Análises

Side Pocket

Como você imaginaria que seria um simulador na época de Mega Drive e Super Nintendo? Seria ele “preciso e realista” ou aquele clássico “me engana que eu gosto”? Bom, se você não consegue imaginar a resposta então você talvez deva jogar algumas partidas de Side Pocket, que para muitos foi um dos melhores simuladores de bilhar multiplataforma que tivemos na década de 90; versão testada foi a de Mega Drive.

Ousado e divertido

“É de longe o melhor simulador de bilhar já publicado em todos os sistema”, palavras da finada revista americana e canadense Computer Gaming World (CGW) ao publicar seu review da versão de NES (1987) e ela não estava precipitada no que disse, Side Pocket era um simulador incrível, independentemente da plataforma que escolhesse jogar, dos 8 bits aos 16 bits ou até mesmo nos clássicos Fliperamas.

A Data East trabalhou duro em seu jogo que trazia todas as características importantes de um jogo de Bilhar, claro que com suas ressalvas. O objetivo no game da Data East era encaçapar todas as bolas da mesa, enumeradas em sequência – 1, 2, 3 e assim por diante – até que nenhuma bola mais sobrasse na mesa, além é claro, da bola branca usada para atingir e encaçapar as demais bolas.

O jogador tinha um número limitado de chances para encaçapar as bolas que era mostrado em um marcador no canto esquerdo superior da tela, caso o jogador encaçapasse uma bola o número de bolas/chances mantinha-se intacto e ao errar ele ia diminuindo.

Os números de bolas também iam alternando conforme o jogador passava de cidade em cidade, ou seja, cada nível apresentava um desafio um pouco diferente do anterior, tal qual acontece na realidade, que mesmo tendo regras definidas mundialmente para cada estilo de jogo, cada região acaba adotando algumas particularidades nos bares e salões mundo a fora, exceção feita aos campeonatos, por motivos óbvios.

Felizmente a Data East manteve a regra básica apesar de mudar a quantidade de bolas, ou seja, independente do número de bolas na mesa o importante é encaçapar na ordem numerada para ganhar mais pontos evitando confundir o jogador. Os pontos são somados e é necessário atingir pelo menos 4000 pontos nos estágios iniciais para passar de nível.

Mas não espere por vida fácil, Side Pocket não era divertido só por ser parecido com o que víamos na realidade naquela época, na verdade Side Pocket era muito desafiador e trazia algumas situações cabeludas, dignas dos maiores mestres de Bilhar/Sinuca.

Um ponto positivo que ajudava bastante era a linha pontilhada que aparecia para nos mostrar a direção básica que a bola tomaria conforme sua tacada, que pode soar como uma trapaça, porém era inevitável, já que com a visão vista por cima era impossível ter uma noção precisa da direção de sua tacada sem as linhas pontilhadas e em um jogo como esse, precisão é fundamental.

Encaçapar as bolas é um jogo de paciência, planejamento e que deixa poucos espaços para erros, que ficam ainda mais evidentes na modalidade multiplayer, multiplicando também a diversão.

A simulação em si era a melhor que a geração de consoles poderia entregar na época. As bolas se comportavam muito bem na mesa virtual e a Data East conseguiu tirar leite da pedra ao apresentar um jogo que conseguia “simular” um modesto mas surpreendente sistema de física. As bolas passavam a sensação de peso e força e velocidade eram respeitadas na hora dos choques com as demais bolas virtuais, deixando o strike inicial muito divertido e uma ótima oportunidade para já deixar sua marca.

É claro que nem tudo era perfeito e tinha como fazer aquelas “jogadas manjadas” que quase todos os jogos eletrônicos têm, mas mesmo assim Side Pocket pode se orgulhar por exigir mais técnica, treino e habilidade para se obter sucesso. Algumas das tacadas que mais exigiam técnica e muito treino era as jogadas de efeito, mudando o ponto onde você acerta na bola para conseguir tacadas de efeitos surreais vistos pelos melhores jogadores de bilhar e sinuca. São jogadas lindas e exigem muito, mas muito treino para dominá-las.

Conteúdo também não era o que faltava. Além do modo campanha, temos dois modos para o multiplayerPocket Game e 9-Ball Game – além do Trick Game, que apresentava uma série de desafios bem cabeludos e divertidos, fazendo os jogadores quebrarem a cabeça para vencê-los. Há também os Challenge Shot, que eram um pouco diferente do Trick Game e apareciam entre as fases da campanha, vencê-los rendiam “chances extras” para o jogador usar durante a campanha.

Para finalizar tínhamos alguns modificadores para render alguns pontos extras aos jogadores, como a “Estrela” que aparecia aleatóriamente em determinado buraco da mesa e rendia mais pontos, o “Super” que fazia com que sua bola ganhasse uma força descomunal e a “Zone”, uma espécie de fase bônus que sempre aparece disponível em um dos buracos quando falta somente uma bola na mesa.

 

Bons gráficos e trilha sonora agradável

Side Pocket também era um jogo muito bonito e com belo acabamento, em todas as versões para diferentes plataformas. No Mega Drive os gráficos era o que o console poderia entregar de melhor, com bolas muito bem feitas e bonitas, apresentando várias cores distintas e simulando bem as bolas listradas e sólidas.

Os efeitos especiais que apareciam aqui e acolá eram bacanas e casavam com a proposta do jogo, a mesa virtual tinha visual bem acabado e as taças nos Trick Games para a versão de Mega Drive vinham cheias, diferentes das do Super Nintendo que eram taças vazias. As informações pertinentes ao jogador eram bem acomodadas no canto superior da tela e a representação de seu jogador no lado superior direito da tela era muito legal, que inclusive representava a tacada em sincronia com o que acontecia na mesa.

Os sons são muito bem trabalhados também, com algumas falas esporádicas nem tão bacanas assim, mas com efeitos sonoros ótimos sem deixar a desejar para o concorrente direto Super Nintendo, que tinha um chip de áudio mais robusto. A trilha sonora no Mega Drive, em minha singela opinião, era melhor que a versão de Snes, com misturas de Jazz e Piano, entregando melodias “gostosas” de ouvir e muito bem selecionadas, é o tipo de música que você ouviria ao entrar em um clássico salão de sinuca/bilhar ou nos bares mais chiques lá pelos anos 90.

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