic Team que Sonic ganhou a popularidade que possui hoje.

Pegando uma estrela cadente

A história do game ocorre no Sistema Valdi, que possui sete planetas em órbita. Um tirano pirata espacial conhecido como Kaiser Greedy, faz com que todos os líderes dos sete planetas obedeçam suas ordens e o caos toma conta de tudo. Os habitantes do planete Flora oram para que um herói os salve, e aos outros planetas, antes que Greedy controle tudo.

As orações alcançam a nebulosa da Star Goddess, Oruto. Ela então desperta uma das suas crianças, Ristar, com o propósito de atender às preces das pessoas, salvar os sete líderes dos planetas, destruir o inimigo e trazer a paz novamente para a galáxia.

A versão americana sofreu algumas modificações. A Star Goddess Oruto não é vista no game. Ao invés dela, Ristar tem uma figura paterna, que é uma estrela que protege o Sistema Valdi. Seu pai também foi sequestrado por Greedy, que enviou um chamado para seu filho salvá-lo e libertar os outros.

Com certeza a qualidade que mais chama a atenção de Ristar são os seus gráficos, simplesmente espetaculares. São lindos e coloridos, uma obra de arte a parte que leva o Mega Drive aos seus limites. Fases com vários efeitos parallax e muito bem feitos e definidos. As cores fortes ajudam a destacar os belos designs de Ristar e de seus inimigos, que são grandes na tela e muito bem detalhados.

O nível de animação é fantástica, são tão variadas e tão boas quanto às dos jogos do Sonic (talvez até melhores), um dos mais animados do console. A estrelinha é muito carismática e faz caras e bocas durante todo o game. Algumas animações aparecem apenas em determinadas fases e dão um toque todo especial ao game. Inclusive, quando ele perde seu último marcador de vida, a última estrela caí e acerta a cabeça de Ristar, fazendo-o desmaiar –  até nisso os caras foram criativos, fantástico.

Os inimigos também receberam um tratamento especial, são bem variados, com design bacana e coloridos, assim como os chefes de fase, que apesar de não serem muito difíceis de se derrotar, são muito criativos – para se ter uma ideia, você vai enfrentar um monstro de gelo com pratos de comida quente e uma toupeira gigante vestida de armadura com o solo desabando. Era a Sega fazendo o que ela sabia de melhor: usar a criatividade para gerar diversão.

A jogabilidade de Ristar também é bem única e diferente dos jogos habituais da época: ele usa suas mãos para agarrar os inimigos e puxá-los contra o seu próprio corpo, destruindo-os. Inclusive os itens são pegos dessa forma, não bastando apenas passar por cima deles. Mas não se limita a isso, ele é bastante ágil e pode lançar os braços para qualquer direção e agarrar paredes, degraus, escadas e muitas outras coisas, e assim poder escalar ou alcançar outras partes dos cenários, podendo explorar diferentes caminhos durante as fases.

E falando nas fases, elas são sete no total, divididas em três cenários, sendo que a terceira parte é a luta contra os chefes. Sonic Team dá uma aula de game designer, com cenários muito bem elaborados e desenhados, e extremamente criativos, com plataformas, passagens secretas e vários caminhos diferentes, exigindo do jogador uma habilidade para se jogar tanto na horizontal, como na vertical – show de bola!

Fases com os mais variados obstáculos como espetos, água, fogo, gelo e até uma área com temática musical fazem parte do pacote, tudo isso com várias animações ao fundo, é tudo muito bonito e bem feito. Existem balanços espalhados pelos estágios, que fazem a estrelinha girar e alcançar novos níveis, ganhar fases bônus ou passar por certas áreas. Ristar, como todo bom jogo de plataforma, não possui uma dificuldade muito fácil e vai dar um pouco de trabalho para os jogadores que não estão acostumados com o gênero, especialmente as últimas fases.

A trilha sonora é outro prato cheio para os jogadores, com composições incríveis, que combinam perfeitamente com os temas das fases. São realmente músicas muito bem feitas que aproveitam bem as capacidades sonoras do Mega Drive, que também conta com efeitos sonoros muito bons.

Catch a Rising Star!

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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