Análises

Scott Pilgrim vs The World: The Game

– Muita nostalgia e diversão neste beat’m up ao estilo dos 8 e 16 bits –

“Scott Pilgrim Vs. The World – The Game” é o jogo ideal para você gamer que era rato de fliperamas (ou videogames mesmo) dos anos 80 e 90. Lançado inicialmente apenas para o serviço digital PlayStation Network e a partir do dia 25 de agosto para a Xbox Live Arcade, o título é obrigatório para os fãs do estilo beat’ m up, consagrado por grandes nomes como “Streets of Rage” e “Final Fight”.

Mas talvez você, caro leitor, esteja ai se perguntando “mas quem diabos é esse Scott Pilgrim??”, que talvez você já tenha ouvido falar nas rodinhas de amigos, já que um filme  homônimo estreou recentemente nos EUA e que chega no Brasil apenas no dia 15 de outubro de 2010.

Scott Pilgrim é uma série de histórias em quadrinhos composta por seis volumes em preto e branco, sendo que o primeiro foi lançado em 2004 e agora em 2010 o último foi liberado. A Editora Companhia das Letras publicou as edições no Brasil em Março de 2010, caso você esteja interessado, e se você gosta de comics, mangás e videogames, eu mais que recomendo, já que ele tem fortes influências desses universos, além também de referências a cultura pop do cinema e música. Por exemplo, o nome “Scott Pilgrim” foi escolhido por seu criador, Brian Lee O’Malley, por causa de uma música da banda indie rock noventista, composta apenas por mulheres, chamada Plumtree.

Nos quadrinhos (e no cinema e no game) Scott Pilgrim é um canadense de aproximadamente 23 anos, preguiçoso, anti-herói, passa o tempo livre em festas, roqueiro de garagem, que vive em Toronto, Canadá tocando baixo na banda de “Sex Bob-OMB”. Ele se apaixona pela entregadora de encomendas Ramona Flowers, mas deve derrotar os sete “ex-namorados malignos” (menina pegadora, tem até uma garota ai no meio dos ex) dela, para poder ficar com ela. E além de diabólicos, eles têm superpoderes para complicar ainda mais a sua vida. Assim começa a sua jornada a um mundo repleto de aventuras, ação ao estilo clássico de jogos beat’m up e referências à cultura pop. Eu tenho certeza que, depois que você jogar este game, vai ficar com vontade assistir ao filme.

O jogo utiliza tantas referências que acaba ganhando uma identidade muito própria, com um estilo único. Ele é na sua essência um jogo de porrada em que a tela se desloca da esquerda para a direita, parece familiar? Mas ainda podemos perceber estilos de outros jogos, como Super Mario Bros, Street Fighter, River Citty Ransom ou até mesmo Guitar Hero, e um dos aspectos mais legais desse jogo é justamente você descobrir ou reconhecer essas referências presentes no jogo.

O jogador pode escolher além de Scott, outros três personagens (Ramona, Kim e Stills), existindo ainda mais dois para serem desbloqueados. Cada um dos lutadores possuem os seus próprios ataques e habilidades, sendo que podem evoluir num total de 16 níveis e assim ganharem novos golpes e habilidades especiais. Mas o sistema de evolução não fica por ai, há também um sistema de compras de upgrades (você ganha uma graninha derrotando inimigos) para evoluir os personagens, um pequeno toque de RPG muito bem vindo no título. Ao começar o jogo, seu personagem está zerado de atributos e com poucos ataques, o que pode complicar sua jornada no game e causar algumas mortes indesejadas, e até mesmo uma tela de Game Over. Mas a medida que for evoluindo, as coisas ficam mais fáceis. E se você jogar com mais três amigos simultaneamente na tela, vai ser uma festa à moda antiga completa. Vai parecer que você voltou no tempo e está jogando o “flipper” das Tartarugas Ninjas com os seus amigos (eita época boa!). Então chame os amigos para jogar sem sua casa porque realmente vale a pena!

Os inimigos são bem variados, além dos sete ex-namorados temos capangas de gangues, caras fantasiados de alienígenas e dinossauros, jornalistas com câmeras fotográficas, cachorros raivosos e muito mais. Felizmente quase tudo no cenário serve como arma, como bastões, bolas, caixas, latas de lixo, placas e o que mais você puder catar para jogar em cima dos adversários, ou até mesmo segurar um inimigo e o usar como arma. Você começa com três vidas, e caso perca todas elas, é enviado de volta para o início do cenário. E acredite, se você não está muito acostumado com esse tipo de jogo, as três vida vão embora rapidinho. As vezes,quando se começa um cenário novo, vale a pena morrer (se você tiver uma vida só) para recomeçar com as três vidas. O jogo não tem checkpoints, mas também não fazem muito falta. Além dos pontos de vida você também recebe uma quantidade de pontos para os ataques especiais, ou no caso de perder toda a vida, de levantar o personagem.

Os cenários são longos e recheados de inimigos, sempre com um feroz Boss no final de cada estágio. Felizmente é possível visitar durante as fases, lojas para comprar itens, comida ou aumentar os atributos dos personagens, caso as lutas estejam muito duras. Há também fases bônus, onde se pode ganhar mais dinheiro, com cofrinhos de porcos voadores e caixas de moedas inspiradas nos jogos de Super Mario. É interessante notar nessas fases os vários bugs e glitches espalhados propositalmente, como homenagem aos erros clássicos dos jogos de antigamente.

Os gráficos e visuais são repletos de muito charme artístico, coloridos, animados, cheios de vida e altamente pixelizados, embora o jogo seja em HD (e isso não é algo ruim). Tantos os inimigos como os amibentes são bem retratados, com um visual que lembra comics ou ainda animes como Ranma ½ (cito esse pois o ataque de Ramona com um martelo me lembrou muito o Ranma ½) e uma clara homenagem aos jogos clássicos e antigos.

A trilha sonora é composta por sons eletrônicos que remetem aos clássicos 8 bits, por isso não chegam a ter uma qualidade sonora de superproduções, mas as músicas compensam pelas suas composições variadas, cheias de energia e altamente viciantes, que te deixam no clima certa para distribuir porrada para todos os lados.

Infelizmente o jogo peca por não apresentar vozes, gritos e outras dublagens, que podiam acrescentar muito mais à qualidade geral do game. Também faltou um modo online, que se encaixaria muito bem com o estilo do jogo.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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