Análises

RoboCop vs The Terminator

O clássico filme “RoboCop” ganhou um remake dirigido pelo brasileiro José Padilha, que ficou famoso mundialmente com o sucesso de “Tropa de Elite“, estreado em 2014. Mas enquanto o aguardado filme não chega, vamos relembrar de um excelente game em que o poderoso ciborgue policial apareceu junto com outra lenda robótica dos cinemas: “RoboCop vs The Terminator“. Sim, esse apoteótico encontro aconteceu em 1992, primeiramente nos quadrinhos pelas mãos de Frank Miller – também responsável pelo roteiro do filme “RoboCop 2 (assim como do terceiro filme, mas vamos esquecer esse, nem vale a pena lembrar que ele existe) – e em 1993 ganhando versões para os videogames Mega Drive e Super Nintendo.

Se a Nintendo tinha a Capcom e Konami como queridinhas, a Sega tinha como fortes aliadas a Renovation e a Virgin Games, essa última responsável por diversos games fantásticos no Megão, como “Aladdin” e “The Terminator“, só para citar dois. Ela também foi a responsável pela produção de “RoboCop vs The Terminator” no Mega Drive, o que acabou gerando uma versão bastante diferente, e superior, do SNES, produzido pela Interplay. E por essa razão vamos focar a nossa análise na versão de MD, confira abaixo qual foi o resultado desse mega confronto.

A soberania das máquinas

A versão para MD é apenas levemente baseada nos quadrinhos de Miller (a versão SNES é mais fiel) e apresenta uma história com algumas diferenças. Anos após a criação de RoboCop, o setor de defesa dos EUA contrata a empresa Cyberdyne Systems para construir o sistema de inteligência artificial Skynet. Para isso, a Cyberdyne utiliza a revolucionária tecnologia da OCP utilizada no RoboCop para mesclar mente humana com a artificial, porém quando o super-computador é ativado, adquire auto-consciência e inicia uma guerra com o objetivo de exterminar a raça humana.

Para acabar com a resistência humana, a Skynet manda vários exterminadores para o passado que assumem o comando da OCP, o que atrai a atenção de RoboCop, que vai até lá para confrontá-los. O ciborgue cai numa armadilha e acaba se conectando em um computador, o que, sem saber, dá a Skynet toda a informação necessária para a sua criação no futuro. O RoboCop é desmontado pelos exterminadores, mas reconstruído no futuro pela resistência humana, que buscam nele a última esperança de salvar a humanidade. Agora cabe a você controlar RoboCop num futuro infestado de exterminadores, ED-209, Robo-Cain, e outras máquinas mortíferas com o objetivo de localizar e destruir a Skynet.

Tiros, explosões e muito sangue

Você começa o jogo ainda na época do RoboCop, nas ruas de Detroit contra gangues de rua e as forças da OCP, e salvando reféns. No início a maioria dos inimigos são humanos, e aos poucos os exterminadores modelo “Schwarzenegger” vão aparecendo, assim como outras máquinas. Seguindo o estilo plataforma de tiro, RoboCop tem a disposição um bom e criativo arsenal de armas, como metralhadoras, lança-granadas, lança-chamas, laser, plasma, entre outras coisas.

Se você é fã das duas franquias vai perceber que a Virgin utilizou muito bem referências de ambos os universos no game num total de 10 fases. Temos Detroit, a construção da cidade Delta City, o prédio e indústrias da OCP para os fãs do RoboCop, e do outro lado temos a base da resistência, a fábrica de exterminadores T-800, cenários do futuro apocalíptico e até uma criativa materialização física da Skynet como último chefão. Além de destruir tudo o que aparece pela frente, em algumas fases RoboCop tem missões diferenciadas, como salvar reféns ou destruir alvos específicos, como exterminadores vermelhos. Os comandos são simples, utilizá-se apenas três botões usados para atirar, pular e trocar de arma. Robo pode usar dois tipos de armas, de oito disponíveis.

Os gráficos são um dos grandes destaques do game, e apresentam um teor de violência que vai agradar aos sanguinolentos, com humanos explodindo e voando sangue e pedaços pra todo lado – assim como no primeiro filme do RoboCop – num efeito pra lá de bacanudo e brutal (existe até um código pra deixar o jogo ainda mais violento!). Os cenários possuem um ar sombrio e apocalíptico, as cores são escuras, e os personagens possuem design artísticos criativos e detalhados, além de serem enormes na tela. O RoboCop possui um visual muito fiel ao filme, apesar de eu achar sua movimentação muito “leve” para algo que deve pesar toneladas. Mas se ele fosse mais pesado, certamente o game seria bem mais difícil do que já é. O design dos inimigos também estão perfeitos, com exterminadores humanos e robóticos, gangues de rua, agentes da OCP e claro, chefões especiais como ED-209 com o seu visual super-ultra-cool e o Robo-Cain do segundo filme, que também aparece lindamente neste game.

A trilha sonora, assinada por Tommy Tallarico, é excelente e tem uma pegada eletrônica que combina perfeitamente com a atmosfera de robôs-assassinos-do-futuro, inteligência-artificial-megalomaníaca e policiais-justiceiros-ciborgues. Senti falta de uma versão dos temas musicais principais dos dois filmes, mas as músicas presentes dão conta do recado tranquilamente. Os efeitos sonoros são outro ponto alto, com sons de explosões, tiros, gritos e algumas vozes digitalizadas em boa definição (tem até som do ED-209).

O jogo tem uma dificuldade acima da média e pode pegar os desprevenidos de surpresa, mas nada que um pouco de treino não resolva. Alguns chefes podem dar um bom trabalho se você não usar a arma correta, então sempre que sentir dificuldades, troque as armas até achar uma que facilite mais a matança – é possível inclusive usar a metralhadora de ED-209. Uma coisa que poderia ter e que faltou, era uma fase controlando um Exterminador, acho que seria uma experiência bem interessante para o jogador. Outra coisa que senti falta foi de cutscenes entre as fases, pois além da breve introdução e das pequenas notas das missões no início de cada fase, ficou uma cratera na narrativa do game, que podia ganhar mais peso com algumas animações entre as fases. Até o final do jogo é meio frustrante, depois de todo o trabalho que você tem para chegar ao final. Mas esse pequeno contra não tira todas as ótimas qualidades do título, que é diversão garantida para quem o jogar. Já tivemos “Freddie Krueger vs Jason” e “Aliens vs Predador”, e enquanto “RoboCop vs Terminator” não aparece nas telas do cinema, podemos ao menos curtir o encontro neste belo game!

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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