Análises

Star Ocean: The Last Hope International

– uma aventura épica espacial –

A série de RPG Star Ocean nasceu em 1996 para o Super Nintendo japonês, com um cartucho com incríveis 48mb de memória. O jogo era realmente sensacional e marcou a estreia da companhia Tri-Ace, também conhecida pela série Valkyrie Profile e o RPG Infinite Undiscovery.

A Tri-Ace tem uma história curiosa, que remete para os anos 80 na forma da companhia Wolf Team, ( hoje mais conhecida como Namco Tales Studio, responsável pela franquia Tales Of ) uma subsidiária da Telenet, famosa nos anos 80 e 90 por vários games de sucesso como a série Valis The Fantasm Soldier, Gaiares, Arcus Odyssey, El Viento, Earnest Evans, Sol Feace, Road Avenger, Time Gal para o Mega Drive e Sega CD. Em 1995 ex-empregados da Telenet/WolfTeam saíram das empresas e fizeram o primeiro Tales of Phantasia, também para o Super Famicom. Porém houve desavenças entre as equipes de criação, e três deles caíram fora e criam a Tri-Ace, enquanto outra parte formou o estúdio Namco Tales, e ainda sobrou um rabo que crio o estúdio Tri-Crescendo, que fez o game Eternal Sonata. Complicado não? Os estúdios da Telenet/WolfTeam eram um dos mais criativos nos 80/90, não é a toa deu origens a tantas outras empresas. Uma pena que ela não existe mais.

Mas voltando ao Star Ocean, ele fez muito sucesso com sua história scifi, gráficos arrebatadores e trilha sonora incrível, com uma quantidade absurda (para a época) de vozes digitalizadas. Assim tivemos uma sequência para PlayStation em 1998 e um terceiro capítulo para PlayStation 2, lançado em 2003. Isso sem contar os remakes e versões para portáteis.

Então em 2009 chega o quarto jogo da franquia, Star Ocean: The Last Hope, inicialmente exclusivo para o Xbox 360, o que foi uma surpresa, já que o jogo sempre foi relacionado com a marca PlayStation. Como jogos exclusivos estão se tornando raros, depois de um ano nos consoles da Microsoft, o game chega para o PlayStation 3, com o nome de Star Ocean: The Last Hope International, com algumas mudanças exclusivas e áudio em inglês e japonês.

Em Star Ocean 4 o que temos na verdade é um prequel, com uma história que se passa antes dos acontecimentos do jogo original para Super Nintendo. As duas versões, para X360 e PS3, são praticamente idênticas, com algumas mudanças para o PS3 como a possiblidade de mudar os menus e avatares para um estilo mais anime e de se poder ouvir o audio original em japonês.

Se você está sentindo falta de RPGs tipicamente orientais em seu PS3 (o que sejamos sinceros, anda meio devagar) com as fórmulas e mecânicas já consagradas do gênero, e por outro lado cheio de clichês para os veteranos de RPG, como o uso de espadas, magias, comandar um grupo de adolescentes e um veterano  “fod**” contra um terrível mal, um personagem com poderes misteriosos que ainda não compreende  com um nome ridículo (Edge Maverick), entre outras coisas. Se você gosta disso tudo e quer dar um tempo aos RPGs ocidentais, Star Ocean: The Last Hope International é um jogo épico, complexo e que merece boa dedicação.

Comande sua nave espacial pelas galáxias

Basicamente, a história possui um forte teor scifi, que irá mostar os pirmeiros passos da humanidade no espaço, depois da Terceira Guerra Mundial, que devastou o planeta Terra, tornando-o um lugar inabitável. Para você que é fã de ficção cientifica isso não apresenta nenhuma grande novidade, é até bem parecida com a história da série Star Trek. O ano é 2087 e a raça humana sobrevivente precisa encontrar no espaço um novo lar. Você será apresentando ao personagem principal do game, o jovem Edge Maverick e sua (bela) amiga Reimi, em sua primeira missão oficial de exploração galática.

O iníco do game se desenrola de maneira lenta e as primeiras horas do jogo você passará vendo belas, porém muito longas e cansativas CGs e lendo introdução de personagens e elementos da história, sem grandes emoções. Após um tempo a narrativa vai ganhar um certo ritmo mais atraente que irá prender a atenção dos jogadores.

O jogo possui personagens centrais que são simpáticos e carismáticos e que ao longo da aventura vão ficando mais profundos e apaixonantes, passando por uma série de aventuras, bons e maus bocados e algumas reviravoltas emocionantes, girando em torno de temas como a amizade e responsabilidade. Mas em uma visão geral, são personagens estereotipados com traços de animes, aparência andrógina, cabelos arrepiados e coloridos, menininhas com aparência frágil com peitões e por aí vai. Nada que já não tenha sido visto em outros jogos de RPG. Claro que não há nenhum problema nisso e vai agradar aos fãs do gênero, mas só não esperem encontrar grandes inovações ou originalidade.

Graficamente é uma produção caprichada da Tri-Ace, mas que não apresenta melhorias significativas em relação à versão do Xbox 360. Os cenários são bonitos e bem feitos, gráficos detalhados e coloridos e texturas bem construidas, mas nada inovadores que vá arrancar suspiros. Novamente temos aquela sensação de dejavu, especialmente no design dos personagens, que possuem um estilo muito genérico com aparência infantil, faltando aquela pitada de inspiração pra fazer a diferença, especialmente nas expressões facias, que estão meio apáticas. Porém os efeitos de luz e cores são sensacionais e fazem o jogo literalmente brilhar na tela e o design de algumas criaturas e monstros possuem um visual incrível. As CGs são belíssimas, de se encher os olhos com eventos grandiosos e visuais chapantes. O único problema é que são muito longas, em média com mais de 30  minutos, com diálogos repetitivos e monótonos que podem cansar o jogador e quebra o ritmo de ação.


A jogabilidade e o sistema de batalhas são um dos pontos altos do jogo. Elas são em tempo real e são rápidas, fluídas e divertidas, mantendo o desejo do jogador por mais batalhas, um fator muito importante em um jogo de RPG. Você pode ver os inimigos no próprio mapa de exploração e assim evitar as batalhas se desejar. Nos combates você controla um personagem de um grupo com quatro pessoas, podendo alternar quando quiser, enquanto os outros serão controlados pela AI do computador, com padrões de comportamento que você pode escolher. Claro que o rendimento do AI não é nenhuma maravilha, mas quebra o galho enquanto você aumenta o nível de experiência dos personagens, o que melhora a atuação deles.

Você pode usar golpes simples, especiais, combos magias e itens para atacar seus inimigos. Há algumas técnicas especiais interessantes que dão um toque especial ao game, o principal é o Blindside, um contra-ataque no ponto fraco do inimigo efetuado quando se aperta uma sequência de botões, com direito a uma câmera cinematográfica lenta. Também temos o Rush Mode para ataques especiais e a Bonus Board que concede várias bonificações diferentes, como aumento na experiência, por exemplo. Você também pode usar magias devastadoras, sempre apresentados por belas animações. Como não poderia faltar, você ganha pontos de experiência e pode personalizar os seus personagens através dos “Beats”, que se dividem em três categorias – ofensivo, defensivo e neutro. Você pode desenvolver novas técnicas e ainda criar itens, armas e acessórios.

Há vários labirintos gigantescos recheados de itens, então para quem gosta do fator exploração vai ter muito o que fazer por aqui e pode ganhar boas recompensas. Os labirintos apesar de longos, não são muito difíceis e contam com um bom sistema de mapas para orientação. Há muitas atrações secundárias e sidequests, como coleta de troféus de batalha, colheita e mineração pelos cenários, construção de itens e missões alternativas diferentes, assim como como chefes e labirintos extras para os jogadores mais exigentes. O jogo é atraente para os novatos, que podem percorrer a missão principal entre 40 e 50 horas e oferece divertimento para os jogadores hardcore, que se realizarem o máximo que o game oferece, podem elevar para 80 ou 100 horas de jogo.

A trilha sonora é assinado pelo conceituado Motoi Sakuraba, veterano na composição de músicas para jogos de RPG. Como sempre fez um belo trabalho, com temas de adrenalina para os combates, músicas mais tensas e sombrias nos labirintos e até composições no estilo scifi, para dar aquele clima para as suas viagens espaciais. Os efeitos sonoros estão bons, bem variados, mas em compensação temos uma dublagem americana sofrível, não passando emoção e várias vezes não se encaixando com a movimentação das bocas dos personagens. Felizmente há a opção de se escolher o áudio em japonês, coisa que não era possível na versão para Xbox 360 e legendas de vários países (nada de português). Você pode até desligar as vozes durante os combates, caso enjoe de ouvi-las repetidas vezes e só queiras curtir a música de batalha.

Take command – choose your path – forge your destiny

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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