Análises

Splatterhouse

– Clássico dos 16 bits ganha versão atualizada –

“Splatterhouse” nasceu em 1988, pegando carona no sucesso de filmes trash de terror como “Sexta-Feira 13” (que na época estava em seu auge). O filme também inspirou o visual do protagonista do jogo, que vestia trapos, usava como armas facões e machados e no rosto uma máscara de hockey, assim como Jason Voorhees da famosa franquia cinematográfica.

O game apostava no uso de extrema violência e sangue jorrando na tela, coisa que não era tão comum na época, mas acabou agradando e ganhou mais duas sequências, que ficaram populares em suas versões para Mega Drive.

Splatterhouse  original para fliperamas

Esquecida por vários anos, a Namco Bandai resolveu ressuscitar a série, lançando uma reedição do jogo para a atual geração, combinando a pancadaria e ação de jogos 3D, com ambientes sangrentos e assustadores.

Do jogo original, o novo “Splatterhouse” herdou a história , com algumas alterações e devidamente ampliada (com a ajuda do escritor de quadrinhos Gordon Rennie, de “Necronauts” e “Juiz Dredd”). Já a mecânica e o visual de Rick, o personagem principal, assemelham-se mais ao “Splatterhouse 3” do Mega Drive, com o herói todo musculoso, mais parecendo o Hulk dos quadrinhos da editora Marvel e com a máscara com um aspecto de caveira.

Pinte as paredes de vermelho

Ao iniciar o jogo, poucas informações são fornecidas. Rick acorda em uma poça de sangue dentro de uma mansão, em seus últimos momentos de vida. Ao lado está a Máscara do Terror, que conversa com Rick em sua mente, dizendo que sua amada foi raptada pelo Doutor West, mas que ela não precisa morrer. Ele pode salvá-la, e pode curar os seus ferimentos, para isso só precisa vestir a máscara. Ao vesti-la, o franzino Rick transforma-se em um ser musculoso e poderoso e a máscara está sempre em contato telepático com Rick, orientando-o na jornada sangrenta para salvar a amada Jennifer.

Como eles foram parar na mansão? Quem é o Doutor West e essa misteriosa máscara? Por que Jennifer foi raptada? Essas e outras questões serão respondidas no decorrer da aventura, uma boa forma de manter o interesse do jogador em descobrir o que realmente aconteceu, pouco a pouco, mesmo para aqueles que já conhecem os games antigos.

Uma horda de criaturas e monstros tentam impedir Rick, que agora pode impiedosamente massacrar e retalhar qualquer ser que apareça em sua frente. E nisso se resume a mecânica do jogo: bater, espancar e estraçalhar qualquer coisa que se mova na tela. Rick possui uma bom arsenal de golpes e combos, sendo que novos ataques podem ser adquiridos com a coleta de sangue dos adversários, o que ajuda a manter a mecânica com um ar renovado e quebrar um pouco a repetitividade.

Quando os inimigos estão prestes a morrer, Rick pode executar algumas finalizações e ataques especiais brutais através dos Quick Time Events (QTE, partes em que se deve apertar determinados botões no momento certo). O título possui uma boa quantidade de animações diferentes para os QTE, mas eventualmente acabam se tornando enjoativos. Esses golpes também servem para recarregar uma barra de energia especial, que quando usada transforma Rick em uma besta ainda mais poderosa e com golpes especiais.

Durante a exploração, que não se limita apenas no interior da macabra mansão, pode-se encontrar algumas armas, como porretes, facões e serras elétricas, que podem ser bem úteis contra grupos com um grande número de inimigos. Inclusive, é possível desmembrar inimigos e usar partes de seus corpos como armas, ou até mesmo os braços de Rick, quando arrancados, podem ser utilizados como eficientes porretes. Mas não se preocupe: quando amputado, um outro braço cresce no lugar, graças aos poderes da máscara.

Em alguma ocasiões, a perspectiva 3D se altera para um visual lateral típico dos três games originais em 2D, com vários elementos de plataforma e trajetos lineares. São fases curtas, sem designs memoráveis ou complexos, mas servem como um bom elemento para dar uma quebrada no ritmo e ação em 3D. O jogo como um todo não é muito complexo, e os trajetos a serem seguidos são bem lineares e óbvios.

Em termos de apresentação o título atende bem às expectativas, com gráficos e visuais que podem não primar por um alto nível de detalhes, mas são bem macabros, sujos e recheados de sangue por toda a parte (inclusive pelo corpo de Rick – que por vezes brilha de modo estranho, como se fosse uma estátua), captando a essência do game. Certamente um dos jogos mais sangrentos do ano. Apesar de não contar com uma grande variedade, os inimigos são compostos por criatura demoníacas, algumas com designs interessantes.

Um efeito visual bacana acontece quando Rick perde muita energia e seu corpo começa a degenerar, com carne e ossos expostos. O título possui alguns chefes mais elaborados, como a boneca que se transforma em uma criatura gigante e o assassino da serra elétrica, presente no jogo original.

A trilha sonora é recheada de músicas do gênero thrash e black metal de bandas como Five Finger Death Punk, The Haunted, Lamb of God e a presença da música “Must Kill”, da Cavalera Conspiracy, banda formada pelos irmãos Iggor e Max Cavalera, ex-integrantes do Sepultura. As dublagens estão satisfatórias, destaque para a voz da Máscara do Terror, que conversa com Rick o tempo todo, sempre com cometários sarcásticos e divertidos.

Como bônus, o jogo possui um modo de sobrevivência e alguns itens como fotos sensuais de Jennifer (que aparece inclusive na Playboy norte-americana na seção de games do mês de dezembro) e os três games originais que podem ser desbloqueados para serem jogados.

Confira aqui outras análises de jogos da série Splatterhouse:

. Splatterhouse 2 – Mega Drive

. Splatterhouse 3 – Mega Drive

 

* Texto originalmente publicado no UOL Jogos

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!