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Solbrain: Knight of Darkness

Sabe aquele tipo de jogo genérico, mal-acabado, cheio de partes “clonadas” de outros games, que usualmente vemos disponibilizados gratuitamente para celulares ou então sendo vendidos na Steam (porquê desde o Steam Greenlight basicamente qualquer porcaria consegue ser vendida na plataforma)? Pois então, é exatamente desse tipo de lixo que Solbrain: Knight of Darkness se trata. O que espanta aqui é que esse é um game para Playstation 4, sendo vendido a mais de R$40,00 na PSN Store. Como isso aconteceu?!

Solbrain: Knight of Darkness foi produzido pelo estúdio indie Lighting Game Studios. Possivelmente vocês possam conhecer o estúdio já que ele possui um número considerável de jogos lançados para celulares, inclusive alguns da “franquia” Soulbrain. Alguns de seus jogos foram lançados também para os portáteis da Sony, via o atualmente extinto Playstation Mobile.

Disponível para Playstation 4 e PC, Solbrain: Knight of Darkness é um compilado de todos os problemas que um game pode possuir, amarrados às práticas nefastas que desenvolvedores de fundo de quintal para games de celular se utilizam para criação de seus produtos.

Em resumo, o game possui a pretensão de ser um hack´n slash de arena. Ao longo dos cenários disponíveis, ondas de inimigos são liberadas e é necessário matar a quantidade solicitada para passar de fase. A questão aqui é que nada funciona a contento.

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O visual do game é um verdadeiro show de horrores. Modelos poligonais de inimigos ridiculamente simplórios, repetitivos e genéricos. Os cenários são pequenos, limitados por paredes invisíveis e absolutamente sem vida. O personagem principal é um compilado de elementos “emprestados” de outros jogos e possuem os mesmos problemas visuais apontados nos inimigos, ou seja: é um modelo poligonal horrível e genérico.

Qualquer lugar da tela em que se olhe é infestado de texturas de baixíssima resolução. É claro que bugs e gliches visuais ocorrem de maneira frequente. Aliás, tão frequentes que fica parecendo que tais problemas estavam no planejamento do game desde sua concepção. E tome personagens atravessando cenários e outros personagens, polígonos e texturas desaparecendo e reaparecendo sem motivo aparente, inimigos andando no ar, e por aí vai.

O gameplay é tão mal desenvolvido quanto o visual. Não existe detecção de colisão aparente quando se ataca ou se é atacado, o que faz com que o impacto dessas ações seja nula. Ora, a animação de ataque sequer impede que o personagem continue a caminhar pelo cenário. Mesmo sendo possível realizar um ataque físico simples e se utilizar de alguns ataques mágicos, a animação que o personagem principal faz é o mesmo, com a adição de algum elemento mal-acabado junto ao ataque.

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Não há equilíbrio na suposta mecânica de combate. É possível eliminar inimigos com um golpe, bem como é possível que um inimigo te mate com dois. Como não há detecção de colisão no jogo, é possível receber ataques sem sequer ter ciência disso.

Esqueça trilha sonora, esqueça trabalho de dublagem, esqueça história ou propósito para o qual jogar. Na verdade, se conheceu esse jogo, é melhor que o esqueça se puder.

Pior do que o quão ruim Solbrain: Knight of Darkness o é enquanto game, é perceber que a equipe de produção descaradamente se utilizou de propriedades intelectuais de outros games para a criação dessa porcaria. Se isso é algo comum (não devia) em games free de celular, não pode jamais ser admitido em um game pago a ser lançado em consoles.

Bastam cinco minutos de pesquisa sobre esse game para se deparar com seu trailer de lançamento, que se utiliza da trilha sonora de Ori and the Blind Forest. O escudo que o personagem principal se utiliza é basicamente idêntico ao DragonsScale, um dos escudos de The Elder Scrolls V: Skyrim (imagem abaixo). O design geral do personagem principal é basicamente um ripoff de um char de Tera Online (imagem abaixo).

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Ora, as artes que o jogo apresenta, o que inclui a arte do ícone principal, são tiradas diretamente do Deviantart. Uma delas inclusive, a imagem do “game over”, não somente veio diretamente do Deviantart, como é de um personagem do anime Black Rock Shooter.

Como algo assim conseguiu ser distribuído na PSN Store? Eu realmente entendo que “isso” esteja disponível na Steam graças ao infame Steam Greenlight, mas como a Sony permitiu que algo absolutamente sem criatividade e originalidade, sem qualidade nenhuma, fizesse parte de sua store?

Talvez a única pergunta maior do que as realizadas no parágrafo acima seja: como pode a Lighting Game Studios achar que esse lixo vale o dinheiro de algum gamer?

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Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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