Análises

Sonic Adventure 2

Sonic Adventure 2 foi lançado em 2001 para o saudoso Dreamcast e marca o fim de uma era: foi o último título do herói em um console da SEGA, assim como foi o primeiro vindo para comemorar o aniversário do mascote. Em pouco tempo, se tornou um dos mais amados e populares de toda a série, conquistou a façanha de estar entre os 10 games mais vendidos da franquia, é o jogo terceirizado mais vendido do Nintendo GameCube, e seu relançamento para mídias digitais em 2012 ficou diversas semanas entre os mais vendidos na Xbox Live, na PSN e Steam, além de continuar recebendo enorme aprovação popular. Não a toa, a maioria dos fãs pelo mundo pedem o tão sonhado Sonic Adventure 3 para a SEGA há anos. Mas qual o segredo de tanta popularidade?

É verdade que para um jogo de plataforma ser bom, ele não precisa de muita coisa além de uma boa jogabilidade e um level design bacana. Mas para o jogo ser épico, é necessário muito mais: gráficos de ponta, história bem escrita, trilha sonora memorável, personagens carismáticos, variedade, longevidade, inovação, replay e ter todos os pontos muito bem trabalhados. E é exatamente este o caso de Sonic Adventure 2!

VISUAL

Atualmente um pouco datados, afinal já são quase 15 anos de seu lançamento, os gráficos para a época impressionam e colocam o Dreamcast no limite da capacidade, sendo superados apenas por Shenmue no mesmo console.

A Sonic Team decidiu não reutilizar a mesma engine do primeiro Sonic Adventure, visando extrair de modo mais eficiente a capacidade do Dream. O resultado? Cenários com visuais incomparavelmente mais ricos; taxa poligonal dos personagens maior, mais quadros de animação para todos eles; arte que aposta no realismo para dar melhor efeito visual no mundo 3D; luz e sombra mais sofisticado e por aí vai. Impressiona mais ainda que o jogo roda fixo nos 60 frames por segundo, diferente do primeiro que rodava a 30, dando maior fluidez a jogatina.

Além disso, a equipe japonesa o desenvolveu nos Estados Unidos, e se inspirou no local em que estavam para produzirem as fases. City Escape é uma homenagem direta a São Francisco, Radical Highway homenageia a Golden Gate, e fases como a Mission Street também tiram inspirações da cidade. De quebra, os dois minigames de kart são nomeados como Rota 101 e Rota 280, sendo que ambas existem na realidade. Mesmo assim, fases como Pyramid Cave, Final Rush e Crazy Gadget exploram temas mais surreais, sendo que esta última é praticamente uma versão tridimensional da Death Egg de Sonic 3 e Knuckles.

O detalhe que afasta o visual da nota 10 é a movimentação dos personagens durante as cenas. Mesmo para a época, eles são artificiais e desengonçados, sendo um ponto que deveria ter sido melhor trabalhado para alcançar a nota máxima.

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GAMEPLAY

Outro ponto forte do jogo, a equipe de desenvolvimento pegou todos os elementos que foram mais populares e elogiados no primeiro título e potencializou ao máximo para dar foco no que um bom jogo do mascote deve ser. Os mundos abertos do primeiro Adventure saem de cena, e agora entra o sistema de fases seguidas, se aproximando dos títulos do Mega Drive.

Além disso, são três gameplays divididos em duas equipes: a dos heróis, que conta com o trio clássico Sonic, Tails e o Knuckles; e os vilões, que te dá a oportunidade de jogar com o Dr.Eggman pela primeira vez, e com os (até então) novatos Shadow e Rouge. As fases do Sonic e do Shadow são as tradicionais de velocidade e plataforma, e você correrá por loopings, destruirá inimigos, pulará e desviará de obstáculos.

As do Tails e do Dr.Eggman são as fases de tiro, sendo que o vilão utiliza seu tradicional EggMobile para se locomover, enquanto o menino-raposa usa uma versão modificada de seu avião Tornado, batizado de Ciclone. Nelas, você também percorrerá do ponto A ao ponto B, e também pulará em plataforma e desvio de obstáculos, mas o diferencial é que você destrói inimigos atirando neles após mirar com um laser infra-vermelho.

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Por fim, as do Knuckles e da Rouge são as de exploração, sendo claramente inspiradas no universo 3D do Mario Bros. Enquanto nos jogos do bigodudo você coleta estrelas, nos do Sonic você coleta fragmentos da Esmeralda Mestre, e para isso conta com um radar que apita cada vez mais rápido quanto mais próximo estiver do pedaço. Ouvindo as críticas quanto a facilidade das fases de exploração no primeiro jogo, a Sonic Team optou pelo radar apitar numa ordem seguida, e também desenvolveu cenários maiores, enriquecendo a experiência. No entanto, caso você ache um fragmento da esmeralda fora da ordem colocada pelo jogo e num tempo curto, você receberá alta pontuação.

De quebra, todas as fases contam com itens que melhoram as habilidades dos personagens, além de fazerem parte da vestimenta deles, podendo ser bracelete, óculos, etc. Alguns são obrigatórios, outros não, e isto acrescenta valores de exploração. As habilidades vão desde dar a habilidade “LightSpeed Dash” para o azulão percorrer uma trilha de anéis; dar ar infinito nas águas para o Knuckles e para a Rouge; destruir caixas de metal e tornar o ataque mais eficiente do Tails e do Eggman; e por aí vai. O interessante é que itens pegos posteriormente abrem novas possibilidades para fases anteriores, dando a chance de explorar lugares anteriormente inacessíveis e descobrir novas rotas.

Já o level design das fases onde o objetivo é “chegar ao final” são mais lineares comparado aos jogos anteriores, visando manter o ritmo frenético da aventura. A Sonic Team caprichou ao máximo em colocar os inimigos bem posicionados, obstáculos e buracos idem, e raramente levam a danos ou mortes injustas. Entre os poucos casos em que isso acontece, está a Radical Highway do Shadow, em um momento em que as vezes você leva dano de foguetes sem saber como; e a Mission Street do Tails em que uma plataforma cai do céu e te leva a perder anéis de modo injusto, mas são casos isolados.

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Também impressiona a riqueza de material proporcionado por este título: multiplayer vasto (em especial na versão Battle) contando com diversos personagens e as jogabilidades do modo single player; Chao Garden que são uma espécie de “tamagotchis” do mundo Sonic; Minigames de Kart com diversos níveis de dificuldade; além de que cada fase possui quatro missões alternativas.

No entanto, vale considerar que se por um lado os três gameplays dão variedade e deixa evidente que os desenvolvedores quiseram atingir diversos tipos de jogadores, a diferença no que cada um propõe acaba sendo motivo de debate.  Mesmo os três sendo inquestionavelmente bem produzidos, a maioria dos jogadores concordam que as fases tradicionais do Sonic e do Shadow são as melhores partes, enquanto as do Knuckles e da Rouge são as menos populares. No entanto, o consenso é de que todas as jogabilidades divertem a seu modo.

Além disso, alguns pontos afastam o gameplay da nota 10. O maior problema é a câmera que volta e meia pega ângulos ruins e necessita do ajuste pelo controle do jogador, ou então andar alguns passos para ela voltar ao normal. Isso não chega a atrapalhar a experiência como um todo, mas pode incomodar em alguns momentos e até levar a mortes injustas. Também há bugs onde o personagem atravessa a parede e o chão, ou então o homing attack (o pulo teleguiado), que as vezes persegue um inimigo não planejado. Esses pontos não chegam nem perto de “arranhar” o brilho desta produção, mas infelizmente acaba descontando da nota final.

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ORIGINALIDADE

Se a nível de gameplay o jogo não explora a originalidade, procurando potencializar os pontos que mais fizeram sucesso na primeira investida tridimensional, o mesmo não se pode dizer da trama. Apostando numa direção completamente nova, o diretor Takashi Iizuka quis que o título fosse o mais maduro da série ate então, com um clima mais sombrio, mas sem deixar de ser para todas as idades.

Para inovarem, a equipe de desenvolvimento criou os personagens Shadow e a Rouge justamente para se adequarem ao tom mais dramático e profundo da trama. O ouriço negro é a forma de vida suprema criada pelo avô do Dr.Eggman, o professor Gerald Robotnik, e este possui sentimento de vingança devido a acontecimentos de 50 anos atrás. Já a Rouge é uma espiã do governo que se alia aos vilões, porém suas reais intenções ficam ambíguas ao longo da história, assim como há uma possibilidade de sentimentos dela perante o Knuckles, que muitos acreditam ser correspondido.

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O interessante é que estas inclusões enriquecem o universo da série, mas não descaracterizam o que o mascote é feito para ser, já que o núcleo continua sendo “Dr.Eggman quer dominar o mundo, e o Sonic deverá impedí-lo”, contando também com a coleta das Esmeraldas do Caos, que possuem papel fundamental na trama.

Vale lembrar que mesmo a trama possuindo algum nível de complexidade, ela é bastante simples de entender a qualquer jogador, e é contada de forma “leve”. Ou seja, aqueles que querem só ter uma visão “básica” da história entenderão com facilidade, porém quem quiser  se aprofundar em todos os detalhes, terá um vasto material para explorar.

TRILHA SONORA

Considerada por muitos uma das melhores de toda a série, a trilha sonora de Sonic Adventure 2 foi idealizada para combinar com o personagem em questão, e não com a fase em que ele está, se diferenciando da grande maioria dos jogos. As fases do Sonic possuem trilha sonora em rock; as do Tails são pop/rock; Knuckles são em rap; Shadow são em techno; Dr.Eggman são eletrônicas e a Rouge são em pop com vocais femininos.

Mesmo procurando combinar com o personagem, as faixas também combinam com as fases, resultando em uma trilha variada, e todas as composições, sem exceção, são memoráveis. Destaque para o tema do jogo, Live and Learn, considerado por muitos uma das melhores músicas da série.  No entanto, vale lembrar que há algumas cenas em que o áudio da música fica mais alto que o da dublagem.

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REPLAY

Sem dúvidas um dos pontos mais fortes do jogo. Além do modo história, cada fase conta com quatro missões alternativas, também há um rank que avalia seu desempenho ao longo da fase, sendo que a nota “A” é a melhor, e a “E”, a pior. Muitos jogarão as fases repetidas vezes para conseguirem o tão sonhado “Rank A” na fase.

E como dito anteriormente, novos powerups encontrados ao longo do jogo permitem novas possibilidades em fases anteriores; há o modo multiplayer; chao garden para cuidar dos pequenos chao e fazer ele participar de competições; minigames de kart e uma modalidade para derrotar todos os chefes do jogo seguidamente. Coisas para fazer é o que não falta em Sonic Adventure 2, e caso queira completar tudo que ele tem a oferecer, é possível que seu save fique com mais de 100 horas gravadas.

 

 

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