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Sly Cooper: Thieves in Time

Com três games, o último lançado no longínquo ano de 2005, para Playstation 2, a franquia Sly Cooper parecia mais uma série de “mascotes” fadada ao eterno esquecimento. Isso até o ano de 2011. Na E3 desse ano foi realizado o anuncio de mais um game Sly Cooper, agora para a plataforma Playstation 3.

Lançado em 2013, Sly Cooper: Thieves in Time não foi desenvolvido pela mesma equipe dos games anteriores, entretanto felizmente isso não influenciou em absolutamente nada na qualidade do game, que manteve o nível de diversão da franquia.

A Sanzaru Games, que já havia trabalhado com a franquia na remasterização em HD dos games anteriores, mostrou que entendeu do que se tratava um game Sly Cooper e não decepcionou com Thieves in Time. Sobre o quão bom o game é, isso será analisado a seguir.

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Thieves in Time é sequência direta de Honor Among Thieves. O game começa apresentando Sly Cooper ainda fingindo estar sem memória e não ser mais um ladrão, durante um feliz passeio a Paris com sua namorada, a inspetora Carmelita Montoya Fox.

Durante esse passeio Bentley entra em contato com Sly informando-o que algo estranho estava acontecendo com o “Thievius Raccoonus“, livro que conta a história dos antepassados Cooper. Os dados históricos ali contados estavam se apagando.

Bentley informa a Sly que o que deveria estar ocorrendo é que alguém está mudando a história dos Cooper e que para impedir isso teriam de viajar no tempo e que, convenientemente, tinha uma máquina do tempo construída. Para funcionar, a máquina precisaria de um artigo do período para o qual se gostaria de viajar e de uma van, assim como a que o terceiro dos amigos, Murray, possuía.

Sly vai até uma amostra de arte em Paris e rouba um objeto que daria acesso ao Japão Feudal, lar de um de seus ancestrais mais proeminentes. Infelizmente, foi pego no flagra por Carmelita, que prometeu leva-lo para atrás das grades.

Mais do que depressa, Sly, Bentley e Murray fogem de Carmelita e iniciam sua aventura temporal. Primeira parada: Japão Feudal.

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Assim se inicia a história do game, que a partir desse ponto não vai muito além do que se espera: a visita por alguns pontos distintos da história (cinco para ser exato), a descoberta de quem é o grande vilão e de seus motivos para agir e o embate final entre herói e antagonista.

Apesar a obviedade com o qual o enredo se desenrola, o grande charme aqui é o bom humor cartunesco e a agradável e marcante personalidade dos personagens principais apresentados. É impossível não se sentir cativado a prosseguir a jogar somente para saber qual será a próxima situação divertida, ou mesmo o próximo momento da história a se visitar.

Em cada momento histórico se encontra um novo vilão situacional e um novo descendente de Sly. As missões, em suma, se baseiam em conseguir identificar quem é o vilão que está coordenando tudo, derrotar o vilão momentâneo (o do específico momento histórico) e contar com a ajuda do Cooper local para tal.

O relacionamento entre Sly, Bentley e Murray é apaixonante. Para quem não conhece os games antigos da série, ficará claro o quão amigos são esses três personagens. Para quem conhece os games anteriores, fica a alegria de ter a certeza de que o clima de amizade e companheirismo entre os protagonistas continua inabalado. Por certo uma das maiores forças do game.

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O gameplay se baseia principalmente nas missões em que se controla Sly, mais focadas em um leve e divertido Stealth do que em francas batalhas. Apesar disso, Murray e Bentley possuem missões próprias, cada qual com suas habilidades particulares. Até mesmo os descendentes de Sly e Carmelita, que eventualmente entra na trama, possuem seus momentos.

Cada período histórico apresenta um considerável ambiente aberto para exploração, coleta de colecionáveis e afins. Não é nenhum sandbox, mas garante mais saudáveis horas de diversão após o fim da campanha principal.

É possível adquirir novas habilidades para os integrantes de sua equipe. Para tal é necessário compra-las. Para a compra são utilizadas moedas adquiridas ao se roubar dinheiro dos inimigos e também ao se coletar os tesouros espalhados nos cenários.

O momento em que o jogo se foca em batalhas são nos chefes. Normalmente as lutas envolvem secções de plataforma em que é necessário se desviar das investidas do inimigo até que esse exponha seu ponto fraco e seja suscetível ao ataque. No geral as batalhas são criativas, com a infeliz exceção da batalha final, que é absolutamente anticlimática, não passando de repetidos QTEs.

Os controles são responsivos e intuitivos. Mesmo que cada personagem jogável possua suas particularidades, o mapeamento de botões das atividades comuns a todos é natural e não há estranhamentos ao se mudar de um personagem para o outro.

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Algo que incomoda é o quão o elenco é mal aproveitado. É compreensível que Sly possua a maior parte das missões, afinal de contas o jogo carrega o seu nome, entretanto mais de 80% do jogo se baseia em missões dele. Todo o restante dos personagens tem de dividir o restante dos aproximadamente 20% de jogo e ainda assim isso não ficou bem equilibrado. Carmelita é renegada a quase nada no que cerne a gameplay.

Além das missões regulares o game proporciona vários mini games, muitos deles integrados à continuidade da história. Os principais são os hakeamentos de portas computadorizadas e afins, realizados por Bentley. No geral são curtos, simplórios e divertidos, quebrando muito bem o comum do gameplay.

Apesar disso, por algum motivo um dos mini games de hakeamento se baseia em sixaxis e todos nós sabemos o quanto qualquer coisa que inclua o sixaxis é ruim.

O visual do game é muito competente. Design de personagens inspirados e criativos, cenários variados e amplos, tudo cheio de detalhes e cores vivas. Tecnicamente e artisticamente a Sanzaru Games mandou muito bem. Pelo menos na versão de Playstation 3.

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A versão de PSVita é claramente mais simples, possuindo menos detalhes e alguns problemas de performance, apesar de o todo do jogo estar lá e de os controles responderem tão bem na versão do portátil como o fazem na versão do console de mesa.

O sistema de Cross Save funciona perfeitamente. Com ele é possível continuar o seu jogo exatamente do ponto em que parou no Playstation 3, no PSVita. Ou vice-versa. Uma vez que a compra digital de Sly Cooper garante ao jogador ambas as versões, nada mais útil do que o Cross Save.

O game possui completa localização para o nosso idioma, com óbvio destaque para a dublagem, que apesar de ser um grande facilitador para que todos possam aproveitar ao máximo do storytelling, é instável. Existem momentos em que a dublagem é impecável, enquanto em outros é sem emoção e com uma terrível sincronia labial.

A trilha sonora de Thieves in Time infelizmente é absolutamente mediana. Um game com tanta personalidade merecia uma trilha sonora a altura. Acredite, não haverá uma música sequer que ficará em sua memória depois de termina-lo.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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