Análises

Sonic the Hedgehog 4: Episode I

– Sonic volta às suas origens 2D em grande estilo –

Sonic, o famoso ouriço supersônico azul e símbolo mor da Sega, há tempos vem se arrastando com jogos medianos, para todos os tipos de consoles e portáteis. Verdade seja dita, nenhum conseguiu alcançar o mesmo status e carisma dos jogos clássicos para o Mega Drive (apesar de Sonic Unleashed não ser tão ruim não… tirando a parte do lobinho).

Estrelando na indústria dos games em 1991 com Sonic The Hedgehog, o personagem alcançou merecidamente a fama mundial, com um game primoroso que conquistou milhares de fãs. A Sega repetiu a fórmula de sucesso com Sonic 2, passando então para o terceiro game e finalizando a saga da era 16 Bits com o revolucionário Sonic & Knuckles, em 1994. Em apenas três anos de existência, o personagem chegou a ameaçar o império da toda poderosa Nintendo e rivalizar com o um dos maiores ídolos da indústria de games: Super Mario.

Apenas nisso já é possível ter uma ideia de como o personagem era popular naquela época, bem diferente do que estamos vendo nesses últimos anos. Depois de tantos jogos tão duramente criticados e muita choradeira dos fãs, a Sega resolveu voltar no tempo e buscar a “fórmula mágica” do sucesso dos 16 Bits, e assim nasceu Sonic the Hedgehog 4: Episode I, uma sequência direta dos clássicos 16 Bits.

Então, fãs do Sonic, podem respirar tranquilamente. A Sega acertou desta vez, e nos presenteou com um game que resgata todos os elementos clássicos que fizeram do ouriço um ícone dos games. Você já leu aqui nossa análise do jogo para celulares, agora confira para as versões consoles.

A grande marca dos jogos Sonic no Mega Drive era sua jogabilidade de ação/plataforma que encantou vários jogadores mundo afora, virando uma sensação na época. E é justamente isso que a Sega pretende com Sonic 4, trazer de volta aquela jogabilidade 2D com visuais 3D, agradando assim jogadores mais novos e ao mesmo tempo, trazendo nostalgia aos velhos fãs, que há tempos pediam pela volta de Sonic às suas origens.


O game será dividido em capítulos que serão distribuídos digitalmente, pela PSN, XBL e WiiWare. A Sega já adiantou que o primeiro capítulo é apenas um prólogo de uma “grande trama que deixará os fãs de queixo caído”. Quantos serão, ainda é uma dúvida. Esperamos que muitos.

O enredo mostra eventos que acontecem logo após Sonic & Knuckles. Com a destruição da Death Egg e a Angel Island retornando aos céus, Sonic decide que é hora de tirar uma folga. Depois de se despedir de Tails e Knuckles, ele parte para explorar novos territórios sozinho. Entretanto, seu arqui-inimigo Dr. Eggman (ou Robotnik, como preferirem) sobreviveu à última batalha e recria suas melhores invenções – com melhorias é claro – para derrotar Sonic. Apesar de cronologicamente ser o quarto jogo da série, não esperem ver Tails ou Knuckles pelo jogo, aqui é apenas Sonic e Eggman.


Sonic 4 é parte remake e parte sequência, isso porque as suas cinco curtas fases, cada uma dividida em três atos mais uma com a luta do chefe (menos a última fase, que é apenas a estação espacial em que ocorre a última batalha de Sonic e Dr Eggman no jogo). Os cenários de Sonic 4 recriam fases dos jogos clássicos, em especial Sonic 1 e 2, que os jogadores das antigas reconhecerão na hora. Claro que há elementos e mecânicas novos nos cenários que dão um ar de novidade.

A fase mais interessante é a Lost Labyrinth (inspirada na Labyrinth Zone de Sonic 1) em que nosso amigo ouriço deve carregar uma tocha para iluminar áreas próximas a ele, e encontrar a saída dentro das cavernas escuras. Você pode detonar dinamites para abrir caminhos obstruídos, andar em cima de grandes rochas e abrir caminho com elas ou ainda dar uma voltinha em um carrinho de mineração.


A fase Casino Street, inspirada nas clássicas Casino Night Zone e Carnival Night Zone, de Sonic 2 e 3 respectivamente, possui cartas, que as passar por elas e virarem, podem garantir alguns bônus. Todas as fases possuem algum tipo de peculiaridade nova que se adaptaram bem ao estilo nostálgico do game.

Os gráficos e visuais possuem um trabalho artístico que remete de imediato aos games clássicos, mas melhorados de forma a ficarem compatíveis com a tecnologia atual, em algo bem semelhante visto em New Super Mario Bros. Wii. A Sega fez um excelente trabalho na parte visual, apresentando cenários bem trabalhados, cheios de detalhes e animações pitorescas e simpáticas, além de um bom uso das cores e de efeitos de luz e sombras. O design das fases também estão bem elaboradas, com plataformas, molas, espinhos, passagens secretas, loopings, atalhos e tudo mais que você pode imaginar de um bom jogo de plataforma de Sonic. Apenas correr não adianta, obstáculos e inimigos aparecem o tempo todo, incentivando o fator exploração. É claro que há partes em que Sonic pode por em prática suas habilidades atléticas e correr muito rápido, mas não é possível passar a fase inteira fazendo isso, especialmente nas últimas.


A mecânica do jogo mudou um pouco. Não se preocupem, Sonic continua correndo velozmente, e os bônus como supervelocidade, escudo bolha e invencibilidade temporária estão de volta, e funcionam exatamente como deveriam. A principal diferença está no sistema Homing Attack, movimento conhecido das versões 3D, em que aparece uma mira nos inimigos (ou itens e chefes) e basta apertar o botão durante um pulo para Sonic voar como um míssil nos alvos marcados. Apesar de bem prático e deixar o jogo mais dinâmico, esse movimento acaba facilitando os desafios, especialmente nas batalhas contra os chefões. Esse sistema também serve para alcançar novas áreas nas fases e caminhos alternativos.

Se você, como eu, jogou os quatro games do Mega Drive, certamente achará Sonic 4 bastante fácil. Em comparação aos jogos antigos, este game é bastante fácil, com apenas alguns desafios moderados, com exceção da última batalha na estação espacial de Eggman, com um desafio bastante elevado (pode esperar morrer várias vezes).


Depois que você passa pela fase inicial Splash Hill, há a opção de acessar qualquer fase do jogo, incluindo as fases bônus. Mas para quem jogar as fases na ordem correta e coletar todas as sete Chaos Esmeralds ganha uma surpresa especial no final do game.

Os estágios especiais estão de volta, mais uma vez acessados quando se coleta o mínimo de 50 argolas a atravessando o “argolão” no final da fase. Assim como no primeiro jogo da série, Sonic deve navegar por um labirinto flutuante para procurar as esmeraldas.


A trilha sonora, sempre um ponto de destaque dos jogos clássicos de Sonic, provavelmente é o elemento de menos brilho em Sonic 4. As composições, apesar de possuírem um tom decente e agradável, que remetem aos temas antigos, estão longe de apresentar o mesmo carisma e composições inesquecíveis da era 16 Bits, que até hoje estão presentes na mente das pessoas que jogaram anos atrás, como o tema do chefão, que em Sonic 4 está bem sem graça. Escute aqui o tema da primeira fase de Sonic 4 e compare aqui com as músicas de Sonic 1 para Mega Drive, para sentir a diferença nas composições. Antes tivessem feito remix das músicas clássicas. Ao menos os efeitos sonoros são os mesmo sons clássicos, que você já deve estar acostumado de ouvir ao longo desses anos e que se encaixam perfeitamente com a ação do jogo.

Algo que pode incomodar alguns jogadores é o sistema de inércia do jogo, que contraria as leis da física, ainda mais para quem está habituado com os games antigos. Sonic demora para desenvolver velocidade, coisa que antes só um toque no direcional já fazia o personagem atravessar a tela. O spin dash, o movimento de bola no chão, simplesmente perde velocidade drasticamente quando em um salto, ou simplesmente pára, mesmo em uma descida, o que pode ser frustrante (isso quando não se perde dezenas de argolas quando em um salto Sonic sai do spin dash para cair bem em cima de um inimigo). Faltou a Sega fazer uns ajustes na jogabilidade, o que pode deixar muitos jogadores frustrados.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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