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Rockstar Games – Passado, presente e futuro

 por Henrique Tozzi

Não é fácil ser um rockstar. Mas a vida de glamour proporcionada a quem chega à esse status pode, na maioria das vezes, compensar todo o caminho trilhado. E se não é fácil ser um rockstar, o caminho para chegar no topo é mais difícil ainda. E esse longo caminho foi, e ainda é pisado brilhantemente pela Rockstar Games. Hoje parte de um conglomerado pertencente à Take-Two Interactive, seus estúdios são nomeados de acordo com a cidade que os acolhe. Boa parte desses estúdios foram renomeados e fundidos para a marca Rockstar _insira a cidade aqui_ seguindo sua aquisição pela Take-Two, enquanto outros foram criados especificamente para a marca.

Em se falando da marca, a Rockstar Games foi criada em 1998 pelos produtores de games britânicos Sam Houser, Dan Houser, Terry Donovan, Jamie King e Gary Foreman. Eles eram parte do estúdio DMA Design (atualmente Rockstar North), responsável por sucessos como Lemmings e o grande carro chefe da Rockstar Games, Grand Theft Auto.

Atualmente, Rockstar Games significa Sinônimo de qualidade em divertimento eletrônico. O nível de esmero e inovação em seus jogos é dificilmente acompanhado por outras produtoras. E parte do segredo está na maneira como os games são produzidos. Segundo Dan Houser, em uma entrevista para a Famitsu: “Você tem que ter originalidade em seus jogos, você tem que ter um tipo de mensagem interessante. Você pode dizer que o objetivo da Rockstar é fazer com que os jogadores sintam o que estamos tentando fazer […] a Rockstar produziu novos gêneros, como os jogos da série GTA. Nós não nos apoiamos em nenhum depoimento em um livro de negócios para fazer o que fizemos. Eu acho que atingimos o sucesso precisamente porque não nos concentramos em lucro… se fizermos os jogos que nós mesmos queremos jogar, então acreditamos que as pessoas vão comprá-los”.

E toda essa paixão rendeu jogos memoráveis. Vamos conferir alguns deles.

Grand Theft Auto

Se você quer trilhar o caminhodo sucesso, você tem que fazer algo inovador, bem-feito, e se contiver uma boa dose de polêmica, o sucesso é mais garantido. E com a série GTA todos esses ingredientes foram utilizados em doses cavalares. O primeiro jogo quebrava com todos os paradigmas por mostrar um anti-herói criminoso, ladrão de carros e que cumpria missões para os mais diversos mafiosos. Eventualmente, com o sucesso do primeiro game e o lançamento das expansões GTA 1961 e 1969, uma continuação era inevitável.

Com GTA 2, um melhor aproveitamento do aspecto da história foi visto, adicionando um motivo por trás das ações do personagem principal, algo que perdura na série até hoje. E assim como Mario 64 foi o referencial para os jogos em 3D de sua época, GTA III ensinou ao mundo como se fazer um jogo em 3D de mundo aberto, com suas missões diversas e visual extremamente detalhado. Foi o grande estouro da franquia, atingindo grande popularidade tanto pelo seu gameplay refinado quanto por sua violência. Chamou a atenção especialmente (muito alardeado pela mídia tradicional na época) pela possibilidade de “sair” com prostitutas, e assim recuperar sua vida. E, infelizmente, a mídia geral focou muito no fato da possibilidade de poder matar a prostituta após o ato.

Novas expansões foram lançadas com a engine de GTA III, nomeadamente Vice City e San Andreas. Se Vice City passou quase imaculado, San Andreas voltaria a fazer barulho não só pelo seu mapa gigantesco e jogabilidade extremamente refinada, mas também por conter um mini-game escondido na programação. Com o “Hot Coffee”, qualquer jogador poderia desbloquear esse mini-game, e voilà, exercitar o sexo virtual em um videogame antes de God of War.

A partir daí, era certo que GTA IV daria as caras algum dia. Anunciado na E3 2006 trouxe uma cidade vibrante, gráficos e física extremamente polidos, uma história cinematográfica, e uma liberdade pouco rivalizada (talvez só pelos jogos da série Just Cause). Quebrando recordes de maior número de unidades vendidas em 24 horas e em 7 dias, (ou era, uma vez que ainda precisamos analisar os números de GTA V) o maior lançamento de entretenimento da atualidade. E seguindo, GTA V acabou de sair do forno, trazendo novidades como a adição de 3 protagonistas que podem ser selecionados a qualquer momento, o maior mapa da história da franquia (maior que o de Red Dead Redemption e o de GTA IV combinados), e uma história vista, obviamente, sob 3 perspectivas diferentes. Já chegou fazendo barulho com o seu lançamento, vendendo milhares de unidades em poucas horas, e já causando certas polêmicas com algumas atitudes em jogo (como a cena da tortura). Não é o carro chefe da Rockstar games à toa. E já quebrou todos os recordes de seu antecessor.

Nomeadamente, o Guinness reconheceu os seguintes recordes pertencentes à GTA V: Jogo de Action-Adventure mais vendido em um período de 24 horas; Jogo mais vendido em um período de 24 horas; propriedade de entretenimento mais rápida à lucrar $1 bilhão; jogo de videogame mais rápido à lucrar $1 bilhão; jogo que mais lucrou em 24 horas; maior retorno gerado por um produto de entretenimento em 24 horas; trailer mais visto por um jogo action-adventure.

Red Dead Revolver e Redemption

Existe um gênero pouco explorado nos jogos eletrônicos: o faroeste. Um grande representante do gênero existiu na “era de ouro”, o reinado dos 16 bits. Esse clássico se chama “Sunset Riders”, e marcou toda uma geração por conta de sua trilha contagiante e seu gameplay estilo “Contra”. Alguns anos depois, aproveitando um projeto deixado de lado pela Capcom, a Rockstar lançou em 2004 “Red Dead Revolver”, um jogo de faroeste com perspectiva em terceira pessoa, muitos duelos e um mundo aberto. Não atingiu a marca do milhão de unidades vendidas, mas abriu o terreno para seu sucessor (espiritual) prodígio: “Red Dead Redemption”. Lançado em 2010, foi considerado por muitos o “GTA de faroeste”, pois possuía tudo que o seu primo urbano exibia com tanta pompa: um mapa gigantesco, um mundo vibrante e orgânico, trilha sonora impecável, muitas missões, e algumas missões extras de extremo bom gosto e muito bem elaboradas (quem ainda não se arrepia com a missão de estranho “I know you”?).

Red Dead Redemption conseguiu juntar todos os elementos-chave de um jogo de mundo aberto e colocar em cima a roupagem e a liberdade de um faroeste de primeira. Uma história de redenção muito bem contada, fazendo com que haja uma simpatia e conexão com o personagem principal. Tais características combinadas garantiram à esse jogo excelentes avaliações, colocando-o como um dos jogos mais bem avaliados de todos os tempos e ganhando inúmeros prêmios de “jogo do ano” em um ano extremamente produtivo, competindo com títulos como “Batman: Arkham Asylum” e “Mass Effect 2”.

A franquia “Red Dead” soma hoje cerca de 13 milhões de unidades vendidas. Com todo esse sucesso, espera-se que um sucessor do chapéu seja anunciado em breve.

Manhunt

Se seguirmos o que Dan Houser disse sobre “fazer o jogo que gostaríamos de jogar”, podemos inferir, por Manhunt, que ele pode ser uma pessoa com sérios problemas (ou que gosta muito de “fugas implacáveis”). A premissa básica do jogo envolve a fuga da personagem principal (com um passado “obscuro” em ambos os jogos) de uma situação de extremo perigo, onde deve passar por “cenas” (no primeiro jogo) ou episódios (no segundo) executando os inimigos de maneira sorrateira, de modo similar à ação em Metal Gear. E é exatamente nesse ponto que o jogo brilha (e gera muita controvérsia): as execuções são brutais, e ainda possuem 3 níveis de violência, sendo o terceiro nível extremamente violento e com altos volumes sanguíneos envolvidos.

O jogo vendeu relativamente bem, com a somatória da franquia na casa de 2 milhões de cópias vendidas. Atingiu um status de “Cult” entre os jogadores, e seu impacto cultural à época foi tão grande que o Chicago Tribune o comparou ao impacto de “Laranja Mecânica” no cinema. Apesar do seu impacto e de ser uma produção relativamente singular, não há qualquer indício de uma continuação no futuro. Uma pena, pois Jack Thompson terá menos trabalho pela frente.

Ah é, ele não é mais advogado…

Bully

Se esse jogo tivesse saído na época do “Zangief Kid”, teria feito um enorme barulho aqui no Brasil. Mas mesmo assim, pelo mundo afora, “Bully” fez muito barulho quando foi lançado em 2006, como é a marca registrada da Rockstar.

No papel de um garoto de índole difícil, o jogador tem à sua disposição um jogo de mundo aberto que se passa no ambiente de uma escola, com missões que vão desde determinados afazeres na aula até produzir bombas fedorentas, atormentar professores e abrir cadeados de armários de outros alunos.

E como os jogos da Rockstar nunca ficam longe de uma polêmica, com Bully não foi diferente. O fato de o jogador encarnar um “valentão” em uma escola preocupou muitos pais, principalmente as associações anti-bullying internacionais. Outros aspectos do jogo foram duramente criticados também, como a possibilidade de o protagonista poder beijar tanto garotas como garotos. Além de tudo isso, o jogo recebeu uma classificação etária T (Teen), o equivalente a 13 anos, que levou muitos pais à loucura. Não sendo diferente, como em toda boa polêmica, o jogo foi banido de nossas terras tupiniquins.

Em meio a todas essas polêmicas, Bully foi muito bem avaliado pela crítica, e recebeu novas edições para Wii e X360 intituladas “Scholarship Edition”, com conteúdo expandido, novas aulas, personagens e missões.

Com o sucesso do jogo e suas inúmeras edições, uma continuação é possível. Em julho de 2013, a Take-Two (a quem a Rockstar pertence, vale lembrar) registrou novas marcas no domínio de Bully cobrindo, entre outras coisas, programas de videogames e computadores. Um futuro promissor!

Midnight Club

A entrada da Rockstar no gênero de corridas. Desenvolvido pela Rockstar San Diego, antigo Angel Studios, responsável por Midtown Madness. Um jogo de corridas urbanas em um sistema de mundo aberto. Possui 4 títulos, sendo que o primeiro a ter carros licenciados foi Midnight Club 3: Dub Edition, para o Playstation 2 e Xbox. O último jogo, Midnigh Club: Los Angeles foi lançado em 2008 para PS3 e X360, trazendo um aspecto realista pelo mundo aberto, mudança de clima, um ciclo de 24 horas de dia/noite e novamente carros licenciados no trânsito da cidade. Possuía o maior mapa da série, com o tamanho relativo ao dos 3 mapas dos jogos anteriores combinados (já ouvimos essa história em algum outro jogo, não?). Foi bem recebido pela crítica, porém novas versões não parecem despontar no horizonte tão cedo. Talvez por falta de polêmica?

Além dos jogos e franquias comentados, que são de grande destaque na biblioteca da Rockstar, há muitos outros jogos de fama produzidos pela empresa, como o recente Max Payne 3. Inicialmente produzido pela Remedy Entertainment (a mesma de Alan Wake), a Rockstar foi incubida de fazer a terceira edição do jogo, continuando a história de Max e mantendo a tradicional jogabilidade em terceira pessoa e o famoso “Bullet Time”, marca registrada da série. Com essa história de jogos de sucesso e um gosto por jogos eletrônicos ímpar, os futuros jogos da empresa, quaisquer que sejam, são sempre esperados com bastante entusiasmo e ansiedade, pois a possibilidade de vir um jogo grandioso e bem polido é grande.

E dessa forma a Rockstar se firma cada vez mais como uma das empresas de maior prestígio no mundo do entretenimento eletrônico. Assim como a próxima edição de GTA já nos parece certa, o caminho da Rockstar parece continuar na estrada do sucesso.

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Sammy Anderson

Fundador do GameHall e produtor do programa Versus.

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