Análises

Star Ocean: The First Departure

Restrito somente ao mercado japonês, o primeiro Star Ocean sofreu do preconceito existente na época contra os RPGs orientais, que ainda não haviam alcançado o sucesso estrondoso que possuem hoje no ocidente. Primeiro projeto produzido pela recém fundada tri-Ace, o jogo possuía grandes semelhanças com Tales of Phantasia da Namco, como batalhas aleatórias que se desenrolavam em tempo real e vozes digitalizadas, algo difícil de acontecer no limitado hardware do Super Nintendo.

Mesmo sem um lançamento oficial, o jogo acabou se tornando bastante conhecido, principalmente devido ao lançamento do segundo jogo da série, The Second Story, para o primeiro Playstation. Aproveitando da popularidade recente do gênero, a Enix considerou o momento oportuno para lançar alguns de seus títulos fora do Japão, na tentativa de expandir seu reino para outros mercados.

O bom desempenho de The Second Story (370 mil cópias fora do Japão) e da sequência Till The End of Time (630 mil cópias vendidas fora do Japão) prepararam o terreno para que o primeiro jogo da série recebesse um remake de luxo, apresentando aos fãs ocidentais a história que deu origem a tudo.

A história

The First Departure segue a história de Roddick Ferrance, um jovem Fellpool morador da pacífica cidade de Kratus, no planeta Roak. Responsável pelo patrulhamento e segurança da cidade junto com seus amigos Millie Chliette e Dorne Murtough, um dia os heróis se veem forçados a encarar o surgimento de uma misteriosa doença, que em poucas horas transforma todos os infectados em pedra – e o pior, a forma de transmissão se dá pelo toque.

Durante a investigação, surgem dois feixes de luz transportando os terráqueos Ronyx J. Kenny e Ilia Sylvestri, que explicam que a doença foi enviada ao planeta por uma raça em guerra com a Federação da Terra. Porém, eles se mostram incapazes de explicar o porquê de um ataque num planeta sub-desenvolvido como Roak. Maiores investigações mostram que o vírus tem origem no demônio Asmodeus, morto 300 anos antes do início da doença.

A contaminação sofrida por Dorne convence os heróis da necessidade imediata de uma cura, forçando Ronyx a arriscar sua carreira militar e partir para o misterioso Planeta Styx. Lá os heróis utilizam do Time Gate para voltar 300 anos no passado de Roak, na tentativa de recolher uma amostra de sangue de Asmodeus, única esperança na produção de uma vacina contra a doença que se espalhava pelo planeta.

O sistema de jogo

Quem já teve algum contato com o segundo jogo da série não terá nenhuma dificuldade em se adaptar ao sistema de First Departure. Como na maioria dos RPGs clássicos, a perspectiva dos mapas é área, vendo seus personagens de cima. As batalhas ocorrem dentro de labirintos e no mapa que liga as diversas cidades de forma aleatória, com as ações acontecendo em tempo real. Nelas, você tem o controle de um personagem pré-determinado, enquanto a IA é responsável pelas ações dos demais personagens. A qualquer momento é possível alterar o personagem que se controla, ou pausar o jogo para selecionar algum item ou magia específico que se deseje utilizar.

Talvez o principal motivo que torne as batalhas tão viciantes, além de sua simplicidade, é o sistema de habilidades presente no jogo. A cada novo nível se ganham pontos que podem ser utilizados nas mais diversas opções, seja aprimorando o poder de ataque, defesa ou magia dos personagens, o que acaba facilitando as batalhas seguintes. Porém, o real destaque fica para o elaborado sistema de criação de itens.

Cada um dos personagens recrutados para o grupo possui talentos próprios que, se bem utilizados, contribuem para a obtenção rápida de equipamentos poderosos, não encontrados facilmente em nenhum outro lugar do jogo. Seja utilizando da habilidade de cozinhar para conseguir itens que curam toda a energia do grupo, ou na criação de jóias que tornam os personagens imunes a ataques elementais, pode-se perder horas só explorando essa parte do jogo, e quem se dedicar de verdade a explorar esse sistema não saíra decepcionado.

Passagem do tempo bastante evidente

Por se tratar de um remake, a sensação que fica ao jogar Star Ocean: The First Departure é de que o jogo é um tanto quanto datado. Isso fica evidente desde a presença do protagonista inocente e com aspirações heróicas, com seu cabelo espetado e orelhas pontudas, até no primeiro nome dos personagens, apresentados todos somente com letras maiúsculas, algo típico dos RPGs orientais da década de 90.

Mas se fica esse sentimento, porque se dar ao trabalho de acompanhar o jogo? Bom, o primeiro motivo é entender direito muitas das situações e citações presentes no segundo jogo da série. O já mencionado sistema de batalhas e habilidades também é responsável pelo vício causado, pois recompensa o jogador de forma que este procura sempre aprimorar cada personagem, com o objetivo de conseguir resultados cada vez melhores.

Por fim, a própria simplicidade do enredo, que, assim como a série Dragon Quest, não tenta inventar crises existências para seus personagens nem reviravoltas operísticas. É claro, First Departure tem sua carga de filosofia de boteco e referências sci-fi que irão fazer a alegria de fãs de Star Trek e Guerra nas Estrelas, mas nada que incomode ou deixe alienados aqueles que não querem se aprofundar nessas informações.

Enfim, o jogo se apresenta como algo cada vez mais raro entre os RPGs atuais: um produto que procura acima de tudo ser divertido e acessível, sem forçar o jogador a enfrentar horas de cenas de animações ou passar horas lendo textos que tentam aprofundar a experiência, mas que acabam se tornando algo enfadonho (sim Xenosaga, estou me referindo a você).

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