Análises

Rock n’ Roll Racing

Se você tinha um Super Nintendo ou um Mega Drive em meados dos anos 90 certamente deve se lembrar de “Rock n’ Roll Racing” (RRR), jogo de corrida lançado pela Silicon & Synapse (hoje mais conhecida como Blizzard Entertainment). Bem antes do surgimento de “Guitar Hero”, RRR se destacou no mercado por apresentar em sua trilha sonora clássicos do rock ‘n roll licenciados para uso no game. Certamente muitos rockeiros por aí ouviram os seus primeiros solos de guitarra ao som de Deep Purple ou Black Sabbath na trilha sonora deste game.

Mas claro que o jogo não consistia apenas das músicas, ele era muito divertido e viciante, principalmente por não se tratar de um jogo convencional de corrida. Aqui você pode jogar sujo, tirar os seus adversários para fora da pista, ou até mesmo mandá-los para os ares em mil pedacinhos, com tiros e bombas voando para todo o lado. Se jogado no modo para dois jogadores então, pode esquecer a corrida, pois cada jogador vai querer apenas ferrar com o amigo (eu quando estava na frente, ficava parado numa curva só esperando meu colega retardatário passar para eu mandar um míssel nele!).

O contexto do game também é bem interessante: as corridas são disputas interplanetárias entre quatro competidores, em um campeonato envolvendo cinco planetas. Cada jogador pode escolher entre cinco pilotos, cada qual de um planeta e com suas próprias características. Confira as figuras abaixo (há ainda um corredor secreto, Olaf o Viking, do jogo “The Lost Vikings”, da mesma época):

É claro que cada planeta possui o seu visual, características e perigos próprios. São seis planetas no total, e todos eles seguem o estilo “sinistro” rock n’ roll de ser, ou seja, terras áridas e sombrias (dá pra correr inclusive no inferno) recheados de armas, pistas com espinhos e armadilhas espalhadas pelo chão (cada planeta possui um “vilão” corredor que domina o local). Apesar disso, os gráficos são simples, os carros (cinco no total) possuem designs arrojados e bem detalhados, e o jogador possui uma visão isométrica das corridas.

A jogabilidade pode ser meio traiçoeira, apesar dos comandos responderem rápido, a visão isométrica pode confudir as vezes com controles invertidos, mas nada que com o tempo não se acostume. Algo bem legal em RRR é que é possível ganhar dinheiro, e com isso comprar upgrades para o seu carro, como armamentos, motores, turbos, pneu, etc, deixando sua máquina ainda mais turbinada e perigosa para as corridas. E aqui vale tudo, não tenho dó dos seus adversários e solte aquela mina para o cara logo atrás de você ou aquele míssel certeiro no fulano lá na frente. Cada carro possui armamentos próprios, o que torna tudo ainda mais divertido.

E tudo pode acontecer durante uma corrida. Você pode muito bem estar na frente, pensando que a vitória está garantida, quando então um míssel explode o seu carro, ou pula errado numa rampa e caí fora da pista, perdendo minutos preciosos, e de primeiro lugar vai para o último. As pistas e os adversários são traiçoeiros, e quanto mais sujo jogar, melhor para você!

Agora pegue tudo isso e some com a marcante trilha sonora e os efeitos sonoros, e você tem um jogo que até hoje possui uma legião de fãs fieis. Os efeitos sonoros são excelentes, com sons de derrapagens, explosões, tiros e bombas. Mas o que rouba a cena mesmo é a narração do doidão Larry “SuperMouth” Huffman, famoso narrador de eventos esportivos mundo afora. O “superboca” marcou uma geração de jogadores com suas frases bizarras e que davam uma atmosfera toda especial ao game. Frases como “let the carnage begin”, “it´s about to blow” e “the stage is set, the green flag drops” ficaram eternizadas para sempre no universo RRR.

E aliado à narração, temos a trilha sonora, composta por cinco (seis no Mega Drive) clássicos do rock (nada melhor do que disputar uma corrida e explodir os seus adversários ao som de Paranoid ou Highway Star). Confira a sonzeira abaixo:

Henry ManciniPeter Gun

Black SabbathParanoid

SteppenwolfBorn to be Wild

George ThorogoodBad to the Bone

Deep PurpleHighway Star

Golden EarringRadar Love (exclusivo do Mega Drive)

RRR infelizmente nunca teve uma sequência oficial, apesar da Interplay tentar vender o jogo “Red Asphalt” para o PlayStation como uma continuação. O jogo ficou longe de alcançar o status e popularidade do jogo original e logo foi esquecido. As versões de Mega Drive e Super Nintendo são quase idênticas, mas o console da Big N leva vantagem na parte sonora, com qualidade das músicas e narrações bem melhores.

E pra você que sonha com uma versão mais moderna do game, um grupo de fãs russos, chamado Yard Team, está desenvolvendo uma releitura 3D de “Rock n’ Roll Racing”, com gráficos atualizados e novas pistas/cenários. Leia mais sobre este remake aqui.

“let the carnage begin!”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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