Análises

Sakura Wars: So Long, My Love

A franquia Sakura Wars teve seu início lá em 1996, criada por Ouji Hiroi e desenhado por Kosuke Fujishima, conhecido por seu trabalho com o anime Oh My Goddess! e a série de games Tales of. Produzido pela Sega para o Saturn, o game foi um grande sucesso e ganhou algumas sequências, passando por várias plataformas.

Sua história era uma mistura de ciência e fantasia que consistia em estratégias de guerra e também era um simulador de encontros, um gênero bem comum no Japão e nem tanto por aqui. O ponto forte do game era sua narrativa centrada na simulação e na interação dos personagens no desenvolvimento da história, que pode seguir rumos diferentes dependendo da sua ação.

Sakura Wars fez tanto sucesso que ganhou uma versão anime, mangá e até live action. Sakura Wars: So Long, My Love é o quinto jogo da série que foi lançado em 2005 para PS2, mas só agora chega ao ocidente, para PS2 e também para Wii. E por incrível que pareça, é o primeiro game da franquia a ser lançado no ocidente em 14 anos.

E será que essa espera toda valeu a pena, para nós podermos conferir o que os otakus japoneses veneram há tamto tempo? Com certeza sim! Sakura Wars: So Long, My Love é uma experiência fantástica, que mistura de forma genial simulação de encontros, com batalhas com mechas gigantes e elementos de RPG de estratégia.

E a versão americana está com um trabalho primoroso, com dezenas de textos bem traduzidos  e muitas horas de diálogos criativos e divertidos, com um fator replay altíssimo, que fará você jogar esse game diversas vezes, mesmo depois de já ter terminado.

Adeus, meu amor

A ambientação do game se passa em um universo alternativo na cidade de Nova Iorque, dos anos 1920, que está sendo ameaçada por um terrível exército de demônios. O protagonista do game é o jovem alferes Shinjiro Taiga, vindo do Japão para liderar uma tropa de soldados contra as hordas invasoras nos Estados Unidos. Claro que ser sobrinho do Comandante das Forças de Assalto Imperiais ajudou um pouco.

Assim começa o game, que irá se desenvolver com longas cenas de anime. Assim como os outros jogos da série, os personagens possuem dois estilos de vida distintas, uma como integrantes de um grupo musical e a outra como militares combatentes de forças demoníacas.

A série é famosa por apresentar grandes elencos feminino, e aqui não é diferente. Além de Taiga, temos outras cinco principais personagens no desenrolar do game. Você contará com a ajuda da bela ruivinha Gemini Sunrise, uma texana com desejos de ser samurai; Cheiron Archer (Sagiita Weinberg na versão japonesa), uma ex-ladra que se transformou em advogada; Rosarita Aries (Rikaritta Aries na versão japonesa), uma caçadora de recompensas mexicana; Diana Caprice, uma enfermeira e ornitóloga que ficou paralítica por causa de uma grave doença; e por fim Subaru Kujo, uma jazzista e antiga integrante da Star Division da Europa.

Temos outros vários personagens suporte, como a capitã Ratchet Altair, Michael Sunnyside, comandante da Star Division nos EUA, Cherry Cocker e a pentelha Anri Yoshino que ajudam em batalhas, Yuichi Kayama que possui uma loja e Xingzhi Wong, que é designer dos Stars e tem um restaurante chinês.

Claro, se você curte o gênero de narrativa de games “maduros” como Heavy Rain, Mass Effect, God of War, entre outros, não espere encontrar o mesmo nível aqui. A narrativa segue a linha tradicional de animes fofinhos e bonitinhos como Tenchi Muyo e Oh My Goddess. Você curte animes, é otaku de carteirinha? Ótimo, então você vai adorar este game.

A mecânica do jogo é bem simples, você inícia cada capítulo com uma determinada missão de sua aventura, e cabe a você decidir que caminhos tomar para continuar. Você pode explorar uma parte da cidade e interagir com os outros membros da sua equipe. Cada conversa com uma gatinha é uma oportunidade de Taiga aumentar seu medidor de confiança/compatibilidade com essa personagem (inclusive a níveis mais românticos, se você desejar).

Através do sistema LIPS – Live & Interactive Picture System – o jogador deve optar por um curso de ação dentro de um limite de tempo. Essas dinâmicas rápidas podem aparecer de diferentes formas, como uma série de opções, através do controle analógico ou através de uma barra de energia/intensidade. Um exemplo disso é se você responder rápido uma pergunta, o game irá interpretar que você respondeu com firmeza e sem dúvida, ao contrário se você esperar por muito tempo para dar determinada resposta. Conforme o resultado, essas interações irão determinar o seu nível de confiança com a mulherada. E quanto mais elas confiam em você, melhores elas lutam nas batalhas. Esse sistema lembra um pouco Heavy Rain, sendo que suas ações terão consequências posteriores na história.

E falando em batalhas, elas aqui estão em segundo plano, podendo ser aéreas ou terrestres, através de seus mechas. Elas acontecem no final de cada episódio, e essas lutas podem ser bem longas até serem finalizadas. Felizmente há a opção de salvar durante a luta e voltar depois para continuar a sessão. Cada personagem possui uma barra de movimentos que vai diminuindo conforme suas ações, que variam entre ataques, defesa, agilidade, ataques em grupo, habilidades especiais além de poderem transformar seus mechas, dependendo da situação, e mudar a zona de batalha. Há ainda o fator estratégia, pois você deve comandar cada personagem, mudar formações, recuperar energias, partir para o ataque, ajudar um colega na luta, entre outras opções. E tudo isso está ligado ao seu desenvolvimento pré-batalha, de acordo com as suas interações com as garotas. Quanto maior a confiança do grupo, mais ataques em conjunto poderão ser feitos e causar maiores danos no inimigo. Você quer subir de level, aumentar sua energia, ganhar mais ataques e magias? Então trabalhe no seu relacionamento com as garotas (bem diferente dos RPGS tradicionais não?).

Os gráficos em sua maioria são no estilo anime, já meio ultrapassados já que o game é de 2005, mas são bem desenhados, afinal tem o character design de Kosuke Fujishima, que tem um traço muito bonito e apresentável, são bem animados e agradáveis de se assistir. Em certas partes do jogo você pode controlar Taiga pela cidade de Nova Iorque em uma visão de terceira pessoa, explorando a cidade e interagindo com lugares e pessoas, com gráficos bem básicos sem nada fora do comum. Os cenários de batalhas também não apresentam nada de apelativo, apresentando animações básicas, algumas até que se tornam repetitivas com o tempo, como ataques em conjunto e ataques especiais. Já os chefes de fase apresentam um design bem mais criativo e com mais imaginação.

O jogo possui uma longa duração com muito conteúdo a ser explorado através de perguntas e respostas. Muitas das escolhas feitas não há opção de volta, a não ser que você tenha que jogar um bom pedaço do capítulo novamente. As dublagens americanas estão boas, na medida do possível. Não é nenhuma maravilha, mas existem outras bem piores no mercado. A versão para PS2 ainda vem com um disco extra com os diálogos em japonês. A versão do Wii tem apenas a dublagem americana. A trilha sonora é assinada pelo compositor Kohei Tanaka, que fez um excelente trabalho criando composições em sua maioria no estilo jazz, que combinam bem com a época dos anos 1920 em que o game se situa. Os personagens principais possuem seus próprios temas, e a música clássica de Sakura Wars.


Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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