Análises

SimCity 4

SimCity 4

Simuladores sempre tiveram um carinho especial por parte do público gamer, principalmente por permitir a pessoas comuns exercerem atividades que dificilmente teriam a oportunidade de fazer em suas vidas diárias. Dentro os muitos simuladores de gêneros diversos, um deles conquistou uma quantidade generosa de fãs ao permitir criar e gerenciar uma cidade inteira e, pondo a prova seus pitacos sobre como a cidade onde mora poderia ser melhor. Estamos falando de SimCity, uma série que nasceu em 1989 e rapidamente ganhou versões para diversas plataformas, incluindo computadores da época e consoles, um sucesso que botou o nome de William Ralph “Will” Wright como um dos melhores Gamer Design na história dos jogos eletrônicos. SimCity 4 (2003), já sem Will no processo de desenvolvimento, vem para tentar manter o alto nível da franquia e mesmo sem inovar conseguiu presentear aos jogadores um belo simulador de cidades, que continua firme e forte até os dias atuais.

Pegando alguns poderes de Deus emprestados

Um dos passos mais característicos da série é a escolha de uma região e a ferramenta para construção do terreno, no caso de SimCity 4 denominada “modo Deus”. Nesta versão do jogo, é possível escolher uma grande região para começar a construir, quase como um continente só que bem menor, sendo que já há algumas regiões prontas, algumas inclusive possuem pequenas cidades. É possível também criar novas regiões, com o terreno base de Terra ou Água. Passado esse primeiro passo e carregada à região é onde começa a diversão de muitos, que é moldar o lugar a seu gosto.

O terreno total da região é divido em vários quadrados e retângulos, que são as áreas para criar sua cidade e cada área é totalmente personalizável no que diz respeito ao terreno em si, podendo criar montanhas, rios, lagos, deformações no terreno, nivelar, florestas e diferentes tipos de fauna. Há também a divertida ferramenta de desastres naturais que volta com algumas opções bem divertidas, passando dos clássicos incêndios e óvnis a alguns menos conhecidos da galera vulcões e relâmpagos.

Temos ainda muitas outras ferramentas para explorar no modo Deus e para auxiliar os jogadores tudo está com legendas em português do Brasil, desde os menus, descrições de prédios e ferramentas, garantindo a qualquer pessoa o fácil entendimento de todas as funcionalidades que SimCity 4 oferece, sem o empecilho ou a necessidade de ter um dicionário de inglês logo ao lado.

Sentindo na pele a pressão do povo

Passando a questão do terreno chegamos à parte que interessa, iniciar uma cidade e fazê-la prosperar como as maiores cidades do mundo, sejam elas uma grande metrópole como São Paulo e Nova York ou um paraíso tropical como o arquipélago Fernando de Noronha ou o Caribe de San Andrés y Providencia, na Colômbia.

Aqui também não há muitas surpresas para os veteranos do game da Maxis, com as ferramentas de “trabalho” bem tradicionais, desde as clássicas “Ferramentas de Zoneamento”, que se dividem em Residencial, Comercial e Industrial, cada qual com seus diferentes níveis, que permitem construções mais ricas e elaboradas a zoneamentos mais favoráveis a classe média e baixa.

Aliás, um ponto positivo do jogo é apresentar tudo que o jogador precisa para iniciar e gerenciar sua cidade com poucos cliques, já que é muito fácil alcançar os menus que guardam todos os tipos de construções que precisamos, desde as construções de recursos básicos como água, energia e saneamento básico, passando a outras construções que envolvem a área de saúde, segurança, ensino e tudo mais.

Construir a cidade também ficou mais prático, já que, por exemplo, os zoneamentos não necessitam mais criar ruas para acesso entre os blocos mais no centro, uma vez que o jogo faz isso automaticamente, criando vias de transito local para facilitar a vida do jogador. Outra ferramenta bem vinda também é a “Zonear Novamente”, que permite ao jogador demolir somente as zonas antigas sem destruir as demais construções que não pertencem ao zoneamento em questão, como escolas, hospitais entre outros.

Ao que parece, tudo indica que a palavra chave da Maxis em SimCity 4 foi facilitar ao máximo a vida do jogador, já que o game conta com muitos menus que exibem gráficos e informações valiosas para orientar os aspirantes a prefeito, além dos ministros, cada qual representando uma área distintas e fornecendo informações e dicas, como por exemplo, a necessidade da população em determinada área ou prédios que precisam ser demolidos e reconstruídos, só para citar alguma das centenas de dicas que serão apresentadas ao jogador.

Se você adquirir a versão SimCity 4 Deluxe Edition, disponível na Steam e outros serviços de distribuição digital, ganhará ainda mais conteúdo para gerenciar a cidade, que além da adição de novos prédios e construções, permite ao jogador trabalhar melhor na questão do tráfego em suas ruas e avenidas, com muitos menus que trazem informações essenciais como o fluxo do tráfego, por exemplo.Há também bastantes opções de transportes públicos para aliviar a questão do trânsito, problema que se tornará comum à medida que sua cidade cresce e será preciso usá-los com sabedoria, já que muitos deles são caros, como os monotrilhos e metrôs.

Outro ponto bacana é que conforme for crescendo suas cidades e região, algumas novas construções serão oferecidas, como construir estádios de futebol, bases militares e aeroportos, sempre dando ao jogador a opção, o que é bacana, já que ninguém gostaria de ter uma base militar em uma cidade paradisíaca a beira do oceano.

Porém, nem tudo são flores e SimCity 4 peca em um único fundamento que é tentar passar ao jogador ao extremo a real sensação de ter o controle de uma cidade em mãos, mesmo com as várias ferramentas e dicas para ajudar. Não é que a simulação seja um problema, mas ela traz alguns empecilhos bem incômodos que não eram vistos nos jogos anteriores da franquia, como o gerenciamento das taxas e impostos. É possível, por exemplo, definir a quantidade de professores em cada escola para adequar-se a atual população de sua cidade, ou até mesmo definir o número de médicos por pacientes além da área de cobertura, com mais ou menos ambulâncias, algo bacana de início, mas que a longo prazo começa a realmente irritar.

O motivo da irritação é que terá momentos – muitos momentos – que o jogador será obrigado a parar de construir ou melhorar sua cidade para apenas ficar regulando essas taxas e impostos, que são em grande quantidade e em muitas áreas, sem contar que dificilmente você conseguirá agradar a todos, sempre tendo alguma parcela da população incomodada com algo, ou até mesmo ministros que ficam brigando entre si e cobrando do novato e inexperiente prefeito atitudes imediatas com o risco inclusive de alguns ministros sabotarem o trabalho alheio, como o Ministro do Meio Ambiente que volte e meia desliga as bombas de água da cidade por não se adequarem a sua política de “cidade limpa”.

É realmente muito irritante ficar perdendo tempo para regular essas taxas e ainda ter que lidar com ministros que em dados momentos mais atrapalham que ajudam sem contar que nem todos possuem aptidão para lidar com tantas taxas, o que pode resultar em uma situação onde a cidade fique estagnada, sem dinheiro para novos investimentos trazendo como consequência a mesmice durante um bom tempo ou até mesmo a falência da cidade. Para uma franquia que tem maior foco na construção das cidades em si, esse aspecto de SimCity 4 é um grande ponto negativo para o game da Maxis, mesmo que a ideia fosse aprofundar a simulação.

Tutorial e enorme comunidade On-line

Para aliviar o estresse de ter de trabalhar com as milhares de taxas e impostos e auxiliar os iniciantes a prefeito, SimCity 4 possuí um excelente tutorial, que passa desde a tarefas que ensinam a usar o modo Deus a outras etapas que conduzem o jogador a trabalhar com todas as ferramentas que o jogo proporciona, além de trabalhar em algumas situações comuns, como por exemplo evitar o fracasso de uma cidade há soluções práticas para aliviar o trânsito das cidades.

Além dos tutoriais, SimCity 4 possuí uma enorme comunidade On-line com uma quantidade absurda de material, fruto de 10 anos de atividade. É possível achar milhares de dicas e tutoriais para o jogo, cidades prontas e desafios, com jogadores experientes criando cidades com diversos problemas para que a comunidade tente resolver. A Maxis soube usar com muita inteligência a criatividade dos jogadores ao possibilitar que todo conteúdo desenvolvido por outros possa ser facilmente portado para seu jogo, colocando em cheque a péssima ideia da EA em exigir conexão permanente para desfrutar do novo SimCity.

Cidades bonitas e vivas

SimCity 4 é muito bonito para sua época, conseguindo produzir cidades vivas e com muito movimento. Em poucos minutos de jogo, é possível ver brotar casas e prédios, guindastes para levantar novas construções, várias pessoas andando pelas ruas e muitos veículos amontoados por suas ruas e avenidas. Os prédios e construções são bem variados e vivos, com alguns possuindo enfeites animados, como placas publicitárias que ficam girando, algo muito bacana de ver.

Outro fator bacana é a possibilidade de mudar a arquitetura da cidade com uma ferramenta que muda o estilo dos prédios e casas durante períodos de tempo definidos pelo jogador – por exemplo, é possível definir que a arquitetura dos prédios mude a cada cinco anos. Uma adição bacana também é a possibilidade de acompanhar a vida de alguns Sims, desde suas idas para o trabalho e atividades diárias, o que proporciona ainda mais vida a sua cidade.

Os gráficos também estão muito competentes, com modelagens muito bem feitas e texturas em alta resolução, garantindo um visual bonito e agradável às cidades. A câmera continua com perspectiva isométrica, porém é possível mudar o ângulo, girando a câmera em posições já pré-definidas para auxiliar na hora de construir ou gerenciar determinados pontos da cidade. Há muitos efeitos bacanas, como de fogos de artifícios ou o amontoados de pessoas quando fazem greves, com gritos pedindo melhorias e placas de protestos.

O trânsito também é bem representado, inclusive os acidentes que podem provocar incêndios e engarrafamentos enormes, algo bem legal de ver (mas muito difícil de resolver). Os desastres, como dito acima, estão de volta e continuam bem divertidos, já que não tem preço soltar um robô gigante para espalhar caos e destruição em suas cidades, além de contarem com belos efeitos.

A parte sonora mantém o bom nível, com representações sonoras típicas que se espera de uma cidade, com buzinas de carros durante as horas de transito intenso, máquinas das indústrias em funcionamento entre muitos outros. Tudo isso é acompanhadas das já tradicionais trilhas sonoras da franquia, que apesar de não serem grandes composições conseguem agradar por casarem bem com o estilo de jogo de SimCity.

 

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